O Ataque Goblin

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Marcos e Diggy ficaram por um bom tempo falando sobre os bandidos do acampamento na região.

— Nessa situação assim, só podemos rezar e esperar por algum milagre. **Diggy volta para a forja e começa a trabalhar.**

Marcos volta até o poço. O tempo passa e a noite cai, o lugar era silencioso demais para aquele horário, e uma sensação de opressão pesava no ar, como se a própria terra estivesse à beira de um grito. Caminhando pelas vielas estreitas e de terra batida, ele sentiu o olhar desconfiado de alguns moradores espiando por detrás das janelas empoeiradas.

No centro da vila, uma figura imponente aparece. Era o chefe do vilarejo, um Orc chamado Thurgar, alto como uma montanha, com pele verde-acinzentada coberta de cicatrizes antigas e olhos brilhando como carvões em brasa. Ao contrário do que Marcos esperava, Thurgar não era o típico bruto sem cérebro. O Orc usava uma armadura remendada, mas bem cuidada, e carregava um machado pesado às costas. Ele governava o vilarejo com firmeza, mas parecia respeitado, até mesmo pelos humanos que ali viviam.

— Você é o estrangeiro, que está com a irmã do Diggy? **Rosnou Thurgar, com a voz grave ecoando pelo espaço aberto.**

Antes que Marcos pudesse responder, um grito cortou o ar como uma faca. Das colinas ao norte, uma horda de goblins emergiu, olhos brilhando de malícia enquanto avançavam como uma maré negra. Portando lanças enferrujadas e facas lascadas, eles se moviam com uma agilidade sobrenatural, prontos para devorar qualquer coisa que encontrassem pela frente.

Marcos e Thurgar trocaram um olhar rápido e silencioso. Sem precisar de mais palavras, ambos correram em direção a entrada do vilarejo. Thurgar, com a experiência de um veterano de incontáveis batalhas, rapidamente começou a organizar os aldeões para defender suas casas. Marcos, ainda que um forasteiro, não pôde deixar de sentir a urgência da situação. 

"Caramba, ele manteve o controle da situação bem rápido"

Marcos se posicionou ao lado do líder orc.

— Vai lutar sem uma arma? Vá ao ferreiro, pegue uma espada.

— De onde vim, não lutamos com espadas. **Thurgar olha para Marcos em silêncio.**

Os goblins atacaram com uma fúria animalesca, tentando entrar no vilarejo. O cheiro de podridão se misturava com o som dos gritos de batalha. Thurgar liderava a linha de frente com golpes poderosos, sua lâmina dilacerando goblins como se fossem bonecos de pano. Marcos, ao seu lado, lutava com uma precisão mortal, cada soco e chute era bem calculado, cada movimento visando manter os pequenos monstros à distância.  

Mas logo ficou claro que o número de goblins era maior do que o previsto. Thurgar rugiu para Marcos.

— Se não fizermos nada agora, esta vila cairá!


Marcos olhou em volta, buscando desesperadamente uma solução. Foi então que notou um barril de pólvora próximo à torre de vigia. Com um plano desesperado, ele gritou para Thurgar.

— Segure a linha por mais alguns minutos! E antes que o Orc pudesse questionar, Marcos correu para acender uma tocha.  


Enquanto Thurgar resistia aos avanços, Marcos conseguiu rolar o barril até os goblins. Com um lampejo, ele jogou a tocha acesa. O barril explodiu em uma bola de fogo, lançando estilhaços e chamas sobre os goblins próximos, quebrando o moral das criaturas. Em meio à fumaça e gritos de agonia, os sobreviventes começaram a fugir de volta para as colinas.

Após o frenesi da batalha, a vila estava envolta em uma névoa de fumaça e cinzas. O cheiro de pólvora ainda pairava no ar, misturado ao fedor dos corpos queimados dos goblins. A noite estava estranhamente silenciosa, como se a própria terra estivesse prendendo o fôlego após a carnificina.

