Gustavo Gomez, Palmeiras

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A caneta chacoalhava sob meus dedos, enquanto mantia os meus olhos firmes em direção ao jogador, que agarrava um livro didático em suas mãos

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A caneta chacoalhava sob meus dedos, enquanto mantia os meus olhos firmes em direção ao jogador, que agarrava um livro didático em suas mãos.

Minhas pernas estavam cruzadas e eu fingia uma atenção falsa em sua explicação básica de matemática.Obstante, por mais que tentasse me concentrar, meu pensamento insistia em uma equação que parecia sem solução: ele.

De repente, não era a soma ou a multiplicação que me intrigavam, mas sim a incógnita daquele sorriso e o jeito como ele parecia sempre estar na minha cabeça, como uma fórmula que eu não conseguia resolver.

Estar tão perto e ao mesmo tempo tão longe de alguém como Gustavo poderia facilmente ser considerado um pecado. Aquele homem seria com certeza o motivo pelo qual eu cometeria as maiores loucuras deste mundo. Era só 2+2 e eu faria questão de estar de Quatro para Ele.

Minha frustração era saber que o problema nunca foram os números, pelo menos não aqueles. Mas sim aquele número que nos separava a cada ano. Gomez tinha pelo menos seis anos a mais que eu, o que, para mim, era uma diferença pequena, mas para ele, parecia um abismo intransponível, um motivo para evitar qualquer envolvimento com alguém mais jovem.

Nossas interações eram raras, e ele me evitava sempre que possível. O jogador sabia do meu interesse, claro; eu nunca fiz questão de disfarçar, muito pelo contrário.

Mas minha sorte parecia estar mudando quando comecei a ter dificuldades na faculdade. Foi então que meu irmão sugeriu que ele me ajudasse, afinal, surpreendentemente, o zagueiro tinha uma habilidade impressionante com números.

E para o Dudu, ele não conseguia dizer não.

Incrível que, nunca me sentir tão bem com algumas notinhas vermelhas.

Gustavo inclinou o livro na minha direção, apontando para uma fórmula simples. Com um leve franzir de sobrancelha, ele perguntou:

— Então, qual seria o próximo passo aqui?

Eu piscava, absorvendo o tom didático dele, mas na verdade, qualquer explicação matemática soava como um ruído distante. Não tinha que eu odiar-se mais que essa matéria maldita. Não adiantava, por mais que tentar-se, não entrava na minha cabeça.

E com esse professor particular então, pior é mais difícil fica.

Meus olhos estavam mais interessados nas linhas marcantes do seu rosto, no jeito como a barba cobria suavemente o seu queixo. Sem perder tempo, soltei a resposta mais óbvia, acompanhada de um sorriso inocente e direto:

— Acho que o próximo passo é você me levar para jantar ou para a sua cama, você que sabe.

Ele suspirou, abaixando o livro por um segundo, e balançou a cabeça, como quem já esperava algo assim.

— Não foi isso que eu perguntei, e você sabe disso. — A voz dele soava séria, mas havia uma pequena curva nos lábios, que quase parecia um sorriso reprimido. — Tenta focar, ok? Eu não estou aqui pra isso.

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