III

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Entrei na sala de paredes brancas e sentei-me na cadeira à frente da secretária enquanto Martha mexia no armário grande com os processos. sussurrava as letras do abecedário até chegar a . M. Malik, Zayn. tirou a pasta azul esbranquiçada e atirou-a para cima da secretária.

"Ela é tão diferente de todas as outras."

Ajeitei-me na cadeira para ela saber que a ouvi. Agora não podia falar com ela. Não gostava quando os médicos me viam a fazer isso. Achavam-me maluco , que piada! ninguém acredita que ela é real. mas ela é. é uma alma, um fantasma, uma pessoa sem corpo. um espírito que se apoderou de mim. eu não sou maluco, ela é que é. ninguém entende. ninguém entende o que é não ter controlo do seu próprio corpo ou das coisas que faz, ou pensar naquilo que não se pretende. Não me dou ao trabalho de explicar, sequer. ninguém quer entende. ela fez aquelas coisas, eu pago o preço. apesar de ter de admitir, tive prazer. 

- Zayn - A voz da médica atordoou-me. - Já temos consultas à quase um mês. preciso de saber se notou alguma melhoria, ou se preciso de lhe ajustar a medicação. - ela sentou-se e moveu o cinzeiro para mais perto de mim, sorrindo. Ainda bem que ela já sabe o que quero. O vestido verde escuro fazia-lhe as coxas grandes, desfavorecia-a.

-Esse vestido fica-lhe mal sabe, tem roupa que lhe assenta melhor. - Sorri e ela revirou olhou-me.

- diga-me; sente-se bem com as mudanças ? - ela pegou na caneta desajeitadamente e enfiou-a entre os dedos da mão esquerda. Filha do diabo, hum? é pena. ela parece-se com um anjo. Como é que ainda não tinha notado que era canhota?

- mudanças? - franzi o sobrolho e ela tomou notas sobre o meu comportamento. claro que eu sabia do que ela estava a falar, mas era divertido. vê-la dizer naquelas folhas sujas que eu não reparo nos outros o que não era habitual nos sociopatas. Não reparo nos pormenores. ui, que raio de nome. achei que era tempo de a deixar mais descansada em relação ao meu diagnostico. - apenas noto que há menos um par de mamas a chatear-me. - ela lança um olhar ofendido e eu solto uma enorme gargalhada. - pessoas inúteis não fazem falta- disse num tom amargo.

-Acha que as mulheres são inúteis? - ela retorquiu e eu revirei os olhos e acendi um cigarro.

- A Sally não pertencia aqui, esta é a ala masculina, caso não tenha reparado - sorri azedamente e ela torceu o nariz - era uma verdadeira criança e o simples facto de ela estar aqui comprova que todas as psiquiatras que já cá estiveram são incompetentes, porque sempre que a tentavam transferir para a ala feminina ela matava alguém. está de parabéns, mas dou-lhe uma semana até ela mudar-se de novo.

- Veremos - a médica disse e pude notar um pouco de maldade no olhar.- impressiona-me saber a ficha clínica dela. - soltei um riso de ar

- toda a gente sabe a de toda a gente, de trás para a frente, principalmente a dela.  - movimentei as mãos no ar com dificuldade por causa do peso das algemas. - A Sally matou quatro mulheres que achava que eram más professoras de infância porque a professora dela abusou e maltratou-a e depois de as ter matado entrou numa psicose qualquer e está a viver a infância de novo. sim, blá blá blá - revirei os olhos e pousei calmamente as mãos na mesa enquanto ela tirava notas. não podia deixar de reparar no seu peito que descia e subia a uma velocidade de caracol. o cabelo de mel escorreu para a cara dela e, com muita delicadeza,puxou-o para trás da orelha. 

- Não vamos discutir as fichas dos outros pacientes, hoje gostava de lhe falar da sua doença. - revirei os olhos e ela bufou - por favor Zayn, é importante. 

- Sim claro - endireite-me na cadeira.

"ela sabe zayn, ela sabe."

A sua voz estava trémula e preocupada.

- toda a gente sabe. - deixei escapar. Martha olhou para mim com um ar confuso. 

