Resquício de nós

Através dos seus olhos

Passamos o dia praticando feitiços e projetando a magia da Agatha em algo para que ela se sentisse mais confiante em utilizar seus poderes. Ela estava tão iluminada ao se concentrar e manusear seus raios em árvores e pedras, meu coração se aquecia a cada sorriso que ela abria ao se sentir orgulhosa de si mesma.

- use o seu roxo com a força da sua alma - eu dizia enquanto caminhava atrás dela - é muito mais emoção do que razão.

- Meu roxo? - ela riu.

- Sim - parei de caminhar e fiquei encarando sua beleza, até ela parar e me encarar exibindo seu sorriso.

- Gostei desse jeito de falar dos meus poderes. Na verdade tudo o que você fala sobre mim é sempre tão bom...

Ela começa a caminhar em minha direção e posso sentir sua intenção de longe, sinto meu sangue gelar em minhas veias, meu corpo enfraquece.

- é como eu vejo você - ela continua caminhando até estarmos próximas demais novamente, sinto seus dedos acariciarem minha bochecha, seu olhar caminhava pelos detalhes do meu rosto.

- Acho que... só quero ser vista através dos seus olhos agora - sua voz era suave e baixa o suficiente para arrepiar a superfície da minha pele.

Mais uma vez sinto seus lábios encostarem, mas dessa vez no canto dos meus e sem nenhuma urgência. Rapidamente saio do transe, abro meus olhos e observo o ambiente com medo de sermos pegas, mas mesmo assim não consigo fazer com que meu corpo saia daquele calor que ela me transmite.

- podem nos ver aqui - eu digo num sussurro sentindo ela aproximar seu rosto novamente e me dar outro beijo, dessa vez mais rápido e ouço sua risada baixa.

- Ninguém vem tão para dentro do bosque - ela fita os meus olhos, segura uma das minhas mãos e leva meus dedos a sua boca, depositando um beijo.

- Eu acho que... - meu coração começa a acelerar, sinto a necessidade de falar para ela que tudo o que me faz sentir.

- Que...? - seus olhos me implorando para terminar a frase.

- Estou apaixonada por você. - eu estava apavorada.

Ela ficou ali, me olhando por alguns segundos. Os segundos mais longos da minha vida. Como se nunca tivesse escutado isso de alguém antes ou se não esperasse a profundidade dos meus sentimentos.

- meu amor... - ela fala para mim e se joga em meus braços sorrindo.

Dessa vez nosso beijo foi intenso e demorado, como se precisássemos daquilo para sobreviver, nem o ar nos faltava mais. Sinto meu corpo ser empurrado até uma rocha atrás de mim, deixei com que ela me guiasse. Para ela e por ela eu estava disposta a qualquer coisa, mais nada passava pela minha cabeça a não ser a existência dela. Agora a minha existência dependia da dela.
Agatha agia com urgência, senti seus cabelos longos e negros se embolarem em meus dedos assim que aperto os fios em minha mão, numa tentativa desesperada de te-la o mais perto de mim possível. Sua respiração estava tão ofegante quanto a minha agora. Eu era apenas sensação. As sensações que ela me causava.

- não faz barulho - me avisou enquanto seus olhos estavam vidrados nos meus.

A mesma mão que tinha acabado de beijar de ser beijada, Agatha guia até o interior do seu longo vestido bege, a temperatura da pele da sua coxa era a mais confortável possível, respirei fundo novamente.

- Agatha...

Ela me dá um selinho e deixa nossos lábios grudados até que meus dedos a toquem da maneira mais íntima possível, ela pressiona meu dedo do meio para dentro de si, imediatamente a vejo franzir a testa como se sentisse dor e eu tento forçar minha mão para fora afim de parar sua dor, mas ela me aperta.

-  não! - e de uma vez só estou dentro dela

Agatha deita sua testa em meu ombro e depois desliza o rosto para o meu pescoço. Começo a mover lentamente meus dedos e a ouço soltar gemidos baixos perto do meu ouvido, fechei meus olhos e percebi que certos movimentos a faziam me apertar e sentir mais prazer.

- isso te machuca? - perguntei ainda tentando não me mover demais e acabar ferindo ela.

- eu não vou quebrar - percebo que seu olhar havia mudado.

Foi o momento em que eu percebi que ela havia de fato se tornado minha. Finalmente.

                                      •
Me questionei se ela realmente queria aquilo, por mais que eu visse o desejo ardendo em seus olhos, o pouco que me tocava me deixava confusa, até que percebi que era só excesso de cuidado.

- eu não vou quebrar - respondi ao ouvir ela me perguntar se eu ainda sentia dor.

A dor havia se tornado insignificante perto de todas as sensações que Rio estava me causando. Num rompante sinto que meus pés não estavam mais em contato com o chão, ela me coloca sentada em um tronco caído e se posiciona no meio das minhas pernas, enquanto sobe lentamente as mãos pelas laterais das minhas coxas. Minhas mãos foram diretamente em seu vestido, desfiz os nós da parte da frente e assisti a peça cair como chuva no chão. Admirei cada detalhe do seu corpo e gravei em minha memória, percebi que ela me deixou aproveitar um tempo observando-a, logo começou a me despir também.

- Ao mesmo tempo que quero te ver, tenho ciúmes de qualquer outro ser vivo que te veja assim também - assim que termina a frase, a última peça de roupa em meu corpo cai no chão.

- não quero que mais ninguém me veja

Não terminei a frase e ela já estava dentro de mim novamente, dessa vez não contive a minha própria voz e mesmo assim Rio não parou, usou a outra mão para me calar enquanto ia mais fundo e rápido dentro de mim. Agora todo seu corpo se movimentava em cima de mim juntos com seus dedos, nossa respiração agora tinha o mesmo ritmo desesperado e ela abafava a minha voz com a mão.

- Fica quieta - ela cola a testa na minha e aumenta a velocidade das suas investidas.

Apertei sua cintura e a puxei para mim, sinto minha cabeça reclinar para trás enquanto meu corpo começou a tremer nas mãos dela, eu não conseguia evitar os barulhos que saíam da minha garganta, e aparentemente faziam com que ela me quisesse mais e mais.
                                    •

Agatha e eu estávamos observando o céu ao pôr do sol e como as cores estavam muito mais brilhantes.

- Agatha? - uma voz ecoava do infinito nos trazendo para a realidade de novo.

- Mãe?! - ela fala baixo para não sermos vistas - ela vai me matar Rio!

- pensa no seu quarto!

- como é?

- faz o que eu to mandando!