Capítulo 3: A Descoberta do Propósito

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Desde que comecei a me abrir para a fé, minha vida mudou de uma forma que eu nunca imaginaria. No começo, achei que bastaria frequentar a igreja e escutar as mensagens para que tudo se transformasse, mas fui percebendo que o verdadeiro encontro com Deus não é algo imediato. É um caminho que se revela pouco a pouco, a cada escolha, a cada desafio, e exige entrega, confiança e paciência.

Com o passar dos meses, enquanto eu continuava a frequentar a igreja, sentia uma paz que nunca havia experimentado antes, mas também algo novo que me inquietava. Era uma sensação de que minha vida, minha história, tinham um propósito maior do que eu conseguia ver. Eu não sabia ao certo o que isso significava, mas sabia que não podia mais ignorar aquele chamado. Era como se Deus estivesse me despertando para algo especial, como se Ele estivesse me guiando a olhar além das dificuldades, das dores, e enxergar o que Ele queria construir em mim.

Esses pensamentos começaram a ocupar minha mente em quase todos os momentos. Até então, eu tinha vivido de forma prática, focada no que eu podia ver e conquistar com meus próprios esforços. Mas agora, essa nova perspectiva me convidava a sair dessa zona de controle e a enxergar a vida com um olhar de fé, como se cada passo que eu desse tivesse um significado maior. Era assustador e, ao mesmo tempo, empolgante.

Foi nesse contexto que, certa vez, a igreja organizou uma visita a uma instituição de caridade que acolhia crianças em situação de vulnerabilidade. Confesso que hesitei em ir; afinal, eu sempre me achava ocupada demais para esse tipo de atividade e, para ser sincera, nunca havia me sentido realmente confortável em ambientes assim. No entanto, algo dentro de mim insistia para que eu fosse, como se Deus estivesse me pedindo para dar esse passo. A ideia parecia fora da minha realidade, mas decidi confiar e aceitei o convite.

No dia da visita, ao entrar na instituição, fui recebida por um grupo de crianças que brincavam e corriam pelo pátio, cheias de energia. De início, me senti deslocada, sem saber como me conectar com aquelas crianças, mas então, uma garotinha chamada Sofia se aproximou de mim. Ela tinha olhos brilhantes e um sorriso contagiante. "Você quer brincar comigo?" – perguntou, estendendo a mão. Senti meu coração se aquecer e, sem pensar duas vezes, aceitei.

Enquanto brincávamos, conversamos sobre coisas simples, sobre as cores favoritas dela, os desenhos que mais gostava. Mas, no meio dessas conversas leves, ela me contou algumas coisas sobre a sua vida. Era difícil ouvir o que ela passava, o abandono e as lutas que uma criança daquela idade já havia enfrentado. Mas o que mais me impactou foi a forma como ela falava, cheia de esperança, como se acreditasse que algo maravilhoso estava sempre prestes a acontecer. Aquela garotinha tinha um brilho que eu não conseguia entender, uma fé que parecia natural.

Naquele dia, voltei para casa profundamente tocada. Não era só a história de Sofia que mexia comigo, mas o que ela me mostrou sobre a vida. A simplicidade e a alegria dela, apesar de tudo, me ensinaram sobre esperança e, principalmente, sobre propósito. Compreendi que eu estava tão presa aos meus próprios problemas e metas que tinha deixado de enxergar o quanto a vida podia ser simples e significativa ao mesmo tempo. Comecei a ver que propósito não era apenas sobre grandes realizações ou conquistas materiais, mas sobre a maneira como escolhemos viver cada dia, como podemos impactar a vida dos outros, mesmo nas coisas mais simples.

Os dias que se seguiram àquela visita foram cheios de reflexão. Fui entendendo que Deus não queria apenas que eu melhorasse minha vida; Ele queria me transformar para que eu pudesse ser um canal de luz para outros. Era como se uma cortina estivesse sendo levantada, e eu começava a enxergar que cada momento, cada experiência, até mesmo cada dor, poderiam ser utilizados por Ele para moldar algo novo em mim. Eu via que Deus me chamava para compartilhar a paz e a esperança que eu mesma estava recebendo, para que, de alguma forma, eu pudesse ajudar outras pessoas a encontrarem o mesmo caminho de fé.

Foi então que comecei a me envolver cada vez mais nas atividades da igreja, especialmente aquelas que envolviam ajudar os outros. Não foi um processo fácil. Às vezes, ainda me sentia insegura, me perguntava se eu era realmente capaz de contribuir de maneira significativa. Mas a cada passo, a cada conversa, a cada sorriso, sentia que Deus estava me guiando. Era como se Ele estivesse usando aquelas experiências para me ensinar que, mesmo nas minhas limitações, eu poderia fazer a diferença na vida de alguém.

Lembro-me especialmente de uma senhora, Dona Rita, que conheci em uma das visitas da igreja a um asilo. Ela tinha os olhos tristes e um jeito reservado, mas depois de algum tempo conversando, me confidenciou que sentia falta da família, que se sentia esquecida. Eu, por impulso, a abracei, sem dizer uma palavra. Foi um abraço longo, carregado de silêncio e compreensão. E foi nesse gesto que eu percebi, mais uma vez, que Deus trabalha de formas que a gente não imagina. Ao deixar meu coração aberto, eu mesma também me sentia acolhida por Ele, como se Ele estivesse ali, naquele abraço.

Essas experiências não só me aproximaram das pessoas, mas também me aproximaram de Deus. Eu já não buscava um propósito para me satisfazer, mas sim para servir. Descobri que Ele me chamava para enxergar o mundo com o Seu olhar, para perceber que todos nós, em nossas fraquezas, estamos conectados por uma mesma luz, por uma mesma esperança.

Hoje, ao olhar para trás, vejo que tudo isso foi só o início de uma jornada de propósito. Deus não só acalmou minhas inquietações e curou minhas feridas, mas Ele também me mostrou o poder de viver para algo além de mim mesma. Aos poucos, fui compreendendo que o verdadeiro propósito está em viver para servir, para amar, para estender a mão, assim como Ele fez por mim.

Esse capítulo foi, sem dúvida, um dos mais reveladores da minha caminhada. Aprendi que encontrar Deus é também encontrar o sentido da nossa existência, um sentido que não está nas grandes realizações, mas no simples ato de fazer diferença onde quer que estejamos. E a jornada estava só começando.

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