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Tank

Eu levanto a embalagem de alumínio da sacola
e coloco os dois garfos ao lado dela. Erika está sentada, as mãos entrelaçadas,usando um sorriso que faria os anjos derreterem. Com a língua presa, deslizo a torta e um dos utensílios na frente dela sem dizer uma palavra.

Ela é pequena quando está ao meu lado e ainda
menor sentada. Cada instinto de proteção que tenho e cerca de cem que eu não sabia que existiam se levantam na minha garganta. Nunca haverá um tempo em que alguém machuque um cabelo da cabeça dela.

—Qual é o seu horário? — Eu pergunto.

Ela pisca duas vezes, enquanto enfia um enorme pedaço na boca. Droga. Eu queria ter sorvete. Ela lambeu aquilo como um gato no restaurante. Eu quase gozei em minhas calças a observando. Seu língua rosa se esgueirando e deslizando sobre a
colher será todo o material que eu preciso para me masturbar essa noite.

—Meu horário? — Ela finalmente responde depois de engolir.

—Sim.

Ela não pode estar lá fora andando por essa terra
sozinha. Ela é muito preciosa para isso. Um tesouro como ela precisa de proteção constante.

—Seu horário de aula. Como quando você se levanta de manhã e como você se parece? Seu cabelo está bagunçado? Suas bochechas estão vermelhas? Você cheira como um corpo doce e quente ou algo mais picante? quando deixa seu apartamento? Coisas assim?

—Hum, eu costumo levantar cedo porque eu faço
alongamento e faço ioga. Minhas aulas começam
por volta das dez, mas ainda não começamos. Segunda-feira é o primeiro dia. Segunda-feira é basicamente amanhã, já que é depois da meia-noite.

—Bom. Eu costumo fazer exercícios à tarde, mas vou mudar minha agenda. O que você quer para o café da manhã?

Eu não sou um ótimo cozinheiro. Inferno, eu não
sou nem um medíocre,mas eu posso comprar uma refeição ou dez. Ela inclina a cabeça em confusão, mas responde:

—Aveia.— Em seguida, ela ergue a mão. —Espera. Por que você está fazendo todas essas perguntas? Livvie está pagando por seus serviços de guarda-
costas? Porque eu não preciso deles. Sou perfeitamente capaz de cuidar de mim mesma.

Eu tiro o garfo do prato e como um pedaço da torta.

—Quem é Livvie?

Erika tira o garfo de volta imediatamente, franze a testa e diz:

—Minha colega de quarto. Aquela que pediu
para você vir e me levar para casa da festa da fraternidade.

—Eu não conheço nenhuma Livvie. Fiz um favor a Zeke Audley porque lhe devia um.

—Mesma coisa.— Ela abaixa o garfo e fica de pé. —De qualquer forma, como eu disse, não preciso de proteção. Obrigada por tudo.

Eu posso dizer pelo seu sorriso tenso e falso que eu fiz algo errado, mas porra, se eu sei o que é. O que eu sei é que ela está saindo, o que é ruim. Muito, muito ruim.

Eu olho para a torta que ela estava tão feliz há apenas cinco minutos atrás. Eu corro para o saco de plástico.

—E a sua torta? Você não quer levar isso com você?

—Não. Eu não tenho uma geladeira.— A mão dela está na porta.

Eu abandono a torta e pulo em direção à entrada.

—OK. Deixe-me pegar meus sapatos e vou te levar de volta ao seu dormitório.

—Você não precisa. É só do outro lado da rua.

Sapatos? Quem precisa deles? A deixo abrir a porta e a sigo.

—Muita coisa pode acontecer nas ruas. Acidentes, por exemplo. Acontecem nas ruas. Um bom 90% de todos os acidentes acontecem nas ruas.

Ela para no corredor.

—Apenas 90%? Onde os outros 10% ocorrem?

Eu me virei loucamente por uma resposta à minha estatística inventada.

—Banheiros, — eu deixo escapar. —Dez por cento dos acidentes acontecem nos banheiros e os demais acidentes acontecem na rua.

Ela estreita os olhos para mim.

—Eu sinto que você está inventando isso.

Eu balanço minha cabeça vigorosamente.

—Não. Aprendi em saúde no ensino médio.

Nem me lembro se tive saúde no ensino
médio.

—Eu vejo que há pouco que eu posso fazer para te convencer a ficar em casa. Você fez esse favor e vai seguir adiante, certo?

Há algo sobre o tom de sua voz que me faz pensar que estou em um perigoso território. Noventa por cento de território de acidentes, mas não sei por quê. Manter as promessas é uma coisa boa no meu livro. Se você disser que vai fazer alguma coisa e não seguir adiante, você merece pisar em brasas. Mas eu sinto que se eu disser isso, Erika vai ficar brava. Pela centésima vez, eu amaldiçoo minha inexperiência com as mulheres.

—Eu só quero te levar para casa, — eu finalmente respondo.

—Por causa dos acidentes?

—Sim.— E porque eu quero passar mais tempo com você e mesmo que seja apenas o espaço de alguns minutos, vale a pena.

Eu não digo essas palavras em voz alta, porque nós acabamos de nos conhecer e até mesmo um idiota como eu sabe que dizer essas merdas para uma mulher que tem metade do seu tamanho e não
sabe mais do que seu nome completo vai assustá-la.

—Bem. Não é como se eu pudesse te deter.— Ela se vira e desliza pelo corredor.

Eu olho um pouco porque ela anda diferente de qualquer pessoa que eu conheço,graciosa, como uma
borboleta. Seus pés mal tocam o chão. Seus cabelos estão longos e baixos, as pontas roçando o topo da sua bunda. Eu engulo minha bochecha interna. Eu gostaria de poder tocar sua bunda. É alta e redonda e perfeita para as minhas mãos.

Eu fico quente com minha imagem agarrando suas nádegas nas minhas mãos enquanto eu a seguro acima de mim e ela monta meu rosto até que seu creme escorra em minha boca. Eu pressiono uma palma na minha testa. Segure-se, cara. Ela não te quer desse jeito.Eu não acho que ela me queira de qualquer maneira.

Ela segue em frente, sem sequer olhar por cima do ombro para ver se ainda estou atrás dela. Isso me torce por dentro. O pior é que ela está certa. Seu dormitório está do outro lado da rua e quando estamos na entrada da frente quase nenhum tempo se passou.

—Boa noite, Tank, — diz ela e desliza para dentro do prédio.

Eu vejo como ela desaparece em um corredor. Minhas mãos se fecham ao meu lado e tomo uma decisão. Ela pode não me querer, mas eu não a deixarei andar pelo campus sozinha.

Ela é toda minha ( 3 livro da série Nós três )Onde histórias criam vida. Descubra agora