𝙾 𝙴𝙽𝙲𝙾𝙽𝚃𝚁𝙾
___________________________________________Ao despertar naquela manhã, a primeira coisa que percebi foi a escassez dos suprimentos enlatados. Cada vez mais, sobreviver parecia um esforço insustentável, uma luta cansativa que me consumia.
Peguei minha mochila, ajustei-a nos ombros e saí da caverna. Andei pela floresta densa, vasculhando cada pedaço de solo e sombra em busca de algo que pudesse comer. Passei por algumas cidades abandonadas, procurando sinais de vida ou comida por quase duas horas, mas sem sucesso.
O calor era sufocante, tornando até o menor movimento um fardo. Meu corpo estava exausto e encharcado de suor. Amarro meu cabelo em um coque desajeitado e continuo andando, sem rumo, impulsionada pela fome.
No caminho, alguns infectados apareceram à distância, mas nada com que eu não soubesse lidar. Resolvi me afastar ainda mais, decidindo explorar a floresta do Oeste. Embora mais vasta e promissora para a caça, ela também era infestada de infectados. Não havia muita escolha: ou eu enfrentava os infectados, ou cedia à fome.
A caminhada foi longa e solitária, interrompida apenas pelo voo de borboletas ao meu redor e pelo zumbido das abelhas trabalhando nas colmeias. No caminho, encontrei algumas frutas silvestres e coletei o que pude. Ao chegar na floresta mais densa, avistei um grupo de coelhos e, em um raro momento de sorte, consegui abater quatro com meu arco e flecha. Guardei-os rapidamente, ansiosa pelo que seria minha primeira refeição decente em dias.
Avancei para o coração da mata, quando um som súbito me congelou no lugar. Passos rápidos e pesados ecoavam por entre as árvores, como se alguém estivesse fugindo. Meu coração disparou; imediatamente, me escondi atrás de uma árvore, respirando com dificuldade. Os passos aumentavam, cada vez mais próximos.
Espiei, com o coração acelerado. O que vi me deixou em choque.
Era um... menino?
Não parecia infectado, nem doente; era apenas... uma pessoa. Depois de dois anos sem ver ninguém, aquela visão parecia um milagre. Ele tinha cabelos loiros, pele clara brilhando de suor, e alguns fios colados na testa. A mochila em suas costas estava gasta e rasgada, como a minha. Seus olhos, um tom profundo de vermelho carmesim, se moviam em alerta, como se tentassem captar qualquer ameaça ao redor.
Antes que eu pudesse fazer algo, ouvi um grunhido ao longe. Um infectado estava próximo. Tanto ele quanto eu ficamos instantaneamente em alerta. Mas foi rápido demais. O infectado surgiu ao meu lado, e gritei em pânico, expondo minha presença sem querer. O loiro me olhou, surpreso e assustado.
Caí no chão com o infectado sobre mim, lutando para afastá-lo. Segurei seus braços, tentando evitar suas mordidas, mas ele era forte. De repente, um tiro ecoou e o infectado desabou morto ao meu lado. Ofegante, meu corpo ainda tremendo pela adrenalina, levantei o olhar e vi o loiro segurando uma arma, os olhos vermelhos fixos em mim. Nos encaramos por alguns segundos antes de ele guardar a arma, me observando com desconfiança.
Sua voz rouca rompeu o silêncio.
— Quem é você?
Ergui-me lentamente, mantendo uma distância segura, e o encarei. Tomei fôlego e respondi, tentando parecer firme.
— Hikari... Hikari Fujimoto.
Ele franziu o cenho, mas nada disse. Senti a necessidade de quebrar o silêncio.
— E você... é?
Ele revirou os olhos, visivelmente impaciente.
— Katsuki... Katsuki Bakugou.
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- 𝐓𝐡𝐞 𝐥𝐚𝐬𝐭 𝐰𝐢𝐭𝐡 𝐲𝐨𝐮 - ⁺¹⁶
RomanceEm meio ao caos de um mundo devastado por um vírus mortal, Hikari e Bakugou, dois adolescentes marcados pela perda, lutam para sobreviver. Ela, sozinha e determinada, e ele, junto a um pequeno grupo de amigos. Quando seus caminhos se cruzam, uma con...