reckoning - 04

6 1 0
                                    

A conversa continuou por mais horas, e, entre risadas e troca de ideias, o trabalho ficou em segundo plano. Beomgyu estava tão absorvido nas palavras de Kai que mal percebeu o tempo passar. Falaram sobre o grupo, sobre Soobin, Taehyun e até sobre coisas mais leves, como filmes e música. Mas, no fundo, Beomgyu já tinha cumprido o seu objetivo — ele havia plantado a dúvida em Kai, fazendo com que ele pensasse mais sobre seus sentimentos por Soobin. A conversa terminou sem que tivessem feito realmente o trabalho, mas Beomgyu não se importou.

Aproveitou o momento para se levantar, sorrindo, como se tudo tivesse sido natural e sem grandes intenções.

– Eu vou indo, Kai. Vou deixar você descansar um pouco. Esse dia foi longo demais, – disse Beomgyu, já pegando sua mochila.

Kai o acompanhou até a porta, ainda um pouco pensativo, mas sem saber exatamente o que estava se passando em sua cabeça. – Tá bom, Beomgyu. Valeu pela companhia, – respondeu, tentando sorrir, mas ainda com aquele ar de dúvida no rosto.

Beomgyu deu um aceno, saindo da casa de Kai com um sorriso discreto, satisfeito com o que havia causado. Ele sabia que Kai agora tinha uma escolha difícil pela frente, e isso só poderia gerar mais caos — algo que Beomgyu, como o karma, adorava observar.

Ao chegar em casa, Beomgyu se jogou na cama, ainda com o sorriso no rosto. Ele sabia que as peças estavam se movendo exatamente como ele queria. Agora, só era uma questão de esperar o que aconteceria a seguir.

Yeonjun acordou de repente, suando, em um ambiente escuro e abafado. Sua visão estava turva, e tudo ao seu redor parecia distante e distorcido, como se estivesse assistindo a algo que já tinha acontecido, mas não conseguia mudar. Ele não sabia exatamente onde estava, mas logo percebeu que era o cenário daquela noite – a noite que ele jamais conseguiria esquecer, embora tentasse.

Sonho/flasback

O cheiro da fumaça das caldeiras e o som das risadas o preencheram, enquanto ele observava a cena se desenrolar diante de seus olhos. Ele se viu ali, no meio dos meninos, todos eles de pé, em volta de Heeseung, que estava visivelmente nervoso.

— Vai logo, Heeseung!— Soobin exclamou, o sorriso largo. —  É só um desafio, você tem que passar pelos fios, sem levar choque. Vai ser fácil, nem vai doer — ele completou, rindo.

Yeonjun riu também, se divertindo com a situação. Ele sabia que Heeseung estava com medo, mas o que mais o atraía era o poder de estar no controle. Ver Heeseung tremendo era divertido, e todo o grupo estava em cima dele, pressionando para que ele seguisse com o desafio.

— Vai lá, Heeseung, nem é tão difícil. Se você não conseguir, vamos zoar muito de você depois! — disse Yeonjun, tentando esconder a diversão com uma leve provocação. Ele queria que Heeseung se mostrasse forte, mas também se sentia bem em vê-lo frágil, inseguro.

"Não... não faça isso..." ele pensou, mas não podia falar. Ele estava preso, como um espectador, sem poder mudar o curso dos acontecimentos. Ele assistiu enquanto seu eu do passado provocava Heeseung, desdenhando dele com os outros.

— Eu sei que você pode, Hee, só vai. Você não vai deixar a gente esperar por muito tempo, vai? — disse Kai, com um sorriso amigável, mas com um tom de brincadeira que fazia o nervosismo de Heeseung crescer ainda mais.

Heeseung estava nervoso, muito nervoso. Ele olhou para os outros, em busca de algum tipo de apoio, mas o que encontrou foi uma multidão de rostos esperando a sua falha. Ele respirou fundo e começou a andar em direção à parte com os fios elétricos.

— Cuidado, Heeseung, não vai acabar virando churrasco! — Yeonjun riu, dando um empurrão no ombro de Taehyun, como se aquilo fosse só uma piada. A diversão estava estampada nos rostos de todos, mas Yeonjun não sabia que a situação estava prestes a tomar um rumo que ele nunca imaginaria.

Reckoning Onde histórias criam vida. Descubra agora