Your Ocean Deep 🪸 #Sahyo

14 ≈ Importuno ≈ Especial II

Sr. Park nada disse, seus olhos me fitaram com fúria.

- Está brincando não é minha filha? Você não me daria esse desgosto - ele soltou os talheres fazendo-os tintilar no prato de porcelana.

- Pai, eu amo ela - Jihyo começou a chorar e me levantei envolvendo-a com um dos braços.

- Ama nada. Não acha que tá muito velha pra essas bobeiras de achar que gosta de mulher? - ele perguntou limpando a boca com um guardanapo - já passou dessa fase.

- Não pai.

- Ela te influenciou? Ou foram aqueles seus amigos de merda desvirtuados que ficam falando que as meninas namoram entre si? - ele levantou e apontou indicador para Jihyo.

- Querido... - Sra. Park o chamou.

- Não me diga que está de acordo com isso! - ele a fitou e Jihyo abraçou meu braço.

- Pai...

- Não diga nada. Eu achei que essa sua amiga tinha mudado, mas o que ela fez foi só te desvirtuar, te fazer uma depravada assim como ela é - meus olhos encheram, nunca antes tinha ouvido tal coisas assim - termina com ela e arruma um bom moço, ou fique solteira. Ser um desses... homossexuais não combina com a família Park.

Jihyo abaixou a cabeça cerrou os punhos e corajosamente olhou para o pai.

- Então eu não sou uma Park - ela tentou não demonstrar seu medo e tristeza no olhar e voz e segurou minha mão - vamos bae.

Foi um dia difícil, ela chorou muito depois disso, na época ainda estávamos no meio da mudança já que eu estava indo morar com ela, mas com tanta dor não conseguimos arrumar nada. Eu tinha que cuidar dela, certificar de que ela ficaria bem. Ela nunca havia sido rejeitada dessa forma, sempre fazia de tudo para ser a melhor para que os Park reconhecessem seu esforço.
Com todo sofrimento ela não conseguia acertar o tom nem a coreografia nos ensaios de canto e dança. Estávamos começando com o projeto do novo álbum que se chamaria "Strategy" e ainda por cima promovendo as músicas mais recentes do álbum Dive, lançando trends e fazendo lives. Sem contar com o progresso que estava tendo o novo álbum do Misamo. Foi difícil, ela não suportava ser criticada ou rejeitada por quem amava, até quem não amava ela odiava as críticas e sempre tentava dar a volta por cima e mostrar que era capaz, mas estamos falando de amor, ela não poderia simplesmente terminar comigo e namorar um rapaz para provar o contrário, né?

- Amor, diga a ele que terminou comigo então - eu disse naquela tarde enquanto estávamos em seu quarto.

- Não. Eu não fiz tudo isso a toa. Eu não sofri a toa pra ter que esconder nosso relacionamento deles de novo. Eu tô cansada do fardo que eles jogam em mim... Eu não consigo ser perfeita, Sana.

- E não é por isso que é inútil - acariciei o rosto dela delicadamente - Você é um ser humano Jihyo. Nenhum ser humano é perfeito.

- Os Park são.

- Você mesma disse que não é uma Park - me sentei ao lado dela na cama - princesa, eles não são perfeitos, e não reconhecer a imperfeição em ser humano é um dos maiores erros. Somos frágeis e fingir o contrário não nos torna fortes. Todos nós podemos a qualquer momento morrer de uma causa considerada besta.

- Sana...

- É verdade - segurei o rostinho dela com as duas mãos e olhei em seus lindos olhos - Você não está errada por me amar. Seu coração me escolheu. A gente nasce assim. Não é errado amar - ela chorava e chorava.