Existe data mais linda que o Natal?
As luzes coloridas, os enfeites reluzentes, a alegria no ar, o sorriso das crianças, a esperança crescendo nos corações...!
Ah, como eu amava tudo isso! Eu disse amava no tempo do pretérito mais que perfeito, ou seja; no tempo passado, pelo fato do que aconteceu comigo ter sido nesta época, marcando a minha vida de modo angustiante.
Sete anos se passaram, e eu ainda me questiono o porquê de ele ter feito aquilo com a gente. João Victor era tão carinhoso, apesar de genioso e às vezes reservado! Do tipo de homem que preferia agir a falar. Ainda mais depois do que eu disse para ele, na noite em que nós nos conhecemos...
Ele me chamou de linda! Não que eu não seja. Tampouco me acho a quinta maravilha do mundo. Eu sei que as mulheres se sentem lisonjeadas com elogios banais assim, mas não eu; Ana Monique.
Prefiro elogios profundos e sinceros, afinal tenho espelho na minha casa para me enxergar e ver as minhas qualidades. Não preciso de homem para me mostrar isso. Sei que parece soberba, mas se analisar bem, notamos que tem um fundo de verdade.
Os homens, por exemplo, fazem o quê, exatamente, quando querem conquistar de imediato uma mulher? Elogiam, jogam a isca. Intuindo fisgar a mulherada. E sabe quantas delas caem na lábia desses bajuladores? Eu diria que todas as mulheres tolas, inseguras e ou carentes. Estou ciente de que é muito bom que o cara, em que estamos interessadas, nos ache bonita, mas isso está longe de ser o suficiente. Enfim, voltemos ao João Victor...
Lindo por sinal, mas este homem tem mais que apenas rosto e corpo bonitos; ele tem um brilho diferente no olhar, uma bondade genuína, além do charme nato e corpo musculoso escultural. Um tanto quanto dissimulado, apesar de deixar transparecer seus sentimentos mais profundos. Apesar de tudo, eu sabia que ele me amava, mas não sabia que ele seria capaz daquela canalhice sem fim. Sua covardia beirava a loucura... Não teve coragem de me encarar e dizer na minha cara o motivo de ter beijado aquela cobra, bem na minha frente! E pior; na véspera de Natal...
Como se precisasse de explicações. Naquele dia eu o fitei por alguns longos segundos que me pareceram horas. Quando nossos olhos se encontraram, e ele baixou o olhar, percebi na hora que havia algo de podre ali.
Triste foi saber do ocorrido por terceiros. Adam Júnior; um dos melhores amigos de faculdade dele, me colocou a par da história. Na certa eles combinaram assim, porque o meu noivo não passava de um covarde.
Eu fiz questão de saber todos os podres daquele fatídico dia, tim-tim por tim-tim.
Ele me traiu com a Cibelle Stephanie, a ex namorada grudenta que não aceitou o fim do namoro. E não foram apenas beijinhos, não! Houve mais. Tudo aconteceu na despedida de solteiro de Pedro Paulo.
Bêbado feito um gambá, aquele excomungado conseguiu fazer um filho naquela vagaba da Sthephanie! Sim, se já não bastasse ter me traído quase na véspera do dia 25 de dezembro, ele ainda conseguiu que ela engravidasse.
Na certa, João Victor sabia que eu não aceitaria dividi-lo com a paternidade do filho daquela loura oxigenada. Ainda por cima; fruto de uma traição.
Ah, tem uns que vão falar que a criança não tem culpa e blá, blá, blá. De fato; não tem, mas e eu? Que culpa eu tenho nisso? Pois ele, na certa, sabia que eu não aceitaria aquilo. E resolveu se calar.
Na vida nós sempre temos opções... A todo momento somos obrigados a escolher e a reagir. Até mesmo quando decidimos não fazer absolutamente nada a respeito de algo; decidimos pela inércia.
Ele escolheu encher a cara e agarrar a ex namorada. Que sofra as consequências. Eu escolhi esquecer que ele existe e seguir em frente. Tocar a minha vida sozinha e bem longe dali.
Minha única resolução de fim de ano? Chorar por três dias e três noites consecutivas, a fim de respirar fundo e expelir aquele veneno.
Apenas mais uma história triste de Natal, como tantas outras.
Por fim, passei a mão em meu diploma de engenheira, mudei o número do meu celular, o corte de cabelo e desapareci na poeira da vida.
Cabelo novo; vida nova. E vida que segue...!
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Adeus Noite feliz
RomanceCONTO DE NATAL/ ROMANCE UNIVERSITÁRIO- Ana Monique adorava o Natal, até que uma decepção amorosa quebrou esse encanto... Ela presenciou o noivo, João Victor, beijando a ex-namorada, Cibely Stephanie, e soube por terceiros que eles iam se casar. Set...