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Menor Kabrinha já tinha se jogado de moto em várias aventuras, mas nenhuma delas era tão imprevisível quanto o jogo que Bianca trazia. Ela tinha aquele jeito de não dar muita bola, mas ao mesmo tempo fazia ele ficar tentando adivinhar o próximo passo dela.

Na semana seguinte, Gustavo resolve chamar Bianca para um rolê diferente. Ele até tenta impressioná-la, mas já saca que com ela o papo é outro. Manda uma mensagem simples, sem muita firula: "Bora dar um rolê hoje à noite? Sem show, só de boa."

Bianca responde depois de um tempo, e ele quase pensa que levou um perdido: "De boa? Tá, mas nada de passeio na moto. Quero saber se o Gustavo sabe andar sem fazer show."

Quando ele aparece pra buscá-la, Bianca já está esperando, com aquele olhar que mistura desafio e curiosidade. Assim que ele desce do carro, ela dá um sorriso provocador: "E aí, Gustavo, cadê o piloto de moto? Ou não sabe dirigir de quatro rodas?"

Ele ri, e eles saem. Durante o caminho, Bianca põe uma playlist cheia de sons que ele não conhece muito bem, uns ritmos diferentes. Ele fica quieto, só ouvindo, meio que tentando entender o que aquilo fala sobre ela. Ela parece gostar de música que traz um quê de história, algo com letras que contam mais do que só um refrão chiclete.

Quando chegam a um mirante, ele para o carro. Eles ficam ali, em silêncio, olhando a cidade e trocando umas ideias. Mas logo a conversa vira uma disputa de provocações.

"Então, por que cê achou que eu ia cair nesse lance de piloto marrento?" ela diz, cutucando com aquele sorriso que ele já sabe que é marca registrada dela.

"Sei lá, achei que ia impressionar mais," ele responde, jogando o charme na medida. "Mas tô começando a entender que com você a vibe é outra."

"Ah, tá aprendendo rápido, hein, Gustavo," ela ri. "Mas já te aviso: eu não tô aqui pra ser só mais um número nas suas aventuras de Insta."

E ele ri, balançando a cabeça. Ela tinha esse jeito de falar sem rodeios, meio que quebrando toda a imagem que ele sempre soube que as pessoas tinham dele.

Enquanto a noite vai passando, eles se perdem nas conversas e nos silêncios, e ele percebe que o jogo ali não é de quem consegue mais atenção, mas de quem tem coragem de ser real.

Inefável - Menor Kabrinha. Onde histórias criam vida. Descubra agora