Marcos, exausto, encostou-se contra o poço seus olhos percorriam os restos do campo de batalha, ainda tentando processar o que havia acontecido. Apesar de ter lutado antes, ele não estava acostumado a lutar ao lado de um Orc, ainda mais contra goblins.

Thurgar, por outro lado, parecia ter saído praticamente ileso. A armadura dele, agora manchada de sangue verde e lama, fazia-o parecer ainda mais ameaçador. Com passos firmes, ele caminhou até Marcos e o encarou por um momento antes de falar, com um tom de voz que soava quase respeitoso.

— Você lutou bem... para um humano. Thurgar deu uma risada, uma rara demonstração de bom humor. — Poucos teriam coragem de enfrentar uma horda de goblins e ainda pensar em usar pólvora, você é engraçado.

 Marcos sorriu cansado.

— A sobrevivência é um bom motivador. **Respondeu ele, limpando o suor da testa.** — Mas sem sua liderança, eles teriam nos esmagado.

No vilarejo, a situação era tensa, mas não sem esperança. As pessoas, que antes estavam preocupadas com um acampamento de bandidos, por algum motivo tiveram um pouco mais de fé, Marcos e o pessoal do vilarejo arrastavam os corpos dos goblins para fora da vila, enquanto outras famílias começavam a recolher os destroços e tentar consertar o que podia ser salvo, o ataque poderia ter sido muito pior se Thurgar e Marcos não tivessem lutado com tanta ferocidade.

Thurgar como chefe, caminhou até o meio do vilarejo, oferecendo palavras de encorajamento e auxiliando os mais necessitados com suas próprias mãos enormes e calejadas. Embora sua presença ainda fosse intimidadora para muitos, eles começaram a perceber que o Orc não era apenas um guerreiro brutal, mas também um líder que genuinamente se importava com seu povo.  

— Esses goblins não atacaram por acaso. **Disse o orc, o rosto endurecido pela preocupação.**

— Tenho ouvido rumores de que há um chefe goblin mais ao norte, unindo as tribos. Se isso for verdade, é apenas o começo.


— Rumores? Verdade, eu não vi você quando cheguei, e não é difícil de notar alguém desse tamanho, você estava na floresta? **Marcos encosta numa parede próxima.**

— Estava, sim, tinha uns quatro dias, havia visto uns rastros estranhos, então acabei indo investigar.

— Então, é melhor eu já ir avisando, essas pessoas estão nervosas, tem um grupo de bandidos acampando próximo ao vilarejo.

— É... vi algo assim no quadro de avisos.

— Você viu? ** Marcos então faz uma cara de surpresa **

— Li quando massacrava os goblins.

— Entendi... "O cara, além de lutar sozinho, conseguiu ler o que estava no quadro?"

— Qual o plano? **Perguntou Marcos.**

— Não tenho nenhum. **O chefe da vila olha para o céu e vê as estrelas.** Depois de um longo silêncio, enquanto observava os aldeões trabalhando juntos para limpar a vila, Marcos tomou sua decisão.

— Acho que podemos cuidar dos goblins e dos bandidos?

— Hum... não quero dar falsas esperanças para eles, porém você me demonstrou ser um ótimo guerreiro, vou considerar a ideia, mas deixaremos isso para amanhã.

— Justo! **Marcos se despede do chefe e vai até a casa da Angela.**

Angela corre em direção ao Marcos, vendo se ele tinha algum ferimento ou algo assim. Mesmo não sendo sua mãe, era visível ver em seus olhos sua preocupação.

— Você me deu um susto, rapazinho... mas vendo daqui, tenho que admitir, você lutou bem, só tome cuidado.

— Sim senhora.

Foi uma batalha exaustiva, Marcos se sente cansado, ele então volta até o quarto, onde ele se deita. Na cama, ele estica seus braços olhando para suas mãos. Seus punhos começaram a doer, seus dedos formigavam. Diferente de humanos com quem ele já havia lutado, os goblins tinham uma pele e um corpo um pouco mais rígido.

Marcos então se deita.


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Isekai, Vinculado pelo Destino: A Saga do Outro Mundo.Onde histórias criam vida. Descubra agora