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A batida tava foda, o camarote vibrava, e o pod já tava rolando de mão em mão. Eu tava no auge com as meninas, rindo, cantando, esquecendo qualquer perrengue da semana. A Lívia puxou mais uma música, a Carla já tava entregue no ritmo, e eu tava focada só na nossa diversão.

De repente, senti alguém encostar do meu lado. Olhei meio de canto e, claro, era o kabrinha. Tava ali, colado no camarote, com aquele sorriso convencido e uma garrafa na mão, achando que tava abafando.

— E aí, Bianca, só sumida, né? — ele soltou, com aquela voz mansa.

Eu dei uma risadinha de leve, sem me empolgar. Dei um gole no meu drink e fiquei olhando pra ele, mas sem dar muita trela.

— Sumida? Quem sumiu foi você, né, parceiro? — respondi, com aquele tom de "não tô afim de jogar seu jogo".

Ele riu baixinho, chegou mais perto, se achando o tal. Olhei de canto, fingindo desinteresse, mas a Bolzani atrás de mim já tava rachando o bico.

— Ah, larga dessa, Bia. Cê sabe que eu tô sempre por aí, mas parece que quem não tava enxergando era você — ele falou, com aquele sorrisinho maroto, achando que tava na vantagem.

Peguei o pod da Carla, dei uma tragada e soltei a fumaça devagar, olhando pra ele com cara de deboche.

— Se fosse importante mesmo, eu teria percebido, né? — soltei, com uma sobrancelha levantada. Sabia que isso ia pegar ele de jeito.

Ele riu de novo, mas agora com um olhar desafiador.

— Cê é embaçada, hein. Mas eu curto isso — disse, dando aquela olhada de cima a baixo, tentando me estudar.

As meninas atrás só riam da cena, e ele, tentando não dar o braço a torcer, soltou:

— Bora dar um rolê lá embaixo? Sei que cê não vai aguentar a noite toda aqui em cima.

Eu dei outro gole no meu drink, pensando rápido. Sabia que ele queria me impressionar, queria fazer show, mas não ia deixar tão fácil.

— Aqui em cima, parceiro, a visão é melhor e a companhia também — falei, dando uma olhada pras meninas, que já tavam rachando de rir, me dando aquele apoio moral.

Ele piscou, meio sem graça, mas tentando segurar a pose.

— Demorô, Bianca. Tô vendo que cê tá na sua. Mas se mudar de ideia, sabe onde me achar.

Dei um aceno com a cabeça, com um sorriso de canto, enquanto ele saía, meio bolado, mas ainda sem desistir. Sabia que ele ia tentar de novo.

Assim que ele saiu, a Raphaela já veio me zoar.

— Pô, irmã, você é coração gelado demais! O maluco veio cheio de marra e saiu igual um cachorro sem dono. Respeito demais!

Eu ri, já de volta na minha vibe.

— Ah, amiga, ele até tenta, mas cê sabe que gosto de quem sabe brincar, mas também sabe a hora de dar linha.

E a noite seguiu daquele jeito: a gente lá em cima, dançando e curtindo sem preocupação, enquanto ele ficava lá embaixo, de olho, esperando a hora certa de tentar outra vez.

Inefável - Menor Kabrinha. Onde histórias criam vida. Descubra agora