Capítulo 6: Aniversário da Delegada

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Era uma noite que Allana pretendia deixar passar em branco. Não avisou a ninguém sobre seu aniversário, evitando qualquer alarde. Mas sua amiga Rafaella, uma médica com um espírito festeiro, não aceitou a ideia de deixar a data passar sem uma celebração. Depois de muita insistência, Rafaella finalmente a convenceu a sair e comemorar. Relutante, Allana cedeu, e as duas acabaram em uma boate da cidade, onde as luzes piscavam e a música ecoava em cada canto.

Allana estava finalmente relaxando, um drink na mão, rindo com Rafaella, quando uma figura familiar surgiu entre a multidão. Era Henrique. Ao vê-lo, seu coração disparou, e por um instante ela pensou que ele pudesse estar ali por ela. Mas logo ela percebeu que ele estava acompanhado – a tenente Érica, uma colega admirada por todos, estava ao seu lado, rindo e envolvida na mesma atmosfera festiva.

Henrique notou Allana e, ao se aproximar, descobriu que era seu aniversário.

— Parabéns, delegada! — ele disse, com um sorriso genuíno e um brilho no olhar que sempre a desarmava. Sem perder a oportunidade, ele a puxou para a pista de dança. A princípio, ela hesitou, mas a energia da música e a presença dele a fizeram relaxar. Em meio às luzes e à batida intensa, os dois dançavam como se o mundo tivesse desaparecido ao redor. Por alguns minutos, esqueceram as desconfianças, os medos e as barreiras que os separavam. Ele a segurava com firmeza, os olhares se encontrando em uma conexão que parecia inquebrável.

Mas, enquanto dançavam, Allana teve uma visão rápida e perturbadora de Érica observando-os à distância. Foi um choque que quebrou o encanto do momento. De repente, a presença da tenente ali pareceu um lembrete cruel de que Henrique não estava sozinho. Sentiu-se traída, uma dor que não conseguia entender, pois nunca permitira que o envolvimento deles fosse algo mais do que profissional – ou pelo menos era o que ela dizia a si mesma.

Henrique percebeu a mudança no rosto de Allana e tentou se explicar.

— Allana, espera... eu só vim aqui com Érica porque ela sugeriu. Não é nada do que você está pensando.

Ela se afastou, sentindo uma mistura de raiva e decepção que queimava por dentro. Aquilo não fazia sentido – por que se sentia traída por algo que nem sabia se queria para si?

"Eu me sinto uma idiota," pensou ela, enquanto saía da boate apressada, o coração batendo acelerado. "Eu não devia me importar assim."

Henrique ficou parado por um momento, observando-a partir. Ele se sentia como o maior filho da puta  bom, o maior idiota do mundo. Jamais quis magoá-la. Sabia que a presença de Érica poderia gerar um mal-entendido, mas não imaginava que a dor nos olhos de Allana seria tão forte.

Determinada, Allana foi para casa, tentando esfriar a cabeça. Mas, minutos depois, Henrique apareceu à sua porta, insistindo em se explicar.

— Allana, por favor, me deixa entrar. Não é o que você está pensando. Eu não estou brincando com você — ele insistiu, tentando se aproximar.

Ela, no entanto, não estava disposta a ceder. Puxando a arma de seu coldre, ergueu-a no ar e deu um tiro para cima, deixando claro que ele devia ir embora.

— Chega, Henrique! Eu não sou uma peça no seu jogo. Você não vai brincar comigo.

Ele recuou, chocado, mas também profundamente arrependido. Sem querer arriscar piorar ainda mais as coisas, deu um último olhar a Allana antes de se afastar, sentindo o peso da situação em seu coração. Aquela noite seria inesquecível para os dois, marcada não só pelo desejo e pela paixão, mas pela incerteza que pairava entre eles.

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