De diabinho á anjinho...

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Notando a cara de sofrimento do baixinho ali presente Digão de imediato soltou a pequena mão tentando varrer para longe o pensamento de que aquele Tiaguim que mais parecia um duende de jardim fosse o mesmo tampinha que infernizava  seus dias lá atrás no fundamental, pois quais a chances deles voltarem ao convívio depois de uns vinte e dois anos? Por certo que esse era outro Tiaguim não é? Não é? NÃO É??? Ah, desculpa gente essa pergunta é pra mim! Não sei Diego, agora cala a boca e volta pra história que a gente descobre! Bom o fato é que a barriga de Digão escolheu essa hora para imitar um leão ou seja ela roncou de fome (só que leão ruge) e ele aproveitou pra implorar pro pequeno cozinheiro um pratinho de sopa pra matar quem o estava matando! É claro que o duende tinha lhe guardado um belo pedaço de lasanha por ter imaginado que o engenheiro acordaria faminto e por que alimentar esfomeados era um prazer (e negócio) pra ele! Depois do grandão ter optado por comer ali mesmo na mesa da cozinha e não no salão, o cozinheiro após ter servido-lhe também uma taça de vinho sentou se em companhia ao maior:

E então, sei que não teve tempo  de conhecer toda Lovelândia ainda mas ao entrar na cidade qual foi sua impressão Diego?

O grandão engoliu um pedaço da lasanha e com um sorriso de esgar:

Que essa cidade continua igual!

Como é? Você já conhecia minha cidade, já à visitou antes?

Não Tiago, eu nasci aqui!

Nossa sério? E você se mudou daqui quando? Quantos anos você tinha? Eu tenho 30, talvez a gente tenha se conhecido na escola, Você estudou na Prof  Maria Aparecida Junqueira? Ah, desculpa! Me empolguei falando muito, acho que é o convívio com a Michele minha funcionária, você a conheceu mais cedo!

Hahaha... Garota simpática! — E depositando os talheres sobre o prato segurou a base da taça levando à boca e sorvendo o último gole do vinho ali presente para vagarosamente baixa-la fixando enfim seus olhos nos do menor:

Sim eu estudei lá pouco tempo, quando sai dessa cidade tinha uns oito anos e acho que talvez tenhamos nos conhecido. Eu era o garoto mais alto da turminha da professora Regina, era o último da fila, me sentava no fundo da sala, quase não abria a boca, era transparente para a maioria menos para uns três alunos que gostavam de se divertir as minhas custas por ser gordinho!  Crianças né! — Riu sem humor e franzindo o cenho:

Nos conhecemos?

E o ocupante da outra cadeira junto a mesa teve a decência de corar envergonhado e a beira de gaguejar emitiu uma quase inaudível exclamação:

V você o garoto que me bateu!

Foi só disso que se lembrou? — perguntou Digão enquanto afastava a cadeira e se levantava calmamente. — Obrigado pelo jantar tardio e supondo que seja seu restaurante o responsável pela alimentação dos operários da construção peço que inclua meu almoço na entrega das quentinhas, salvo os dias que eu desejar almoçar por aqui mesmo e que avisarei com antecedência, qualquer gasto extra que eu possa dar você pode enviar a conta ao escritório central da construtora, assim tudo acertado boa noite!

E dando as costas deixou a cozinha habitada pelo pequeno duende que não encontrava sua voz em lugar nenhum! — E olha que ele procurou até dentro do forninho! Brincadeirinha! (Sem graça eu sei) (个_个)

Hum... bom! Voltando...
Quando o ser tão enigmaticamente pequeno finalmente recuperou sua voz, ele já podia também ouvir vindo do andar de cima berros estrondosos que o fazia se encolher de medo deixando o assim mais baixinho ainda!
A verdade era que se Digão tinha certo trauma do passado, esse pequenino homem de 30 anos também tinha ficado traumatizado com o potente soco dado por nosso adorável Maguila mirim nomeado por mim de Diego, afinal crianças não sabem o que fazem não é? Nosso/meu pequeno detestável ser cresceu avesso à violência, nem ao menos palavrões ele era capaz de proferir. O pequeno diabinho depois do ato ocorrido transformou-se em um pequeno anjinho, afastou se dos outros dois meliantes infantis e seguiu sua vidinha sendo coroinha na igreja da cidade e preparando-se para um dia também tornar-se padre, mas aos quinze anos enquanto Diego traçava e engravidava uma mulher mais velha o baixinho descobria que gostava de beijar um outro garoto na parte de trás da igrejinha o que numa cidade pequena não foi segredo por muito tempo!  Numa hora ele beijava, na outra a cidade inteira fofocava, na outra ele apanhava, em outra seu pai abandonava o lar e ele era o pária de Lovelândia e até conquistar o respeito de todos e se estabelecer como um próspero comerciante muitas lágrimas foram derramadas e batalhas foram vencidas...
Agora ele só precisava agir como o homem (meio) que era, subir os degraus que o levariam até o andar de cima e enfrentar o gigante Golias ou melhor o gigante Diego!

Respira, respira! Você só precisa subir lá; bater na porta, pedir desculpas por trata-lo mal na infância, escutar o pedido de desculpa dele por ter lhe batido, dizer que já o perdoou, desejar lhe boa noite e enfim ir para o seu próprio apê descansar desse dia tenebroso! É isso, respira, respira...

Era o que ele ia murmurando enquanto se aproximava da porta vizinha a sua ouvindo o tom de voz do outro mais amena depois dos gritos de momentos atrás, o grandão falava ao telefone...

Continuo?????


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