"O engraçado sobre as sombras, é que mesmo quando você liga a luz, elas continuam lá."
A linha entre o amor e a obsessão é tão delicada quanto cristal, Kaname entendeu isso da melhor maneira.
Talvez ela nunca tivesse imaginado que estava obcecada se...
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Mandei uma mensagem para um dos meus subordinados para pedir uma limpeza no apartamento 1002 do edifício Bungnam no centro de Tokyo.
Peguei minha bolsa de trabalho e retirei os lenços umedecidos dali, molhei eles com um frasco de cloro que deixava em minha bolsa, passei nas partes do corpo onde havia respingado sangue, lavei bem o rosto na pia e refiz minha maquiagem, tirei o vestido respingado e coloquei outro branco, prendi o cabelo bem apertado e coloquei uma peruca loura.
Joguei a bolsa pela lixeira do quarto que iria dar no estacionamento, coloquei uma máscara e sai do quarto, fiz o check in na recepção e fui buscar o carro no estacionamento, curiosamente estacionado exatamente ao lado de onde caia o lixo dos quartos. Resgatei minha bolsa e saí do local, andei até um restaurante que tinha estacionamento interno sem câmeras, lá troquei a placa do carro rapidamente, tirei a peruca, coloquei uma ruiva e vesti uma calça e um casaco preto, lá dentro fiz um pedido de frango frito.
Somente aí fui até o verdadeiro apartamento onde estava hospedada.
Cheguei lá e deixei o pacote de frango no balcão, tirei toda aquela roupa e a peruca, soltando meu cabelo e andando pelo apartamento apenas de lingerie.
- Aí que cansativo... - Murmurei me jogando no sofá e ligando a televisão.
Uma série aleatória rodava ali enquanto eu comi um pouco de frango, peguei um cigarro depois e fui até a sacada fumar. Um dos meus telefones tocou enquanto eu observava as luzes de Tokyo. Era um lugar que eu não fazia questão de vir, a menos que fosse por um valor bem alto, como era o caso dessa última vítima.
Tokyo me lembrava de coisas que me deixavam ansiosa, lembranças que abriam um buraco no meu peito que eu nunca pude fechar totalmente, como uma ferida que você vive mexendo e ela nunca se cura.
- Mochi mochi - Atendo o celular.
- Tenho um novo trabalho pra você, anjo - Conhecia muito bem aquela voz, um dos meus melhores clientes, sempre me dava trabalhos complicados, mais longos, porém com valores muito mais altos.
- Estou ouvindo... - Solto a fumaça do cigarro.
- Tem uma criança mal-criada me dando trabalho... Eduque-o pra mim.
- Claro... Onde ele está para que eu possa dar umas aulinhas pra ele?
- Eis o problema... Ele é muito bom em se esconder, não sei seu nome nem como ele é, apenas posso dizer que está no comando de uma organização criminosa de Tokyo.
- Qual?
- Tenjiku.
Uma batida oca soa em meu peito.
Essa era uma palavra proibida pra mim. Mas já haviam se passado tantos anos... Obviamente ele nem deveria mais ser o Rei da Tenjiku. Provavelmente alguém havia assumido seu lugar e eu deveria sumir com essa pessoa e depois me afastar.
