Era uma manhã clara e ensolarada quando Jungbin acordou na casa da família Lim. Os raios de sol filtravam-se pelas cortinas, criando um ambiente acolhedor, mas ele sentia um peso no peito. A nova casa era espaçosa e cheia de vida, com risadas e brincadeiras de seus novos irmãos ecoando pelos corredores. No entanto, a saudade de seus pais biológicos ainda o acompanhava como uma sombra que não se afastava.Após algumas semanas vivendo com os Lim, Jungbin estava começando a se acostumar com a rotina da nova família. Eles eram gentis e amorosos, mas a dor da perda ainda era intensa. Na verdade, ele nunca teve as experiências que contava; sua vida no interior da Coreia do Sul era apenas uma construção fictícia, uma maneira de se proteger e se adaptar ao seu novo lar. As lembranças que ele compartilhava eram na verdade fragmentos de sua vivência durante a fuga pela China e Mongólia, um tempo cheio de dificuldades e solidão. Naquela manhã, durante o café da manhã, a mãe Lim anunciou com entusiasmo: "Jungbin, hoje é seu primeiro dia na escola nova! Estamos tão animados por você!" Seus irmãos pularam de alegria, mas Jungbin sentiu um frio na barriga. Ele queria se sentir aceito, mas o medo do desconhecido e a pressão de manter suas mentiras o paralisavam.
Quando chegou à escola, o coração de Jungbin batia descompassado. Ele ficou parado na entrada do prédio por um momento, observando os alunos que passavam correndo, rindo e conversando animadamente. Era um mundo novo e intimidador. Ao entrar na sala de aula, todos os olhares se voltaram para ele. Ele sentiu uma onda de nervosismo percorrer seu corpo. O professor pediu que Jungbin se apresentasse. Com as mãos um pouco trêmulas e a voz baixinha, ele disse: "Oi, eu sou Jungbin Lim. Vim do interior da Coreia." Ao ouvir seu sotaque carregado, alguns alunos começaram a rir discretamente entre si. O riso era sutil, mas para Jungbin soou como um eco ensurdecedor.
Ele sentiu seu rosto esquentar enquanto tentava esconder sua vergonha. "Desculpem," ele começou a explicar rapidamente, tentando manter a calma. "Eu venho de muito longe. Estou apenas me adaptando." As palavras saíam apressadas e ele notou que alguns alunos continuavam rindo. No fundo dele havia um medo profundo: o receio de que descobrissem sua verdadeira origem como norte-coreano. A aula prosseguiu e Jungbin tentou focar nas explicações do professor, mas sua mente estava em outro lugar. Aquela risada ecoando em sua cabeça o fazia sentir-se isolado em meio à multidão.
Durante o intervalo, decidiu se afastar um pouco do grupo e encontrou um canto tranquilo no pátio da escola. Enquanto observava os outros alunos brincando e conversando animadamente, uma garota se aproximou dele. Ela tinha cabelos ondulados e um sorriso amigável que parecia iluminar o ambiente. "Oi! Eu sou Park Suyoung!" ela disse com empolgação. "Eu também sou nova aqui! Se quiser, posso te mostrar onde ficam as coisas." Aquela simples oferta fez Jungbin sentir uma onda de alívio e esperança. Ele sorriu timidamente e aceitou a ajuda dela. Enquanto caminhavam juntos pelo pátio, Suyoung começou a fazer perguntas sobre sua vida anterior. "É muito diferente aqui," ele respondeu sinceramente enquanto sua mente corria para lembrar das histórias que tinha inventado sobre o interior da Coreia do Sul — histórias sobre festas tradicionais com danças folclóricas que nunca viveu ou aventuras em campos abertos que nunca conheceu. Na verdade, suas lembranças eram das noites frias sob as estrelas na Mongólia ou dos dias sombrios fugindo pela China. "Eu costumava ajudar minha avó a fazer kimchi," ele disse com um sorriso forçado, pensando rapidamente em como transformar suas memórias em algo mais palatável para Suyoung. "Era uma tradição muito importante para nós." Enquanto falava sobre isso, sentiu uma pontada de culpa por estar mentindo novamente. Suyoung ouviu atentamente e compartilhou suas próprias experiências de mudança: "Aqui é bem diferente do que eu imaginava também! Mas estou tentando me adaptar." As palavras dela foram como um bálsamo para Jungbin; ela parecia genuinamente interessada em conhecê-lo. Com o passar dos dias, Jungbin começou a fazer amizade com alguns alunos da classe e percebeu que as risadas iniciais não eram necessariamente maldosas; muitas vezes eram apenas curiosidade ou surpresa pela sua forma de falar. Com isso em mente, ele começou a abrir seu coração aos poucos. Ele compartilhou histórias engraçadas sobre sua vida no interior da Coreia do Sul — como as festas tradicionais em sua aldeia ou as aventuras que tinha com seus irmãos antes da mudança — mesmo sabendo que tudo isso era uma ficção criada para encobrir sua verdadeira história dolorosa. Embora ainda estivesse lutando contra os fantasmas do passado e o medo de ser descoberto como norte-coreano, Jungbin decidiu que não deixaria isso definir quem ele era ou como vivia sua nova vida com os Lim. Assim, aos poucos foi construindo laços de amizade na escola enquanto tentava encontrar um equilíbrio entre seu passado doloroso e suas novas experiências cheias de esperança.
Ele aprendeu que cada dia era uma nova oportunidade para ser visto não apenas como "o garoto diferente", mas como Lim Jungbin — alguém cheio de histórias para contar e ansioso por fazer parte daquela nova comunidade. No fundo do coração dele havia sempre aquela dúvida: até quando conseguiria manter as mentiras? Mas por ora, estava determinado a viver aquele momento ao máximo e buscar a aceitação que tanto desejava — mesmo que isso significasse viver em um mundo construído por ilusões temporárias até encontrar coragem suficiente para enfrentar sua verdadeira identidade.
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Adolescente Desocupado | Yorchbin (Yorch & Jungbin)
Fanfic"Um romance e drama interessante e trágico entre um nerd refugiado norte coreano tentando viver na S.Korea e um Tailandês disfarçado de coreano que não tem boa relação com o pai e é um preguiçoso."