Capítulo 2

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Olivia Kamari

   O avião já havia pousado há vinte minutos, e como de costume fui uma das últimas a sair para evitar todo o aglomerado, empurrões e desconforto ao tentar tirar a bagagem sem atingir alguém. Eu estava apenas com uma mala de mão e uma mochila pequena, não tinha muitas coisas para trazer, mas o pouco que tinha era o suficiente para mim.

   O saguão do aeroporto estava vazio, o que era incomum para mim por se tratar de uma cidade grande, mas me trazia conforto uma vez que multidões me deixam ansiosa e claustrofóbica, contemplei o ambiente em busca de Ryan, o motorista do hotel que ficou responsável por me buscar.

   Havia poucas pessoas e nenhuma carregava uma plaquinha com o meu nome, o que me causou uma certa ansiedade uma vez que eu estava exausta, com fome e sede.

   Já havia desistido de procurar e aceitei que provavelmente Ryan havia se atrasado quando meu celular começou a vibrar na mochila, alcanço ele no bolso da lateral e leio a mensagem de texto que me foi enviada.

   — Ah que ótimo, o motorista vai atrasar uma hora por causa do trânsito — digo para mim mesma.

   "Tudo bem, eu aguardo" foi o que eu respondi de volta, mas a verdade era que não estava tudo bem. Aproveito alguns bancos à minha frente e me sento neles para aguardar e não deixo de notar alguns cartazes de desaparecidos expostos na parede de frente para mim.

   Brasil, Colômbia, África, Dinamarca, Escócia. Países diferentes, meninas diferentes, a maioria desaparecida a mais de um ano, e ainda sendo procuradas por suas famílias. Então eu fiquei ali observando-as, seus rostos, e características únicas, eram todas tão lindas e felizes. O quê será que havia acontecido com elas?

   Será que estavam vivas?

   Será que estavam presas em algum porão frio e vazio?

   Será que só fugiram?

   Eram tantas perguntas que eu nunca teria resposta. Mas de alguma forma me acalentava o fato de saber que elas tinham alguém que procurava por elas, eu não teria ninguém se estivesse em seu lugar, seria esquecida. Apenas um sussurro perdido no tempo em meio ao universo. Lily lembraria de mim, na primeira semana é claro, mas depois... Bom depois eu não seria ninguém.

   — Senhorita, Olivia? — Ouço uma voz grossa me chamar me tirando dos devaneios, me viro para dar de cara com um homem de mais ou menos um metro e setenta de altura, pele branca e olhos claros e barba bem feita. — Me desculpe pelo atraso, o trânsito estava muito parado. Estas são suas coisas?

   — Ah sim, você é o Ryan certo? — sorrio de forma gentil — Sim, são minhas coisas.

   — Muito prazer em conhecê-la — Ele me oferece um aperto de mão o qual eu respondo sem pensar duas vezes — Podemos ir?

   — Claro — Me inclino para pegar minhas coisas mas sou interrompida por ele.

   — Pode deixar, eu levo tudo senhorita — Disse ele sendo cortez.

   Seguimos então para o estacionamento, estávamos na metade de novembro e o clima não estava muito agradável por aqui, fazia frio e garoava, mas ainda assim havia algo de especial em estar em Nova York, minha cidade natal era minúscula, os vizinhos se conheciam e sabiam tudo da vida uns dos outros, as festas locais eram chatas, e os adolescentes maldosos. Fora o fato de que nevava por pelo menos oito meses no ano e os outros quatro meses se dividia em frio, chuva e um pouco de calor.

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