Capítulo 6: O renascimento da esperança

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A foice de Fiddlesticks avançou em um arco rápido, cortando o ar com um som que parecia a própria morte em movimento. Lirian se jogou para o lado, o calor da armadura irradiando ao máximo enquanto seus pés se moviam com agilidade instintiva. A lâmina passou perto, tão próxima que ela sentiu o deslocamento do ar raspar a pele. O medo pulsava em cada batida de seu coração, mas ela era uma guardiã, uma guerreira de Ixtal, e o pavor não a dominaria sem luta.

Com um salto, Lirian usou o calor para se impulsionar aterrissando ao lado de Fiddlesticks e desencadeando uma onda de impacto que o lançou brevemente para trás, desequilibrando a figura retorcida. Fragmentos de vidro cintilavam no ar, e Lirian sentiu o poder familiar preencher seus movimentos, discos de vidro se formaram em suas mãos e seus ataques agora seriam cortantes e letais, se ela estivesse lutando com algo mortal, mas na verdade seus golpes apenas faziam a pele do espantalho artificial rachar e emitir um vapor fétido.

Mas Fiddlesticks não se afastou. Ele gargalhou, um som sem forma que ecoava por toda a clareira, preenchendo o ar com uma vibração que parecia penetrar os ossos de Lirian. Ele ergueu seus longos braços e, em um movimento que parecia uma dança macabra, as sombras ao seu redor se esticaram e se torceram, formando olhos que a observavam, bocas que sussurravam o que ela não conseguia entender.

Lirian se protegeu usando a Refração Defensiva, criando um escudo de espelho em torno de si. A luz refletida cegou momentaneamente as figuras sombrias ao seu redor, e ela sentiu o aumento de sua resistência pulsar em sua pele. Ela deu um passo à frente, determinada a enfrentar a ameaça.

Mas então, a risada de Fiddlesticks ecoou de novo, e o mundo tremeu. O chão sob seus pés parecia ondular, e a clareira começou a desvanecer. Os corvos, as sombras, até mesmo o calor de sua armadura, tudo se dissolveu em um sopro frio. Quando seus olhos se focaram novamente, ela não estava mais na floresta. Estava em um quarto escuro e familiar, onde as paredes apertadas tinham um tom que a fazia se sentir pequena e impotente.

— Você nunca foi boa o suficiente. — A voz áspera do pai ecoou como uma sentença, e ela viu a figura dele se aproximar, os olhos cheios de desprezo. Sua mãe estava ao lado, os braços cruzados e a boca retorcida em um sorriso de desdém.

— Por que você insiste? Você é uma decepção, sempre foi. — A voz cortou como lâmina, cada palavra uma rachadura na alma de Lirian.

Ela tentou falar, mas as palavras ficaram presas em sua garganta, o calor que antes a envolvia agora inexistente. A humilhação queimava mais do que qualquer chama que já conjurara, e as figuras de seus pais se tornavam mais altas, mais ameaçadoras, o espaço em volta dela diminuindo a cada segundo. O medo primal da solidão, do abandono, a engoliu.

E foi então que ela sentiu. A dor cortante que rasgou sua lateral e a trouxe de volta à realidade com uma clareza cruel. A foice de Fiddlesticks encontrara sua carne, o metal frio atravessou sua armadura de vidro arrancando um grito que ecoou na noite. Ela caiu de joelhos, uma mão pressionando a ferida enquanto o sangue escorria quentemente entre seus dedos. A figura do espantalho se inclinava sobre ela, as órbitas vazias e brilhantes observando, como se saboreasse cada momento de seu desespero.

Lirian em o Crepitar da EsperançaOnde histórias criam vida. Descubra agora