Capítulo 9

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Freen Sarocha Point Of View.

O dia no hospital estava mais difícil do que o normal. Eu já sabia que as manhãs eram sempre corridas, mas hoje parecia que o trabalho estava se acumulando mais do que o habitual. O som das máquinas e o movimento frenético pelos corredores me lembravam de como a rotina na medicina nunca dava trégua, especialmente quando se tratava de urgências e pacientes críticos. Eu estava cansada, com os ombros tensos, e o peso das responsabilidades estava me atingindo com força. Mas eu sabia que não podia deixar Becky perceber o quanto isso estava me afetando.

Ela sempre foi tão cuidadosa comigo, atenta, como se ela estivesse sempre percebendo as menores mudanças no meu comportamento. Era uma das coisas que mais me encantava nela, mas também a razão pela qual eu tentava esconder meus próprios sentimentos, especialmente quando se tratava de algo relacionado ao meu trabalho. Becky sabia que eu amava o que fazia, mas eu também sabia que ela ficaria preocupada se soubesse o quanto o trabalho estava me sobrecarregando ultimamente.

Eu respirava fundo enquanto ajustava minha bata e pegava mais uma ficha de paciente. A sensação de que algo estava fora de lugar persistia. A pressão para ser impecável era algo que eu tentava controlar todos os dias, mas com a crescente carga de trabalho, sentia que estava perdendo o controle sobre a situação. Além disso, havia algo mais me incomodando, algo que eu não conseguia nem colocar em palavras — talvez fosse o cansaço ou o fato de que eu estava negligenciando meu próprio bem-estar.

Mesmo assim, quando eu pensava em Becky, meu coração se acalmava. Eu sabia que ela era minha base, o lugar onde eu poderia relaxar e encontrar consolo. Era o pensamento nela que me dava forças para continuar, para não mostrar fraqueza, para não demonstrar que eu estava tão exausta.

Enquanto estava na enfermaria, fiquei pensando em como seria bom passar um tempo com ela, sem pressões, apenas nós duas. Eu sentia que, mesmo com todo esse caos ao meu redor, Becky ainda era meu porto seguro. E ao mesmo tempo, havia algo que me preocupava: eu não queria que ela sentisse que estava me afastando, que meu trabalho estivesse me tomando tanto a ponto de me afastar dela.

Eu sabia que ela estava sentindo que algo estava errado, porque ela era sempre tão atenta. Mas, mesmo assim, eu continuava escondendo de Becky o peso do meu trabalho.

O toque suave do meu celular tirou-me desses pensamentos. Era uma mensagem dela:

"Oi, amor. Como está o dia? Quero te ver mais tarde, eu faço o jantar."

A mensagem dela fez meu peito apertar um pouco. Eu podia sentir o carinho nela, mesmo através das palavras escritas. Eu queria poder estar com ela agora, sentir o aconchego do nosso espaço. Eu queria que ela soubesse o quanto ela significava para mim, mas também não queria que ela ficasse preocupada comigo.

Eu sorri um pouco, tentando disfarçar o cansaço enquanto respondia:

"Oi, querida. O dia está corrido, mas vai dar tudo certo. Estou com saudades."

Eu sabia que ela entenderia. Becky sempre foi compreensiva, mas não podia deixar de me sentir culpada por não estar ao lado dela quando ela mais queria. No fundo, sabia que um dia precisaria conversar com ela sobre como estava lidando com tudo isso, mas por agora, o melhor que eu podia fazer era tentar manter a fachada de que estava tudo sob controle.

A última coisa que eu queria era que ela visse o quão sobrecarregada eu estava.

Enquanto digitava a resposta para Becky, o peso do dia parecia aumentar mais a cada segundo. Eu estava começando a me sentir dividida entre o meu amor por ela e a pressão de ser perfeita no hospital. A ideia de ser forte para Becky, de não deixá-la perceber minhas falhas, estava me consumindo, mas ao mesmo tempo, era o que eu achava que ela esperava de mim.

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