Três anos depois.
Nos anos que se seguiram a morte de Bruno, Gabrielle Barenson de algum modo conseguio retomar a vida. Mais isso não aconteceu logo. Os primeiros anos foram difíceis, mas com o tempo sua perda se transformou em algo suave. Embora amasse Bruno e soubesse que parte dela sempre o amaria, a dor não era mais forte quanto antes. Agora quando pensava em Bruno, era com um sorriso no rosto, grata por ele ter feito parte de sua vida.
Também se sentia grata pro Bisteca. Bruno tinha feito a coisa certa ao comprar um cão para ela. De certo modo, o cachorro lhe possibilitara a seguir em frente.
Mais neste momento, deitada na cama em uma manhã fria de primavera em Swansboro, Gabrielle pensava no apoio maravilhoso que Bisteca representara pra ela nos últimos três anos. Em vez disso, maldizia a existência dele enquanto se esforçava para respirar e pensava: não acredito que vou morrer assim.
Esmagada na cama pelo meu próprio cão.
Com Bisteca esparramado em cima dela, Gabrielle imaginou seus lábios ficando roxos por falta de oxigênio.
- Levante- se, seu cão preguiçoso - disse ofegante.
- Você esta me matando.
Roncando profundamente, Bisteca não deu ouvidos a Gabrielle, que começou a se contocer, tentando acorda-lo. Sufocando sob seu peso, tinha a sensação que havia sido enrolada num cobertor e jogada no rio, como a máfia costumava fazer com suas vítimas.
- Estou falando sério - disse com dificuldade.
- Não consigo respirar.
Bisteca enfim levantou a suabgrande cabeça,piscou os olhos e a encarou, sonolento. Porque esse barulho todo?- parecia perguntar. Não está vendo que estou tentando descansar?
- Saia! - ordenou Gabrielle.
Bisteca bocejou, encostando seu focinho frio no rosto dela.
- Ok, ok bom dia. Agora saia.
Com isso, Bisteca bufou e se levantou, pisoteando várias partes do corpo de Gabrielle. Ele ficou mais alto. Mais alto. E mais alto. Um instante depois, assomava acima dela com um único fio de baba escorrendo da boca, parecendo ter saído de um filme de terror barato. Meu Deus, pensou Gabrielle, ele é enorme. A esta altura eu já devia ter me acustumado com isso. Ela respirou fundo e olhou pra singer, franzindo as sobrancelhas.
-Eu falei que você podia dormir na minha cama?
Bisteca costumava dormir em um canto do quarto. Mas nas últimas noite havia se esgueirado para a cama e deitado ao lado dela. Ou, mais exatamente, em cima dela. Cão maluco.
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A Amada
RomancePrólogo: Exatos vinte e cinco dias após ter segurado a mão de seu marido pela última vez, Gabrielle Barenson estava sentada na sua varanda, olhando as ruas desertas de Swansboro, Carolina do Norte. Era Um Dia Frio. O céu estava fechado havia uma...