Capítulo 2: Ecos do Medo

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A brisa noturna estava especialmente fria naquela noite, sussurrando segredos que faziam as folhas dançarem numa melodia sinistra. Sob a luz pálida de uma lua cheia, a cidade de Monte Velho parecia ainda mais misteriosa, com sombras alongadas e estranhas formas que pareciam ganhar vida. Ao longe, o som dos cães uivando ecoava, adicionando uma camada de inquietação à atmosfera. Um vento frio cortava o ar, fazendo as janelas tremerem e produzindo um lamento lúgubre.Jackson caminhava pelas ruas desertas de Monte Velho, cada passo ecoando nos paralelepípedos como um batimento cardíaco distante. As luzes dos postes lançavam sombras estranhas, dando vida às paredes e esquinas. Sentia-se observado, como se olhos invisíveis seguissem cada movimento seu. O silêncio da noite era pontuado apenas pelos uivos distantes, amplificando a sensação de isolamento.Ao se aproximar do antigo escritório de Miguel, agora abandonado e coberto de poeira, Jackson sentiu um calafrio que não tinha nada a ver com a temperatura do ar. A porta rangeu ao abrir, revelando um interior congelado no tempo. Pilhas de arquivos espalhados, uma mesa repleta de notas e diagramas – tudo coberto por uma camada espessa de poeira. O cheiro de papel velho e madeira úmida invadia suas narinas, evocando lembranças de dias passados.Jackson lembrou-se da última vez que esteve ali, discutindo teorias com Miguel sobre os desaparecimentos. A sensação de perda era palpável, mas agora havia uma nova centelha de esperança – ou talvez de desespero. As palavras de Miguel ainda ecoavam em sua mente, cada discussão e teoria sobre a maldição que parecia assombrar a cidade.Ele começou a vasculhar os documentos, procurando qualquer pista que pudesse ter sido deixada para trás. As mãos de Jackson tremiam levemente ao descobrir um caderno escondido sob uma pilha de papéis. Nas páginas amareladas, reconheceu a caligrafia de Miguel, cheia de anotações sobre rituais antigos e símbolos arcanos. Cada símbolo desenhado trazia à mente imagens perturbadoras de rituais esquecidos e antigos.De repente, um barulho sutil de passos ecoou pelo corredor escuro. Jackson virou-se rapidamente, seu coração disparando. A figura esguia de um homem apareceu à entrada, o rosto escondido nas sombras.— Quem está aí? — A voz de Jackson ecoou com firmeza, mas seu coração estava pesado com a antecipação do desconhecido.— Sou apenas um guardião do passado, Jackson — a voz respondeu, enigmática. A figura deu um passo adiante, revelando traços familiares. Era um homem idoso, com olhos penetrantes que pareciam ver através da alma. — Você veio buscar respostas, mas cuidado com o que deseja. Às vezes, os segredos são melhor deixados no escuro.Jackson sentiu a verdade nas palavras do estranho, mas seu desejo por respostas era mais forte. — Quem é você? E o que sabe sobre Miguel e os desaparecimentos?O homem suspirou, sua figura esmaecendo como se fosse um fantasma. — O que está por vir foi escrito há muito tempo. Só posso te guiar até certo ponto. O resto é com você.E com isso, a figura desapareceu, deixando Jackson sozinho com seus pensamentos turbulentos e as páginas misteriosas.Jackson olhou para as anotações à sua frente, a luz da lua cheia penetrando pela janela e lançando um brilho pálido e sombrio sobre os papéis. A sombra da lua parecia dar vida aos escritos, como se as palavras carregassem um poder próprio. Sentia o peso do destino sobre seus ombros, sabendo que os segredos que desenterrava poderiam consumi-lo por completo.

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⏰ Última atualização: 4 days ago ⏰

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