- que disse?

- nada.- levantei-me e fui até à janela. - sabe...- a médica virou-se para mim e ouço-a murmurar um "sim" curioso - prefiro que nos tratemos por tu.- a médica suspirou e assentiu.

"ela sabe." 

Sentei-me de novo e apercebi-me que nem sequer tinha fumado, o cigarro estava intacto mas em cinzas, isso nunca acontecia. 

- Zayn, sabes a diferença entre psicopata e sociopata? - ela falou com um brilho estranhos nos olhos e com um sorriso macabro. simplesmente abanei a cabeça , desinteressado. - A psicopatia é a doença em si, depois há variantes. Ambos são bastante parecidos. têm uma inteligência a cima da média, são obsessivos, possessivos e sabem os limites de tudo, apenas sentem uma necessidade incansável de quebrá-los. Eles matam por matar. Não sentem empatia, e o seu centro de prazer ativa-se ao ver dor infligida nos outros, como um tipo de masoquista. Os psicopatas têm atos violentos e imprevisíveis, são também pessoas que ligam mais os pormenores. Há uma grande diferença entre eles; os psicopatas tendem a ter malformações no cérebro enquanto que os sociopatas têm um cérebro perfeitamente normal, como o meu, por exemplo, por isso acredita-se que os psicopatas nasçam com a doença gerada por desequilíbrios químicos e os socopatas a adquiram com o tempo, normalmente por serem forçados a grandes traumas e maus ambientes na infância.  Existem sociopatas que nunca chegam a matar, apenas são pessoas horríveis, alias, eles sabem o que é certo e errado e o que é a moral, apenas decidem não segui-la. - ela fez uma pausa para respirar e reclinar-se na cadeira. havia qualquer coisa de errado com ela. bebeu um copo de água e ajeitou as folhas. suspirou. Observei-a de perto, todos os contornos da sua cara, todos os pormenores. - Ted Bundy era um psicopata, o seu tipo de vitima era sempre o mesmo; mulheres bonitas, de cabelos escuros, perfeitas como cheerleaders. O seu charme enganava todas as mulheres. Ele atraía-as para o seu carro, espancava-as e levava-as para um local remoto onde as pudesse violar e matar. São pessoas mórbidas, Zayn, mas não posso esconder que me fascinam de certo modo. -  ela sorriu. havia algo de errado. 

"ela sabe."

mostrei um ar desconfiado e limitei-me a apagar a beata. Dylan abre a porta e aproxima-se da médica que batalhava comigo com o olhar, sussurra qualquer coisa e ela levanta-se.

- Terei de ir. Acabamos isto na quinta, Zayn. - Levantei-me e Dylan tira as minhas algemas. fui até ao quarto e deitei-me na cama a dormitar.

Acendi um cigarro pois acordei muito irrequieto com o que a médica me tinha dito à umas horas. as minhas mãos estavam suadas e tremiam. havia flashes e e gritos a percorrer a minha cabeça; Lembrei-me então da primeira vez. Dos desesperados gritos por socorro, pelas tentativas falhadas de se soltar, dos choros indetermináveis, da maquilhagem esborratada, dos cabelos bagunçados, da espera. do fim. De todos os músculos do seu corpo se relaxarem e pararem, do silêncio aterrador mas pacifico que se instalou, dos olhos ficarem baços , da cor rosada das suas maças do rosto de tanto espernear ser trocada por uma cor pálida. do vermelho vivo por todo o lado, na roupa, no chão, mas mãos, na testa. estava morta. havia um certo prazer em ver a sua alma abandonar o seu corpo. as pupilas dilatadas , a adrenalina no meu corpo e o sorriso incontrolável . A minha sede avia sido saciada, por momentos. Não me lembro do seu nome, apenas do enorme prazer que me deu. A minha primeira vitima. 


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ayeeeeeeeeeeeee

consegui publicar, batam palmas a mim

espero que gostem deste capitulo, porque para ser honesta eu gosto muito, pode não ser o melhor, mas gosto haha

deixam a vossa opinião nos comentários e votemmmmmmmmmmmm


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Sociopath // z.mOnde histórias criam vida. Descubra agora