I10I - Queda

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Minha respiração se acelera enquanto o mundo gira ao meu redor, minha cabeça balançando descontroladamente a cada passo que ele dá.

Ele não está apenas andando, mas correndo.

- O que você pensa que está fazendo? - Tento gritar, mas minha voz sai abafada e distorcida pela posição em que estou.

Consigo ver o terreno mudando sob seus pés, de grama e folhas secas para terra fofa e úmida, com algumas rochas que ele habilmente desvia. Tento olhar adiante e me surpreendo ao perceber que estamos subindo uma pequena elevação.

- Seu idiota, cabeça dura! - Digo, tentando arrancar alguma resposta dele.

- Ai está a verdadeira princesa de Laldean. - Responde, diminuindo a constância de seus passos.

Posso ouvir o som de agua corrente, talvez estejamos perto de um rio.

- Raymond, me coloque no chão. - Peço tentando controlar minha voz, mas ele apenas ajusta meu corpo sobre seu ombro.

O som da água corrente se torna mais próximo, misturando-se ao farfalhar das folhas e ao impacto firme dos passos dele. Tenho um mal pressentimento.

- Você parece gostar do meu nome - ele diz, parando finalmente. - Estou curioso para saber como descobriu.

Com um gesto brusco, ele me põe no chão à sua frente, minhas costas contra ele. À minha frente, percebo que estamos na beirada de um penhasco. Lá embaixo, um rio corre violentamente em direção a uma queda d'água.

Seus dedos apertam meus ombros, empurrando-me para a beira. Tento recuar, mas ele me mantém firmemente no lugar.

Engulo em seco quando ele se aproxima ainda mais, bloqueando qualquer chance de fuga.

- Agora, você vai me contar o que preciso saber. - Sua voz é baixa, carregada de uma determinação cruel.

Cometi um erro. 

Por que não levei a sério que este Raymond poderia ser completamente diferente do Raymond que conheci, pensei que poderia usar os truques que aprendi com ele e impressiona-lo. 

Que burrice.

Somos completos estranhos um para o outro.

- Eu... - Tento falar, cometendo o erro de continuar a olhar para baixo. 

Ele parece determinado a me empurrar, se eu não conseguir satisfazê-lo com uma resposta. Mas, mesmo que eu seja sincera, ele não parece interessado em tentar ler a verdade em minhas palavras.

Sinto minhas mãos começarem a tremer e cada segundo durar uma eternidade enquanto tento pensar em algo.

- Fale. - Ordena, seus dedos apertando onde me tocam. - Como descobriu o meu nome?

- Você não vai me empurrar, precisa de mim. - Arrisco.

Raymond ri, mas é um som seco, desprovido de humor, um som que me assusta.

- Preciso? - Ele diz, e a pergunta é mais uma ameaça do que uma dúvida. - Talvez eu anseie mais por retaliação do que por uma negociação.

Sinto o peso da ameaça em suas palavras, uma advertência clara de que ele não se deixará levar por blefes e com isso ele me empurra.

Grito sentindo meus pés balançarem no ar, a mão dele em meu braço esquerdo é tudo que me mantém a salvo da queda.

- Está com medo? - Ele pergunta, a voz fria e carregada de desprezo. Seus olhos me observam, avaliando cada reação, como se eu fosse um enigma que ele precisa decifrar. - É bom que sinta medo de mim.

Sombrio - Vermelho vol.2Onde histórias criam vida. Descubra agora