Charles, Corinthians

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São Paulo costumava ser frio, mas aquela noite em especial estava congelante

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São Paulo costumava ser frio, mas aquela noite em especial estava congelante. Mesmo com o tempo fechado e uma ameaça de chuva, não descartei a ideia de ir até a praia, como fazia todos os dias depois da minha corrida pelo bairro.

Com um copo de bebida quente nas mãos, sorri ao sentir o líquido me aquecer por dentro, enquanto respirava fundo, tentando acalmar o cansaço que tomava conta do meu corpo. Decidi diminuir o ritmo, aproveitando o momento. Nos meus fones de ouvido, uma música relaxante tocava baixinho, e eu cantarolava junto, completamente imersa na melodia.

Foi então que, distraída, não percebi um pastor alemão correndo na minha direção, feito um foguete. O impacto me pegou de surpresa; num instante, eu estava no chão, com o coração disparado e uma mistura de susto e medo. O cachorro me olhava intensamente, mas, ao invés de me atacar, deu uma lambida molhada no meu rosto. Acabei sorrindo com o gesto.

— Você me assustou! — admiti, rindo enquanto ele esfregava a cabeça no meu pescoço, pedindo carinho. Não resisti e passei a mão pelo seu pelo macio e sedoso, nas cores preto e canela. — De onde você veio, bonitão?

O cachorro parecia tão cansado quanto eu, com a língua de fora, ofegante. Depois de um tempo, consegui me levantar e notei a coleira em seu pescoço. Alívio. Pelo menos isso significava que ele tinha um dono.

— Quem será que te perdeu, hein? — murmurei, agachando para fazer mais um carinho.

De repente, ouvi uma voz desesperada ao longe, gritando um nome que não entendi bem. Virei para olhar e avistei um rapaz se aproximando em disparada. Era um cara alto, com uma camisa larga e bermudas jeans, que logo se ajoelhou na frente do cachorro, abraçando-o com força. O cachorro — agora eu sabia que se chamava Zeus — retribuiu, lambendo o rosto do dono, que ria aliviado.

— Aqui está você, seu cachorro bobão — o rapaz brincou. — Não corre mais assim, Zeus! Eu não tenho mais forças pra te acompanhar!

Observando a cena, cruzei os braços e sorri de leve, aliviada também. Logo ele se virou para mim, agradecendo.

— Obrigado por ter parado ele pra mim.

— Na verdade, ele que me parou! — brinquei, rindo.

— O Zeus é meio espaventado mesmo. Desculpa por isso! Ele te machucou?

— Não, não, tá tranquilo. Ele é um fofo!

Ele sorriu e, estendendo a mão, se apresentou.

— Afinal, me chamo Charles.

— Eduarda — respondi, apertando sua mão.

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