O Lobo (não é) Mau

O lobinho (não é) solitário

Era sábado e como de costume, Hyunjin se aventurava pelo museu de papiros e quadros da época Zhashen, o híbrido de furão branco era fascinado pelas artes e histórias que contavam a origem das espécies.

Caminhando pelo corredor onde ficava a seção dos quadros antigos, onde as mulheres eram as principais musas com um grande e maravilhoso destaque que são as orelhas felpudas e rabos magníficos faziam os olhos de Hwang brilhar de fascinação até, repentinamente, esbarrar em alguém.

- Ah, desculpa... - Pediu Hyunjin envergonhado, pois achava que tinha apenas ele naquela parte do Museu.

- Está tudo bem, o erro foi meu. - Ouviu o outro ser tão gentil consigo ao mesmo tempo em que as mãos pequenas e enfeitadas com alguns anéis segurarem a sua cintura em um ato de reflexo.

O aroma de agave com limão impregnou em suas narinas e fez moradia em seus pulmões, fazendo-o gemer agraciado em um ronronar baixo e leve. Mas assim que Hwang encarou o rosto do outro, soube naquele momento que além de ser um alfa, era também um lobo. Uma das últimas espécies em ameaça de extinção e a única espécie em que seus pais insistiam em lhe avisar para se manter longe.

Todavia, se os lobos descritos pelos seus pais como monstros sanguinários e impiedosos são como esse em sua frente, deveriam ter pontuado com vigor sobre a beleza deles, pois, puta que pariu, que lobinho mais lindo que já viu. Com os seus olhos azuis, sardas espalhadas pelas bochechas e nariz, lábios tão vermelhos como um morango, orelhas grandes, pretas e arqueadas, rabinho da mesma cor citada balançando de um lado para outro, em uma ansiedade óbvia, sem dizer o quão interessante era o corpo pequeno naquelas vestimentas formais, tudo isso era demais para o furão branco.

- Você está bem? - Ouviu a pergunta, mas sua mente ainda rondava no aroma gostoso.

- Uhum. - Deixou escapar um murmúrio desconexo.

- Então... posso te soltar? - A hesitação era perceptível na voz do híbrido de lobo.

Hwang deixou escapar um sorriso malicioso, logo passando o músculo úmido pelos lábios carnudos. - Depende, vai me devorar depois?

Hyunjin não poderia negar que gostou da forma que o híbrido de lobo ficou acanhado diante de sua sugestão direta, mas odiando logo em seguida ao ser soltado tão rapidamente, poxa, queria brincar só mais um pouquinho.

- Você é estranho, garoto. - Ah, a risada rouca e profunda do híbrido de lobo soou tão gostoso que quase o Hwang revirou os olhos de pura satisfação. - Seus pais não ensinaram que um lobo pode ser perigoso?

- Sim, ensinaram muito bem, mas sabe como é, um perigo é sempre bom. - Hyunjin arrastava as palavras como uma provocação leve ao mesmo tempo em que brincava com os botões da camisa do outro. - E também, você parece ser bem mansinho, certo lobinho?

- Certo... - As mãos pequenas do híbrido impediu-o que continuasse a saciar a sua curiosidade em relação a pele macia. - Eu preciso ir, estranho, espero nunca mais te encontrar.

Hwang observou o outro sumir de seu campo de visão ao virar-se no fim do corredor com passos firmes e uma postura que além de ser elegante, causava uma inveja em qualquer um, até mesmo no híbrido de furão, enquanto um beiço emburrado enfeitava os lábios cheinhos.

Acreditando que realmente não poderia mais encontrar o lobinho de madeixas cinzas ou aparentemente, era quase essa tonalidade de cor, Hyunjin voltou a observar os variados tipos de pintura pendurados em uma parede de cor opaca e bastante neutra, uma estratégia para destacar os quadros. Mas, o rosto do lobinho de sardas adoráveis não saia da mente de Hwang e não era que ele tentasse afastá-lo de qualquer forma, pois pelo menos em sua cabeça poderia imaginá-lo da forma que quisesse.