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Tinham passado duas semanas e os inspectores tinham desaparecido. todo este lugar parecia deserto sem aquele movimento. Martha começava a ficar paranóica mas obrigou-se a parar, não podia, para o bem dela e dos paciente, andar num estado de nervos assim tão grande. Então aqui estava eu, a caminha da primeira sessão normal. 

Martha estava sentada na cadeira, olhando a chuva que caía lá fora, com um vestido preto de mangas compridas e com o cabelo apanhado numa trança em coroa. Parecia uma menina. Os olhos azuis estavam mais acinzentados e os lábios não tinham a habitual cor vermelha, apenas um rosa pálido, fazendo o contraste entre a sua pele branca não se notar.

Parecia uma cena saída de um filme indie com um efeito  apagado. O casaco que estava pendurado no cabide era comprido e largo, cinzento claro, de um tecido quente que contrastava com o veludo preto que ela trazia no corpo. Sentia-me na adolescência de novo, quando era inverno e as miúdas de 18 anos sentava-se à janela do comboio, à espera de alguém, a olhar. Não era por mim. Nunca era por mim. 

- Martha. - a minha voz saiu num sussurro estrangulado. Ela olhou e sorriu, sentia-me tonto.

- Senta-te. Vamos conversar. - Havia toda uma aura tranquila naquele momento, sentia-me preso ali, como se não quisesse acabar. O meu corpo relaxou quando me recostei à cadeira. - Tenho alguns assuntos que quero resolver. Queria falar de como encontraste os corpos e se tivermos tempo ainda revejo outras coisas que quero esclarecer.

- Tu não vais acreditar em mim. - Digo, encolhendo os ombros. 

- Experimenta. - Ela assegura. 

- Vais acreditar se eu disser que me contaram? - Mordo o lábio. Devia contar? Sentia-me realmente calmo.

- Quem te contou, Zayn?

- Não vais acreditar em mim.

- Eu vou. 

- Mesmo que eu diga que podia ter tudo sido um sonho? Era uma menina, sabes? Tinha uns 7 anos. Não tinha cara. Lembrava-te o vazio, se olhasses para ela. Tinha cabelos pretos como a noite e não tinha cara. Era gelada, como um cadáver. Ela guiou-me até eles. Tu não vais acreditar em mim quando tudo isto podia ter sido um sonho. Como um sexto sentido, como se soubesse prever tudo. Mas eu cortei o pé, e toquei na Sally, e senti e ouvi. Era real. Tu não vais acreditar em mim, porque segundo tudo aquilo que estudaste, tudo aquilo que acreditas, diz que sou louco. Que ouvir vozes não é normal, que matar pessoas é errado. Tu não podes acreditar em alguém em quem não tens fé. Tu não vais acreditar em mim, porque é isso que és paga para fazer. É suposto duvidares de mim, como se cada palavra proferida fosse uma mentira agoniante, e toda esta história parece uma grande mentira contada à pressa por alguém completamente fora de si. Sou um lunático, eu sei que é isso que vais escrever no relatório. 

- Zayn...- Ela suspira e olha-me com compaixão. - e se eu acreditar? Não somos todos um pouco loucos? Isso parece mentira, sim, mas olha para nós. Eu ouço coisas à noite e pergunto-me se daqui uns meses não estarei na ala feminina, aí sim, a relembrar tudo o que aprendi. Conta-me tudo.

Suspirei. Só me apercebi que tremia quando tento acender o cigarro e o isqueiro fugia por entre os meus dedos. 

- Ela acordou-me. Abriu a minha porta do quarto, seria impossível, os guardas fecham-na, mas ela mostrou-me um pequeno arame e conseguiu abri-la.  Depois levou-me pelo corredor fora, a meio do caminho percebi para onde íamos mas se ela me estava a levar eu tinha de ir. Dei-lhe a mão. Parecia um icebergue.  Depois parámos em frente às portas brancas e ela abriu-as e acendeu a luz. Eu estava curioso, normalmente os meus sonhos não são da realidade atual. Então ela ficou na porta e eu caminhei pela sala.- Passei as mãos pelo cabelo preguiçosamente. - Cheirava a sangue e a tabaco. E depois eu pisei uma seringa antiga porque estava distraído a olhar para as coisas horrendas que lá estavam. Os hospitais psiquiátricos são sítios desumanos. Depois abri a porta mais pequena e lá estavam eles. três corpos em repouso. Conseguia ouvir alguém dizer "Ninguém te vai salvar." mas não era ela. no entanto ela estava coordenada com a menina. Corri o mais depressa que pude e fechei-me no quarto até ir ter contigo no outro dia de manhã.

- Disseste ela? - A sua expressão era ilegível. 

"Não estarás a abrir demasiado o jogo?"

- Sim, mas isso não é nada para agora. - Martha parecia compreender, ajustou alguns papeis e suspirou. - A sessão tem de acabar, eu vou para um funeral.

"Ela irá descobrir e ninguém te vai salvar, Zayn. "

- Quem morreu? - questionei, inclinando a cabeça para o lado. Havia um brilho nos seus olhos.

- É o funeral da Johanna. Eles só o deixaram fazer agora porque o corpo era uma prova de crime. - Sentia o meu coração partir-se. e como se ela percebesse isso, acrescenta, - Lamento imenso, Zayn. Quero que faças algo para a próxima sessão. - ela retira algo da secretária. - Escreve uma carta a alguém que te fez mal, e antes de reclamares pensa bem nisso. Estou muito orgulhosa da nossa relação, Zayn, acho mesmo que confias em mim e isso é fantástico. Quero que faças isso para que perceba como te sentes. - Ela empurra dois lápis e uma caderno preto para o meu lado. - Podes também desenhar. Eu só te quero entender. Liberta o que tiveres fechado. Se não fizeres nada eu vou perceber. Se não tiveres motivação, fá-lo por mim.

Essa pequena frase despertara um fogo nunca antes sentido.

" Não te apaixones."

Sociopatas não se apaixonam, certo?


___ 

Hi,

No próximo capitulo vão ficar a saber um pouco sobre o zayn.

Vocês odeiam tanto as atualizações do Wattpad como eu ? ugh.

Desculpem se estiver muito pequeno.

Beijinhos gosto muito de vocês.

PS: tenho uma nova fanfic do Michael clifford, se quiserem vão lá espreitar, está no link externo :)

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⏰ Última atualização: Sep 02, 2015 ⏰

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