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"Q, S, F, Q, B, S, F, traço, T, F. B, U, B, D, B, S, P, B, S"...

Minha mente repetia de forma incansável a pequena sequência de letras que Berilo me dera, tentando entender qual era a mensagem oculta por trás delas.

Ajeitei minha posição, apoiada sobre meus cotovelos na amurada de uma das varandas do Palácio de Filito, sede do trono do meu pai — ou simplesmente "casa", para mim — enquanto afiava as garras de metal que sempre levava penduradas sob as saias dos meus vestidos.

Se eu já queria decodificar a mensagem do Grande Rei Cefas antes, depois que passei a mensagem para o meu pai e vi sua reação, minha curiosidade ficou ainda mais aguçada.

A primeira coisa que fiz quando cheguei em Prados, hoje no fim da tarde, foi ir até meu pai, que estava em seu escritório.

"Majestade" falei, depois de ter sido anunciada e fazer uma reverência para ele. "Tenho uma mensagem do Grande Rei."

"Uma mensagem do Grande Rei?!" Os olhos de meu pai se arregalaram e ele estendeu a mão para mim de forma efusiva. "Dê-me logo, então!"

"Não foi em papel."

"Ah." Meu pai exclamou, conforme a informação contida no simples fato de uma mensagem ter sido enviada sem nenhum tipo de registro se assentava em sua cabeça.

Ele se aprumou em sua grande cadeira de espaldar e mandou que os dois guardas presentes na sala saíssem.

Quando ficamos a sós, meu pai me disse:

"Prossiga."

"O Príncipe Berilo, que foi quem me passou a mensagem, disse para eu repetir a seguinte sequência de letras para Vossa Majestade. Ele garantiu que Vossa Majestade entenderia..." Apesar de ser meu pai e ter carinho por mim, ele exigia que o tratássemos por seu título.

"Então foi Berilo quem lhe transmitiu a mensagem...?" Os olhos de meu pai vaguearam ao redor da sala, perdido em pensamentos. Logo em seguida ele voltou sua atenção para mim. "E qual é a sequência, minha querida filha?"

"Q, S, F, Q, B, S, F, traço, T, F. B, U, B, D, B, S, P, B, S".

"Ótimo! Vamos lá." Meu pai esfregou uma mão na outra antes de pegar uma caneta e um dos pedaços de papel que estavam espalhados em sua mesa, então disse: "Repita."

Imediatamente abri a boca para recomeçar, mas meu pai ergueu a mão.

"Não daí!" Ele ralhou. "Venha mais perto."

Obedeci, parando na frente da mesa.

"Mais perto."

Fui até seu lado.

"Agora repita. Em voz baixa."

Quase sussurrando, falei mais uma vez a sequência dada por Berilo. Conforme eu enunciava as letras, meu pai as transcrevia. Quando finalizei, ele anotou rapidamente todas as letras do alfabeto em um canto do papel e começou a decodificar.


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Ele escreveu apenas duas letras e então pareceu se lembrar de mim, uma vez que me olhou alarmado.

"O que ainda está fazendo aqui?" Ele brigou.

Ergui as sobrancelhas.

"Eu..." Procurei pelas palavras. "Não sei, Majestade... Vossa Majestade não me disse o que fazer, então fiquei."

Aliança de PedraOnde histórias criam vida. Descubra agora