2 ≈ Incômodo

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Jihyo não deixava ninguém mergulhar ou nadar em suas ondas, tinha medo de descobrirem os segredos em sua profundidade. O que eu tinha dela era ainda raso, na praia do seu oceano profundo, nem mesmo meus joelhos sua água salgada alcançava. Naquela época eu já estava gostando de Jihyo à muito tempo, havia percebido isso em um encontro de fãs que fizemos na Filipinas. Na viagem ficamos divididas em três quartos, o que deu três integrantes do nosso grupo em cada um deles, eu fiquei no mesmo quarto que Jihyo e Tzuyu.
Eu já sabia que Jihyo se cobrava muito, mas naquele dia ela passava dos limites, eu e ela estávamos no quarto enquanto Tzu tomava banho no banheiro da suíte. Mesmo tossindo, Jihyo insistia em treinar, estava febril e ainda assim continuava com os vocais, como se não fosse o suficiente, mesmo naquela situação ela foi treinar a coreografia da música que dançaríamos na abertura do evento. Tentei para-la, mas nada a convencia então desisti e fiquei assistindo a coreana que mesmo tão cansada ainda fazia tudo perfeitamente. Até o momento em que Jihyo tropeçou durante a coreografia e bateu o braço na quina da mesa no canto do quarto, me assustei e corri até ela, ela se afastou dizendo que estava bem e que não queria ajuda, como sempre não querendo causar preocupação e querendo ser perfeita em todo momento. Era injusto!

- Jihyo - tentei ver se ela tinha machucado.

- Eu estou bem - analisei o arranhão sangrando acompanhado por uma marca roxa.

Peguei o kit de emergência e fui até ela que insistia em ignorar o problema e continuar dançando com seus fones de ouvido. Parei em frente a ela esperando que ela desistisse de ser teimosa, mas ela só parou de dançar quando a música acabou. A respiração dela era ofegante, seu rosto aos poucos perdia a cor e as pernas tremiam.

- Jihyo - tentei segurar o corpo suado dela que não conseguia manter muito tempo se sustentando.

- E-eu tô bem - ela desviou da minha tentativa de ajudar me fitando áspera e cambaleou até a cama se sentando.

- Deixa eu cuidar de você! - coloquei o kit em cima da cama e entreguei água para ela que por sua vez finalmente aceitou.

- Sana, eu estou bem - sorriu leve ainda suspirando e abriu a garrafinha - foi só um arranhão.

Peguei uma gaze e passei remédio no machucado dela.

- Ai - gemeu - Sana, eu posso fazer isso. Não quero incomodar.

- Então deixe eu fazer isso. Eu quero fazer isso e você continua dizendo que consegue tudo sozinha, você me incomoda quando não deixa eu te ajudar - peguei o curativo e abri para colocar nela.

- Sana...

- Você nunca foi um incomodo Jihyo, tem o direito de não estar bem e de receber ajuda. Ninguém vai se sentir incomodado se você pedir ajuda. A gente te ama e não vamos deixar de te amar mesmo que não seja perfeita.

Ela sorriu de canto cedendo um pouco, me levantei peguei uma toalhinha na mesa, molhei com o que sobrou da água, com cuidado afastei os cabelos de Jihyo e passei a toalha por trás do seu pescoço afim de limpar o suor, quando percebi nossos rostos e corpos estavam quase colados, os olhos e os lábios delas estavam pertos de mais e isso fez meu coração acelerar sem nem mesmo dar partida, os olhos dela estudaram meu rosto e miraram meus lábios o que me fez esquecer o que estavamos fazendo ou falando, soltei a toalha que caiu atrás das costas dela e ela aproximou seu rosto de mim com os olhos voltados para meus lábios. Os lábios estavam tão pertos... Ouvimos um clique, a maçaneta do banheiro. Nos afastamos como dois imãs com a mesma carga, Tzuyu saía do banheiro já vestida secando os cabelos.

Depois de alguns dias voltamos pra Coreia e então nunca mais falamos disso. E era desse dia que eu me lembrava enquanto chorava sozinha no estúdio pensando que ela nunca se entregaria a mim.

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Your Ocean Deep 🪸 #SahyoOnde histórias criam vida. Descubra agora