Adolescente Desocupado | Yorchbin (Yorch & Jungbin)

"Interior da China e o Deserto de Gobi."

A luz do sol começava a se pôr quando Jungbin e seu grupo cruzaram a fronteira da China e Coreia do norte e indo em direção ao interior da China, em busca de ir até o deserto de Gobi e fugir para a capital da Mongólia, Ulaanbataar. Com o vasto deserto de Gobi se estendendo à sua frente como um mar dourado. O calor do dia dava lugar a uma brisa fresca, e ele sentiu uma mistura de empolgação e nervosismo. Era a primeira vez que ele viajava tão longe de casa, e a expectativa de chegar à embaixada sul-coreana na Mongólia o motivava a seguir em frente, apesar do cansaço.

Durante os primeiros dias de viagem, eles pararam em pequenas aldeias onde as pessoas eram acolhedoras. Em cada parada, Jungbin ficou maravilhado com as culturas diferentes que encontrou. Ele experimentou pratos típicos que nunca havia provado antes: bolinhos recheados, sopas picantes e até mesmo algumas iguarias exóticas que o deixaram intrigado. Cada refeição era acompanhada por histórias contadas por seus companheiros mais velhos, que faziam questão de compartilhar suas experiências de vida.

A cada parada, eles se reuniam em volta da fogueira, compartilhando histórias de terror que faziam o coração de Jungbin disparar. Um vídeo amaldiçoado que mata as pessoas uma semana depois de assistir, uma mulher só com a parte de cima do corpo, que rastejava e fazia um barulho de "Tek", um ônibus fantasma que ninguém sabia onde iria te levar, uma cidade perdida depois de atravessar um túnel etc. As sombras dançavam ao redor, e ele não conseguia deixar de sentir um frio na espinha.

Enquanto seus colegas fugitivos falavam de encontros sobrenaturais e lendas locais, Jungbin ouvia atentamente, mas também se sentia como um intruso. Com apenas doze anos, ele era praticamente uma criança entre aqueles sobreviventes mais experientes. A insegurança crescia dentro dele; ele sentia que não pertencia a aquele grupo destemido, sentia que não merecia nada daquilo.

Várias noites, enquanto estavam acampados sob um céu repleto de estrelas, o grupo decidia contar histórias de terror. A fogueira crepitava, iluminando os rostos animados dos viajantes. Jungbin escuta com atenção enquanto um dos mais velhos começou a narrar uma lenda local sobre um espírito que vagava pelo deserto, buscando almas perdidas. As descrições eram tão vívidas que ele podia imaginar os olhos brilhantes da criatura na escuridão.

Conforme as histórias se desenrolavam, Jungbin sentia seu coração acelerar. Ele queria participar, mas hesitava. Como o mais novo do grupo, sentia-se como uma criança em meio a adultos experientes e destemidos. "O que eu tenho a oferecer?" pensava. Ele se via como um fardo, alguém que ainda não conhecia o mundo como eles conheciam.

Mas à medida que os dias passavam e as histórias aumentavam em intensidade, algo dentro dele começou a mudar. No meio da narrativa de um colega de apenas alguns anos mais velho sobre um encontro assustador com fantasmas durante uma viagem anterior, Jungbin decidiu se abrir. Ele começou a contar sobre o medo que sentira ao deixar sua casa pela primeira vez, sobre as inseguranças que o acompanhavam e como ele sonhava em ser corajoso como aqueles ao seu redor.

Jungbin senta-se à beira da fogueira, as lágrimas escorrendo pelo seu rosto enquanto ele tenta encontrar as palavras certas. Ele olha para os amigos ao seu redor, que o observam com preocupação.

"Eu... eu não sei se consigo fazer isso. Às vezes, sinto que sou apenas uma criança perdida nesse deserto imenso. Olhando para vocês, eu só vejo pessoas fortes e corajosas, e me pergunto: por que estou aqui? O medo de morrer me acompanha a cada passo. É como se uma sombra estivesse sempre ao meu lado, e eu não consigo escapar.

Quando decidi sair de casa, pensei que poderia ser diferente, que poderia ser corajoso como vocês. Mas agora, sinto que fiz a escolha errada. Às vezes, me pergunto se deveria ter ficado. Se tivesse permanecido lá, talvez meus pais ainda estivessem vivos. Eu não consigo parar de pensar que foi culpa minha... Se não tivesse saído, talvez eles estivessem aqui agora."