Olá, meu nome é "Lim Jung-Bin", está é uma foto minha:
eu sou Norte Coreano, tenho 15 anos e atualmente moro na Coreia do Sul, não tenho nenhum amigo, muitos dizem que sou muito inteligente mas não me acho tudo isso e essa história ocorreu quando eu tinha 12 anos.
A noite era muito fria e silenciosa, exceto pelo som do vento cortante que soprava através de poucas árvores, eu sentia o peso da escuridão no meu redor. Eu olhei para meus pais, com seus rostos marcados pela tristeza, preocupação e medo, mas, eu era novo demais para perceber isso. Nós estávamos prestes a atrevessar o rio, um rio que dividia a Coreia do Norte e China, era inverno e o rio estava congelado, então era muito mais fácil para fugir, estávamos prestes a cruzar o rio congelado que nos iria libertar.
"Vamos, SungJoon! Precisamos ir agora!" Minha mãe me disse, puxando-me com firmeza enquanto meu pai olhava nervosamente para trás em todos os momentos. Meu coração batia forte e só faltava sair pela boca de tanto medo que eu tinha de ser pego, eu sempre me perguntei "por que as pessoas do outro lado do rio, eles tem luzes e nós não?" cada batida parecia um tambor no meu ouvido, eu não sabia de nada, apenas sabia que Coreia do "Sul", Estados Unidos e Japão eram países inimigos, eu nem sabia onde ficavam eles mas eu apenas sabia disso. Eu sentia o gosto do medo na boca junto com o ar frio que preenchia cada espaço dos meus pulmões.
Eu não te contei, mas meu verdadeiro nome é "Hwangbo Sung-Joon".
Enquanto nós estávamos atravessando o rio, quase chegando do outro lado, meus pensamentos estavam em um conflito enorme. "e se nós fossemos pegos no caminho e nos matarmos? Até meus filhos e netos estarão condenados ou eles irão me matar!" Só se passava isso na minha cabeça. Eu sonhava com um futuro onde eu poderia ser finalmente livre, mas a realidade era crua e aterrorizante. As árvores à margem do rio pareciam sussurrar segredos de esperança e desespero ao mesmo tempo.
De repente, um som estrondoso e enorme cortou o silêncio ensurdecedor do lugar — Disparos ecoeram atrás de nós. O pânico tomou conta de todos nós. "Corram! Não olhem para trás!" Meu pai falou enquanto tentava proteger minha mãe. Eu corri até o outro lado em segurança mas não evitei olhar pra trás e essa foi com certeza a pior decisão que eu poderia tomar em todas as minhas vidas, o tempo parecendo que parou naquele momento, meus pais ensopados de sangue tentando se arrastar com militares vindo em nossa direção, eu sabia que eles iriam vir atrás de mim também, então eu só peguei minha bolsa e corri, eu corri o mais rápido possível, eu estava com medo e triste.
Desesperado e sozinho, continuei correndo, já parecia que iria amanhecer, eu sabia que todos estavam atrás de mim, se me eles me acharem, eles iriam me prender e todas as minhas gerações futuras irão sofrer por conta de meus atos ou iriam me matar, eu estava arrependido mas não iria voltar atrás. O frio parecia entrar até meus ossos, eu era muito magro, mas a adrenalina me forçava a continuar andando ou correndo com os poucos suprimentos que eu tinha na bolsa, eu estava um pouco determinado e ansioso para continuar meu caminho, eu sabia para onde ir, e eu iria para a Mongólia.
Eu havia passado a noite em uma cabana que eu achei no meio da floresta, eu não liguei pra nada, eu estava muito abalado e com sono, eu só entrei lá, me escondi e chorei até dormir e estranhamente eu tinha sonhado que eu estava na escola e eu tinha que pegar alguns pacotes e minha bolsa para fugir até a Coreia do Sul, eu me lembro nitidamente de tudo mas antes de fugir eu acordei.
Naquela mesma noite enquanto corria pela floresta escura, as lágrimas escorriam pelo meu rosto congelado e magro. Eu me perguntava se ainda havia esperança para mim no mundo cruel que deixava para trás. Após horas vagando na escuridão, encontrei uma pequena cabana abandonada, coberta de neve. Com um misto de alívio e apreensão, entrei e me escondi atrás de uma pilha de lenha.
Dentro da cabana, eu tentei aquecer minhas mãos tremulas perto de uma pequena fogueira que consegui acender com alguns gravetos secos, foi difícil, eu estava realmente muito fraco. Enquanto as chamas dançavam, recordei de momentos com meus pais – Minha mãe era uma mulher boa e doce, meu pai um homem honesto e de palavras, eu lembrava da única vez que viajamos para Pyeongyang para ver um grupo chamado "Ledeu Belbet" e duas músicas chamadas "ppalgan mas" e "Bad Boy" com "quatro" membros ao vivo, eu era pequeno então não me recordo dos rostos delas mas lembro muito bem das músicas, nós ficamos sabendo pela TV de tubo que tínhamos, não sei como conseguimos aquela viagem, uma pena que nunca mais vi aquelas mulheres ou ouvi aquelas músicas, mas elas continuam frescas na minha mente. A dor da perda me envolveu como um manto pesado.
Na manhã seguinte, decidido a seguir em frente, eu saí da cabana e continuei minha jornada, eu tinha um pequeno mapa comigo. Ao longo do caminho, eu encontrei outros fugitivos que também buscavam escapar da opressão da Coreia do Norte. Um velho que disse ser pescador e fazendeiro que havia perdido sua família nas águas geladas do mar, me ofereceu comida e abrigo por uma noite antes de partirmos juntos em direção à Mongólia. E junto dele também estavam algumas mulheres que pareciam estar na faixa dos 20-35 anos e alguns outros homens que pareciam ter entre 27-39 anos.
Eu aprendi sobre coragem e amizade durante essa jornada difícil. Com cada novo encontro – uma mulher que me deu roupas quentes e um grupo de jovens que compartilhavam suas histórias – eu percebi que não estava sozinho no mundo vasto e perigoso.
A cada passo em direção à liberdade, Jungbin não apenas fugia da dor; ele também buscava construir um futuro onde poderia honrar a memória dos seus pais, lutando por sua própria vida.
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Adolescente Desocupado | Yorchbin (Yorch & Jungbin)
Fanfiction"Um romance e drama interessante e trágico entre um nerd refugiado norte coreano tentando viver na S.Korea e um Tailandês disfarçado de coreano que não tem boa relação com o pai e é um preguiçoso."