A primeira lua cheia

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Como sempre conto com o engajamento de vocês, então votem no capítulo e vamos trocar ideias nos comentários

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POV: Enid

Esse seria o meu primeiro dia de folga do trabalho e ao invés de dormir até tarde, eu precisei resolver algumas coisas no centro da cidade. Eu também precisava comprar mais roupas para o trabalho, sapatos novos e coisas que toda casa precisa, como comida e material de limpeza.

Quando terminei de fazer compras, decidi tomar café na cafeteria da cidade, isso mesmo, só existe uma cafeteria em Jericho, uma franquia cujo dono é o filho do Galpin. Pelo que me disseram o rapaz não vive mais na cidade, foi embora há muitos anos e administra sua rede de cafeterias, de onde quer que seja que ele vive, ninguém parece saber o lugar, existem apenas especulações e muita fofoca. Ouvi todas, enquanto tomava um cappuccino relativamente bom.

Ao chegar em casa, abro a caixa do correio, que está bastante cheia, a maioria panfletos e outras propagandas, contas e por fim, uma carta dos meus pais. Sim, eles ainda escrevem cartas, se recusam a fazer parte desse século, por falar em quem se recusa a ser desse século, recebo também um corvo, com uma mensagem atada ao pé. Será que voltamos para Idade Média e só eu não percebi?

"Venha ao cemitério hoje à noite. Coisas estranhas estão acontecendo".

_Pode dizer a Wednesday que eu não vou. Hoje é a minha folga e além disso, eu não saio de casa na primeira lua cheia.

O corvo grasnou em protesto.

_ Ela pode muito bem vigiar o cemitério sozinha e levar as provas amanhã na delegacia.

A ave alçou voo e voltou para casa, que eu tenho certeza que é a mesma da Addams.

Abro a carta da minha mãe, enquanto jogo minhas chaves em uma tigela e guardo minha arma em uma gaveta trancada.

" 07 de outubro, São Francisco, CA.

Queria Enid, eu e a sua mãe sentimos muito a sua falta. Ainda não entendemos porque você foi embora, sabemos que é bastante ocupada e não podia estar sempre aqui, mas na Califórnia era mais fácil nos visitar, agora não sabemos quando poderá nos ver e sinto um aperto no peito ao pensar nisso.

Seus irmãos passaram a dormir no seu quarto, todos apertados na sua cama. Eles pedem todos os dias para visitarmos você, mas dissemos que não sabemos seu novo endereço. Nos assusta a ideia de cruzar o país, preferimos ficar na nossa comunidade com os nossos.

Sua mãe não fala muito, mas eu sei que ela está bastante magoada e preocupada, nem imaginamos os perigos que você está enfrentando nessa cidade, tememos pela sua vida. Quando decidir voltar, sua família estará de braços abertos".

Amasso a carta e jogo em um canto qualquer. No primeiro momento pode parecer uma mensagem de pais preocupados, mas eu só vejo como eles são controladores, principalmente a minha mãe, com certeza ela fez meu pai escrever cada palavra.

"Quando decidir voltar, sua família estará de braços abertos", isso não é uma demonstração de afeto, é um discurso passivo-agressivo do tipo "quando tudo der errado, pode vir nos pedir desculpas e aceitaremos você de volta". Mas eu estou determinada a fazer Jericho ser o meu lar e as coisas vão ter que dar muito errado para que eu vá embora.

Sem saber o que fazer com o resto do dia, eu decido abrir algumas caixas que ainda estão fechadas e vou arrumando tudo, colocando pratos e talheres nos armários, enfeites em prateleiras e algumas roupas em cabides no closet. Também lavo a louça e deixo a casa com a minha cara, cheia de cor e vida. Almoço bastante tarde, nada muito elaborado, só um macarrão com queijo e acabo cochilando em uma poltrona.

Um estudo em preto e rosa-WenclairOnde histórias criam vida. Descubra agora