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— Estamos noivos, Bia! Esta é a novidade que eu te falei pelo whats! – Exclamei para ela, ao celular, assim que cheguei no Brasil.

— Parabéns, amiga! Mas você está tão empolgada que eu fico até com medinho!

— Pode parar, Maria Beatriz! Sua urubuzenta! Quando é que vai deixar de ser pessimista pelo menos uma vez na vida? ­– Repreendi a minha melhor amiga, fazendo-a gargalhar, dizendo ser brincadeirinha.

Só sei que dali em diante, o meu noivado com João Victor não melhorou muito nosso relacionamento. Como era de se esperar, afinal ele andava com a cabeça na farra, nos amigos e no bar.

Certa vez ouvi alguém dizer que toda relação deve estar crescendo e evoluindo, caso contrário; é só ladeira abaixo.

Meses depois das férias da faculdade, dividindo nosso tempo na casa dos meus pais e dos dele, nós retornamos para a cidade universitária. Reencontro com amigos, novos professores e a vida de provas e exames seguia seu rumo.

Sei que às vezes o destino pode parecer zombar da gente, mas que raios de sorte seria aquela que colocava várias pessoas, as quais tem uma ligação sentimental no mesmo prédio, curso e classe?

João Victor, meu noivo, estudava na mesma sala que a minha, que por sinal era a mesma da minha melhor amiga Maria Beatriz, do amigo dele e até mesmo da ex-namorada: a figurinha carimbada, para não dizer coisa pior, da Cibelle Stephanie.

Confesso que eu não sabia desse fato até escutar, por acaso, uma conversa dos caras no corredor da faculdade.

— João Victor, você tem alguma coisa para me contar dessa Cibelle Stephanie com dois L? – Questionei meio na brincadeira, meio no deboche. O tom de raiva em minha voz não passou despercebido. A tonalidade azul cobalto de seus olhos escureceu como um escudo. Ele suspirou, desviando momentaneamente o olhar, passando as mãos nos cabelos. Dentro da sala de aula, quase vazia, o intervalo nos deu algum tempo para conversar. Eu me levantei, cruzando os braços na frente do corpo e arqueei as sobrancelhas, tentando não piscar. Meus longos cílios tremiam de nervoso, mas ele nem deve ter notado. Confesso que já desconfiava quem ela era, mas não queria acusar.

— O que você quer saber sobre ela? – Questionou, a meia voz, parecendo irritado.

Suspirei bem fundo e me virei, fazendo menção em deixar a sala. Ele me segurou pela mão. Nossos olhos contemplativos trocados duraram alguns segundos.

— Por quanto tempo você me deixaria sem saber que vocês dois foram namorados? – Perguntei finalmente. Ele me puxou para um abraço, depositando um beijo em meus lábios, tentando ganhar tempo.

— Porque isso não é importante, Monique! É passado. Você sim; faz parte do meu presente.

Ciúmes à parte, aquela loura de farmácia da pele morena provocava qualquer coisa que falava com voz grossa e vestia calças. Assanhada no quinto grau, tenho notado algumas insinuações dela para João Victor. Creio que a esperta da Bia também, apesar de nunca ter comentado nada. Eu por minha vez, fazia vista grossa porque passar recibo de ciumenta, aumentaria ainda mais a fogueira dela.

— Claro, mais um motivo por que deveria ter me contado. Não foi legal ser a última a saber, ainda mais da forma ocasional que foi! Mas enfim, só para constar; ela continua dando em cima de você? Ou estou delirando?

Olhos nos olhos, eu aguardava a resposta, mas ele não respondeu porque foi salvo pelo congo; o sinal sonoro anunciando que o intervalo havia acabado. Dei um beijinho nele e corri, literalmente, para o toalet, a fim de lavar o rosto, suspirar bem alto e comer alguma coisa na cantina.

Adeus Noite felizOnde histórias criam vida. Descubra agora