- 𝑫ezesseis.

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Oito anos atrás.

Akaashi estrala os dedos da mão esquerda com um suspiro arrastado.

— Shoyo, não dificulte o que não é difícil. Quando você aprende fica simples.
Keiji resmunga, já entendiado, para o ruivo ao seu lado.

Shoyo coloca as mãos contra o rosto e choraminga. — Me diga, para que eu vou usar progressão aritmética na minha vida?!

— Para que eu não sei, mas para você não repetir de ano é outra história.
Akaashi retruca, virando algumas páginas do livro de matemática de Hinata. — Certo, vamos para progressão geométrica. Também terá isso na sua prova, não?

— Parece que você me odeia!
Hinata acusa o moreno, passando os dedos entre os cabelos ruivos.

— Todo trimestre é a mesma história.
Keiji dá de ombros para o desespero do mais baixo.

Kozume, do outro lado da mesa, dá uma risada baixa.

— Decore a fórmula. Tente só substituir os valores na hora da prova e torça para seu professor considerar seu esforço.
Sugeriu o meio loiro, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha.

— Aumentou meu astral consideravelmente.
Shoyo leva os joelhos junto do peito, apoiando o queixo entre eles.

Kenma dá de ombros. — Então coloque na cabeça que a tendência é só piorar.

Akaashi, que desenhava estrelas na margem do livro de Shoyo, deixa um sorriso aparecer no canto dos lábios. Ele ergue o olhar para encontrar os olhos de Kozume distraídos.

O mais velho tinha metade dos cabelos presos, algumas mechas rebeldes caindo sobre os olhos amarelos, com olheiras leves.

Kozume olha para Keiji de volta, e então sorri levemente, quase invisível. O mais novo sente calor subindo pelo pescoço por ser pego encarando demais, ele arruma os óculos no lugar como uma justificativa silenciosa.

Keiji volta a tentar fazer Hinata focar nos estudos. Não demora muito para Kenma se levantar do seu lugar.

— Está começando a ficar tarde. Estou indo.
O meio loiro passa as mãos pela camiseta que usava para arruma-la. Akaashi inclina a cabeça ligeiramente para o lado.

— Tudo bem.
O de olhos verdes responde com uma tentativa de um sorriso. Talvez devesse praticar mais seus sorrisos.

Hinata se levanta dizendo algo como "Me deseja boa sorte na prova, Kenma" enquanto vai abrir a porta para o amigo, mas Keiji não presta atenção nisso.

O moreno está brincando com os nós dos próprios dedos quando Shoyo retorna e se senta ao seu lado com um suspiro de derrota.

— Caramba.. vamos lá.
Ele fecha os olhos com força antes de os abrir outra vez.

Antes de notar que havia dito algo, Akaashi já falou. — Shoyo...

Hinata vira o rosto para olhar para ele, erguendo levemente uma sombrancelha.

— Oi.

Keiji balança a cabeça uma vez, não querendo acreditar que deixou as palavras escaparem dos lábios. — Não se preocupa.

— Keiji!
Hinata protesta. — Fala sério.

Akaashi repensa algumas vezes, mas resolve que Hinata é quem pode conversar sem inseguranças.

Ele analisa um farelo de borracha que está caído na mesa, antes de falar baixo, sem planejar. — Acha que ele tem outra pessoa?

Shoyo pisca uma vez, e agora está olhando para o mesmo farelo de borracha. Ficam alguns instantes em silêncio.

— Não acho que Kenma tem outra pessoa.
Era incrivelmente raro ver Hinata falar sério. — Ele gosta de você... eu acho. Mas você sabe, esse é o jeito dele.

Akaashi tamborila os dedos sobre o joelho, volta a olhar para Hinata.

— Não estou reclamando sobre o jeito dele ser. É só que... as vezes acho que não enxergo eu mesmo no reflexo dos olhos dele.
Akaashi baixa o tom da voz vagamente.

Shoyo piscou duas vezes, Keiji deveria ter pensado melhor nas palavras que usaria. Desvia o olhar.

— Talvez só seja difícil para ele se expressar.
O ruivo tenta justificar da melhor forma possível.

— Para mim também. Mas eu sempre... tento.

Ele tentava, certo? Não poderia ser o melhor nisso mas... Akaashi nunca deixou de tentar. Será que Kozume via isso? Kenma tentava de volta?

— Sei que tenta.
Shoyo abre um sorriso reconfortante, como sempre. Keiji sente que essa não é a única coisa que Hinata tem a dizer, mas não fala mais nada.

Um pouco mais tarde, quando o sol ainda não estava totalmente posto, Keiji se despede do seu amigo. A maioria das vezes que ia para aquela área da cidade, Kozume o acompanhava até em casa, conversando sobre qualquer bobagem que viesse na cabeça.

Keiji gira o chaveiro do R2D2 de Star Wars da sua mochila entre os dedos quando caminha de volta para casa, verificando as notificações do seu celular.

Pensou em mandar uma mensagem perguntando se Kozume havia chegado bem em casa, mas não faz.

O moreno para na esquina, esperando o sinal dos pedestres abrir. Como já conhecia o caminho como a palma da sua mão, não se dá o trabalho de observar por onde está andando.

O início de noite estava silencioso, apenas um som vago de automóveis atravessando as ruas.

— Ei. Você está sozinho?

Alguém falou, logo ao seu lado. Não sabia se estava falando com ele, mas na dúvida, conferiu.

E sim, o garoto havia falado com ele. Era só um menino mais ou menos da sua idade, um pouquinho mais alto.

Keiji se esforça para não ficar carrancudo.
— Ah, é.

O novo menino franze o cenho para Akaashi.
— É perigoso andar sozinho por aqui com telefone na mão essas horas, sabia?

Claro que ele sabia, só não estava cumprindo a regra. Keiji assente uma vez, enfia o celular no bolso outra vez.— Sei, sim. Foi mal.

O garoto de cabelos bicolores cruza os braços.
— É dessa forma que mal intencionados descobrem se você é daqui mesmo ou se é um metido a besta. Deveria ser cuidadoso.

— Eu não sou metido a besta.
Keiji não acreditava que estava discutindo com um estranho que se fingia de inteligente.

O sinal abriu, os garotos atravessam faixa de pedestre.

— Não tenha atitudes de um.
O mais alto da de ombros.

Keiji segue em frente sem ficar encarando o menino que anda ao seu lado.

— Por que se importa?
Akaashi não está irritado, é só um garoto gentil de olhos amarelados bonitos.

O mais alto olha para ele de soslaio. — Por que não me importaria?

Akaashi queria argumentar dizendo "sou só um estranho". Porém, o garoto virou a rua logo em frente, e Keiji o perde de vista.

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⏰ Última atualização: 2 days ago ⏰

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