— Chefinho tô te dizendo você deveria ter visto o tal engenheiro, se você não pegar eu juro que pego! O cara é um Deus grego eu quase morri sufocada com a tampinha da caneta!
— E onde aparece essa tampinha de caneta na sua história maluca Michele?
— Ai Chefinho deixa eu terminar de contar poxa! Então voltando ao assunto estava eu lá toda charmosinha com os meus pés encima de outra cadeira... Qual é chefe não me olha assim não, eu juro que todos os clientes já tinham saído e o pessoal da cozinha tava arrumando tudo pra logo mais no jantar! Bem tava eu lá respondendo o teste do Gazeta Lovelândia pra saber se o imprestável do José Astolfo é mesmo minha alma gêmea e me distraí pensando enquanto mordia a tampinha da caneta; é aqui que ela entra na minha história, quando de repente a porta do restaurante se abre e eis que surge um homem, não, um homem não. O Homem! Ae eu só me lembro de tentar respirar e depois aquele homem me apertando por trás, eu vergonhosamente cuspindo a maldita tampinha pra longe e depois dele perguntar pela milésima vez se estava tudo bem mesmo e se eu não queria ir para o hospital ele perguntou sobre as chaves do apê que ele iria morar, aí entendi tudo na horinha e como eu sabia onde o Chefinho guardava as chaves levei o engenheiro pra lá por que o pobrezinho disse que precisava descansar por que tava dirigindo a horas e chefe ele é alto pra caramba e tem pêlos no peito, chefe tô te dizendo se você não pegar eu pego!
— Credo criatura respira nunca ouvi uma pessoa falar tanto sem parar pra respirar!
— Tá chefe mas eu fiz mal em leva-lo lá pra cima sem sua autorização?
— Não Michele, tudo bem. Achei que ele só chegasse amanhã por isso não estava aqui pra recebê-lo. Tenho que acertar alguns detalhes com ele mas isso pode ficar para amanhã. E agora chega com esse fogo todo que não tô atrás de homem pra tirar o meu sossego e eu nem gosto de homem peludo, você tem cada idéia! Agora corre vamos ao serviço que o nosso dia ainda não terminou.
— Ai tô indo, tô indo! — E correu pra cozinha depois de ter levado um tapa na bunda de seu chefinho.
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Já era quase onze horas da noite quando Diego descia a escada rumo ao restaurante após ter dormido tanto e tomado um banho longo e relaxante, só esperava que ainda tivessem algo pra ele comer pois estava faminto, mas quando entrou pela porta de ligação dos apartamentos com o salão do restaurante viu que este já estava arrumado e as escuras; ótimo ele teria que voltar a dormir e de barriga vazia! Suspirou alto e já ia voltando quando escutou um barulho alto de panelas caindo e logo depois uns xingamentos que o fizeram rir, se é que essas palavras pudessem ser chamadas de xingamentos.
— Caju, carambola, caqui! Ai meu dedão do pé! Abobrinha, tomate, pepino! Ai, ai...
Não resistindo a curiosidade andou em direção a porta atrás do grande balcão do salão e que provavelmente era a cozinha (DÃ! Ninguém imaginaria) e ao empurrar a porta que por sinal era vai e vem, vislumbrou um pequeno ser com a bundinha para o alto já que ele encostava a cabeça na grande mesa no centro da cozinha, tal pequeno ser jazia ali com uma patinha levantada — digo um pezinho, o esquerdo — e respirava como uma grávida em trabalho de parto ao que as vezes soltava pequenos resmungos e flexionava os dedinhos das mãos depositadas sobre a superfície de madeira como se assim amenizasse a dor que estava sentindo.
E Diego se divertindo muito com a dor alheia — mentira minha — ele estava momentaneamente cativado pela cena quase fofa do tampinha ali presente, a vontade que ele teve foi de ergue-lo e deposita-lo ali naquela mesa enquanto tirava seu sapatinho e dava lhe um beijinho no dedão ferido, depois bagunçar lhe os cabelos encaracolados e dourados garantindo lhe que a dor sumiria, quase riu alto com os pensamentos, deveria já estar sentindo falta dos filhos, era isso! Limpou a garganta fazendo um alto:— Huhum...
E o pequenino ser rapidamente se aprumou virando se e revelando olhos grande e verdes como a mais bela esmeralda e com pequenas gotículas de lágrimas no cantinho dos mesmos, corou logo em seguida ao ver o belo e grande homem ali parado.
— Oh! Você deve ser o engenheiro Souza Cruz, prazer!
Levantou a mão em saudação que em dois passos rápidos de Diego em sua direção foi apertada quase desaparecendo entre a mão do maior.
Olhando fixamente pra pequena mão entre a sua Digão foi direto:— Sabe o que dizem sobre prazer não é? Satisfação, pode me chamar de Diego e você é?
— Ah, desculpa eu sou Tiago Almeida Prado mas você pode me chamar de Tiaguim é assim que todos me chamam mesmo!
E de repente Tiago sentiu sua mão que ainda era segurada por Digão doer pelo aumento da força exercida no aperto. Gemeu baixinho e olhou pra cima a tempo de ver a expressão do grandalhão mudar de leve e relaxada para uma carranca assustadora...
Continua...
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Seu Urso...
RomanceO destino brincando com dois homens que se conheceram crianças e que se detestavam sem saber porquê (coisas de crianças). Um grandão e um baixinho. Depois de muitos anos sem se verem eles se reencontram e... Se você deseja se divertir com um conto r...