Namtan Tipnaree Point Of View.
Estávamos no meio da tarde quando resolvi mandar a mensagem para Film, convidando-a para o cinema. "Uranus 2334" estava em cartaz, e, embora eu já tivesse ouvido críticas de que era um filme intenso e emotivo, algo me dizia que seria perfeito para nós. Talvez eu apenas quisesse ter uma desculpa para ficar mais próxima dela, mas quem se importa?
Para minha surpresa, ela aceitou o convite rapidamente, sem o sarcasmo ou a hesitação de sempre. Assim que nos encontramos na entrada do cinema, senti aquela onda de empolgação misturada com um nervosismo bobo que só Film conseguia despertar em mim.
Entramos na sala, e, à medida que o filme avançava, percebi que "intenso" era pouco para descrever a história. Era um verdadeiro turbilhão de emoções — um filme de ficção científica com toques de drama e tragédia, abordando a solidão humana de uma forma profunda. Confesso que o começo do filme, eu achei um pouco confuso, mas logo fiquei absorvida pela trama, e não pude deixar de notar Film ao meu lado. Ela estava imóvel, com o olhar fixo na tela, completamente imersa.
Quando a primeira lágrima escapou dos olhos dela, tentei disfarçar meu sorriso. Film sempre me passava essa imagem de alguém durona, irredutível, e vê-la tão emocionada com um filme mexeu comigo de uma forma inesperada. A cada cena mais dolorosa, as lágrimas dela se intensificavam, e, em determinado momento, ela não conseguia mais disfarçar.
Instintivamente, estendi a mão e segurei a dela. Ela olhou para mim, surpresa e um pouco envergonhada, mas não recuou. Apenas entrelaçou os dedos nos meus e soltou um suspiro pesado. Aquela vulnerabilidade me comoveu.
— Eu... sou uma idiota, né? Chorando por causa de um filme — ela sussurrou, tentando forçar um sorriso enquanto enxugava algumas lágrimas com a outra mão.
— Você não é idiota, Film — respondi suavemente. — Só está se permitindo sentir. Não tem nada de errado nisso.
Apertei levemente a mão dela, e, sem pensar, fiz um carinho com o polegar, algo que pareceu acalmá-la. O filme terminou, e a sala foi ficando vazia enquanto os créditos subiam. Permanecemos sentadas, lado a lado, em silêncio. Eu queria dar a ela o tempo necessário para voltar a si, para que ela não se sentisse exposta.
Quando finalmente saímos, fomos caminhando lentamente em direção ao carro. Film estava pensativa, ainda digerindo tudo o que tinha visto e sentido. Por fim, ela parou, me olhando com uma expressão que misturava gratidão e, talvez, algo mais profundo.
— Obrigada por hoje, Namtan — disse ela, sua voz ainda meio embargada. — Acho que... eu precisava disso, sabe?
— Acho que eu também precisava — respondi, sorrindo para ela. — Sabe, se precisar de mais sessões terapêuticas cinematográficas, eu estou por aqui.
Ela riu, e pude ver que o peso que carregava antes havia se suavizado.
— Combinado, mas da próxima vez você que paga a pipoca.
Film Rachanun Point Of View.
Saí do cinema com a cabeça ainda fervilhando com a história de Uranus 2334. O filme era uma dessas produções tailandesas que não tinha medo de explorar os sentimentos humanos mais profundos. Eu nunca pensei que um filme pudesse mexer tanto comigo, mas ali estava eu, sendo confortada pela Namtan como uma boba sentimental. Irônico, já que eu sempre tentei manter uma postura distante e durona na frente dela.
Chegando em casa, já um pouco mais calma, me joguei no sofá e resolvi mandar uma mensagem para a Love. Ela não demorou a responder e, em poucos minutos, estávamos trocando mensagens sobre o filme.
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between lines and provocations
FanfictionSinopse: Namtan Tipnaree é uma empresária ousada e bem-sucedida, conhecida por transformar pequenas empresas em grandes empreendimentos. Já Film Rachanun é uma advogada respeitada, especialista em casos de defesa corporativa, conhecida por sua étic...