Capítulo 01 - Parte Final

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 Pique-Pega

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 Pique-Pega

  Fosse chuva ou fosse sol, eu nunca faltei um dia de aula, a não ser as raras ocasiões onde me encontrava muito mal de saúde. Todavia, não se engane, eu detestava a metade das aulas em nossa grade escolar, mas o colégio era o meu refúgio. Além das brigas de meus pais e as situações complicadas demais para uma criança esconder, estavam os campos verdes e floridos do pátio, onde eu e meus amigos brincávamos até o entardecer.

  Pique e Pega era o meu jogo favorito, mas às vezes o evitava para poder ficar lendo mangá nas sombras de alguma cerejeira, e foi assim que passei muitos de meus dias no verão. Eu normalmente lia Shounen, mas também gostava de coisas mais loucas, como Gantz e Battle Royale.

  Por mais fã que eu fosse, jamais imaginei e desejei estar em uma situação tão parecida...

– Ei vovô chega dessa enrolação, precisamos sair logo daqui! – Gritou Akimaru, já se levantando da poltrona, inconformado.

  Após todos nós nos apresentarmos, o grupo em questão se reuniu e lentamente leu em voz alta tudo que estava escrito no tal Livro de Regras o qual falara conosco. Apesar do primeiro evento macabro, era um livro comum, ainda que estranho. Havia páginas totalmente em branco e algumas estavam rasgadas, deixando para trás pequenos trechos de aparentemente regras a seguirmos para ganhar este "jogo".

  O próprio livro descreve este lugar como um "prédio", então existiam muitos lugares que ainda não exploramos. Além disso, é mencionado que comida, remédios e armas estavam espalhados por todo o prédio, como uma forma de nos confundir de quem é o "impostor" e lhes dar uma chance de acabar conosco. Também é dito que estas armas serão úteis para os "visitantes", mas ninguém descobriu o significado por trás disso.

– Eu sou contra a ideia de sairmos daqui, senhor Akimaru – Respondeu Eugênio, sentado com os cotovelos sobre os joelhos, as mãos unidas em quietude – Se este lugar realmente for um jogo de vida ou morte, onde um impostor quer matar a nós todos sem que saibamos, é mais sensato ficarmos unidos.

  Todos permaneceram em silêncio. Eugênio apesar de bastante calmo e passivo, demonstrava ser um homem perspicaz, não à toa era vice diretor escolar. Como dito, se as armas estão espalhadas pelo prédio, tudo o que o impostor quer é se separar de nós e nos pegar um por um sem que saibamos. Se bem que...

– Mas e quanto a nossa alimentação? Precisamos de comida durante estes sete dias – completou Togashi, com uma expressão bastante séria.

– Podemos ficar todos juntos pra isso, não? – Questionou Miyu, olhando para mim e fazendo um gesto de "não, é mesmo?".

– Senhorita Miyu tem razão, nosso grupo deve permanecer unido, assim estaremos sempre seguros de uma traição e poderemos explorar o prédio em busca de recursos – Declaro o diretor, de forma confiante de que tudo ficaria bem.

  Akimaru deu de ombros, e começou a caminhar na direção da porta, fazendo cara feia e resmungando.

– AKIMARU NÃO DÊ NEM MAIS UM PASSO! – Gritou Togashi, tornando sua voz calma em um tom ameaçador e imponente, enquanto bate na mesa.

  O garoto para de caminhar, e olha por cima dos ombros, irritado.

– Que merda você quer? Já deixaram bem claro que um de vocês é a porra de um impostor quer vai nos matar, porque diabos eu deveria ficar perto? Pra ser a primeira vítima? Não obrigado – Reclamou Akimaru, olhando para todos nós com desconfiança – Nos chamar de grupo é hipocrisia, ninguém aqui está seguro.

  Togashi pegou o livro de regras e o empurrou na direção de Eugênio, o qual segurou rapidamente após captar suas intenções. Em uma das regras do livro, é mencionado que este livro é amaldiçoado, e se o nome de um dos participantes for escrito em suas páginas, esta pessoa morre. É como uma jogada de defesa para aqueles que não querem recorrer a violência direta.

– Estamos no mesmo barco aqui cara, não nos obrigue a fazer isso! – Suplicou Togashi, quase como se pudesse chorar, deixando as garotas em estado de pânico.

– Qual foi? Vocês vão me matar por não obedecer vocês?

– Não se trata disso imbecil! Se continuar agindo por você mesmo todos vão começar a desconfiar de você – Retrucou Marie, agarrando o braço de Akimaru e o tentando puxar. Ela não parecia se importar com ele, mas estava com muito medo – Só senta aí e fica com a gente, eu sei que você não é o impostor.

– Tsk!

  Com os ânimos à flor da pele, o rapaz voltou ao seu lugar e todos soltaram um suspiro de alívio. Esta situação tensa era apenas o início do que estava por vir, e de certa forma o garoto não estava errado. Mesmo que ficássemos juntos, isso não garantia a sobrevivência de todos, pois o impostor poderia matar um de nós e depois ser pego, de forma que todos voltariam com vida, menos a primeira vítima. Contudo, a sobrevivência do grupo como um todo era mais importante que apenas um indivíduo, o que assustava Akimaru que não queria pensar em mais ninguém, e isto era humano.

  Dei-me por mim que em todo este ocorrido, eu não soltei uma única palavra, eu não sabia o que dizer e só conseguia ficar acuado. Se bem que, ficar calado em um jogo de impostor poderia levantar suspeitas sobre mim mesmo, afinal o verdadeiro assassino sempre fica escondido no silêncio da multidão.

  Quando enfim resolvi dizer alguma coisa, um som aterrorizante rompeu nosso silêncio, ecoando por cada canto deste cômodo. Aquilo era um grito, apesar de soar como um gemido de agonia, era uma voz masculina e rouca, e não estava entre nós.

– V-Vocês ouviram isso...? – Deixei escapar de meus lábios, como em uma esquete de humor.

– Acho que todo mundo ouviu... – Debochou Marie, com um semblante de descrença.

  Togashi então se levantou, seguido de Eugênio e Miyu. O grupo se entreolhou, todos confirmando as intenções de cada, era como se já não pudéssemos confiar em mais ninguém.

– Todos juntos, não se atrevam a se separar. Vamos na direção do grito de socorro!

  Assim, a equipe se pôs a marchar, quase como uma fila indiana, de olhares atentos para não receber uma facada nas costas. De breves amigos, e novos inimigos. Por mais que eu adorasse pique e pega, havia uma modalidade onde eu era o pior de todos, o "pique impostor" como assim o chamávamos.

  Durante de sete dias, deveríamos sobreviver a todo custo, mesmo que para um de nós significasse matar a todos. E pelo olhar deles...

– O jogo já começou – Murmurei para mim mesmo.

– O jogo já começou – Murmurei para mim mesmo

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⏰ Última atualização: Nov 04 ⏰

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𝐍𝐢𝐠𝐡𝐭 𝐌𝐚𝐫𝐜𝐡𝐞𝐫𝐬Onde histórias criam vida. Descubra agora