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Durante a semana, a rotina voltou ao normal, mas a lembrança do domingo ainda me fazia sorrir em momentos aleatórios. As coisas pareciam leves, mas, mesmo assim, uma parte de mim estava inquieta. Talvez fosse a conversa com as meninas, sobre planos e mudanças. Às vezes, quando eu ficava sozinha, dava aquele incômodo que a gente sente quando sabe que tá na hora de mexer em alguma coisa.

No sábado, nos encontramos de novo no barzinho de sempre. Era pra ser algo tranquilo, só a gente jogando conversa fora, mas, como sempre, acabamos puxando assunto sobre os caminhos que a gente queria tomar.

— E aí, Bia, vai ficar parada ou vai fazer alguma coisa de diferente? — perguntou a Carla, com aquele jeito direto dela.

Parei e pensei antes de responder. Eu não sabia bem o que queria, e não queria dar aquela resposta vaga que sempre dou.

— Sabe, Carlinha, às vezes eu acho que tô de boa, mas aí vem uns dias, assim, que... sei lá, dá aquela vontade de mudar tudo, sabe?

A Rapha fez uma cara de quem entendeu.

— Isso é normal, irmã. A gente tem que se desafiar de vez em quando, senão fica estagnada. Vai, coração gelado, cê sabe que tem potencial pra muito mais.

Ri e balancei a cabeça. Ela sempre me dava esses apelidos doidos, e "coração gelado" já tava pegando.

A Lívia, que até então só observava, se inclinou na mesa.

— Por que cê não tenta algum projeto diferente? Uma viagem, um curso, sei lá... às vezes, é disso que a gente precisa pra dar aquele gás.

Olhei pra cada uma delas. A Carla com aquela vontade dela de dar o próximo passo, a Rapha sempre provocando de um jeito que me fazia repensar as coisas e a Lívia, com esse jeito sensato que acalmava.

A noite terminou com promessas de tentar sair da zona de conforto. Eu não sabia exatamente como, mas pela primeira vez em muito tempo, parecia que eu tinha um motivo pra querer algo novo.

Inefável - Menor Kabrinha. Onde histórias criam vida. Descubra agora