Dark Heritage

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Elara acordou em um pesadelo de sombras e sussurros. O ar ao seu redor estava denso, opressor. O calor de seu corpo era uma chama solitária no meio da escuridão, e, quando ela tentou se mover, a dor a atingiu como uma onda inesperada. Seu peito estava apertado, e a sensação de peso sobre ela era insuportável. A maldição.

Quando finalmente conseguiu abrir os olhos, percebeu que estava deitada no chão frio da sala onde tudo acontecera. O nevoeiro negro havia se dissipado, mas a sensação de desconforto e perda não a deixava. Lucian estava sentado ao lado dela, os olhos fixos no chão, as mãos apertando o próprio cabelo, como se estivesse tentando se manter firme. Mas ele não parecia o mesmo. Havia algo nos olhos dele — algo vazio, como se ele estivesse lutando contra algo que não poderia vencer.

"Lucian..." Elara murmurou, tentando se levantar, mas a dor em seu corpo a fez ceder. "O que aconteceu? Eu... eu senti uma onda de dor. A maldição, ela... está em mim agora, não está?"

Lucian a olhou, e por um instante, Elara pensou que ele não fosse responder. Então, sua voz veio, baixa e carregada de angústia: "Sim, está. Mas não é só isso, Elara. Não é só a maldição. Agora, você está ligada a mim de uma maneira que eu não posso explicar. E não sei o que fazer com isso."

Elara se sentou, o peso da situação caindo sobre ela como uma rocha. "Então o que isso significa? O que está acontecendo conosco?"

Lucian respirou fundo, seu rosto marcado pela luta interna. "Eu pensei que a maldição fosse apenas minha carga. Mas agora, ela não pertence mais a mim. Ela nos envolve, Elara. E a cada momento que passa, é como se estivéssemos mais perto do abismo."

Ela sentiu um calafrio subir pela espinha. "O abismo? O que isso quer dizer?"

"Que estamos sendo caçados, Elara," ele disse, sua voz se tornando mais sombria. "Por algo muito mais antigo do que qualquer um de nós."

Os olhos de Elara se arregalaram. "Caçados? Mas por quem? O que está acontecendo, Lucian?"

Antes que Lucian pudesse responder, a porta da sala se abriu com um estrondo. Uma figura alta e sombria apareceu na entrada, sua presença quase elétrica, como se estivesse moldada pelas sombras. Era alguém que Elara nunca tinha visto antes, mas seu olhar estava fixo em Lucian.

"O que vocês fizeram?" a figura perguntou, sua voz profunda e ameaçadora. "Vocês acordaram algo que não deveriam. Agora, a maldição de Lucian vai arrastar ambos para o fundo. E não há escapatória."

Lucian se levantou rapidamente, a expressão cheia de um terror que ele raramente demonstrava. "Você! O que você quer? O que você sabe sobre a maldição?"

"Eu sou parte do que vocês liberaram," disse a figura, avançando lentamente. "Quando Lucian tocou a essência da maldição, ele não só a acendeu em si mesmo — ele a conectou a algo maior. Algo que agora os vê. E o que os vê não perdoa."

Elara tentou se levantar, mas a sensação de fraqueza era tão grande que ela caiu novamente. A dor parecia vir de dentro dela, como se sua própria energia estivesse sendo sugada. O calor da maldição a envolvia, e ela não sabia como lidar com aquilo. Ela olhou para Lucian, mas ele parecia igualmente perdido, como se o peso da situação fosse esmagador.

"Quem é você?" Elara conseguiu perguntar, a voz rouca pela dor.

"Eu sou alguém que foi designado para impedir que a maldição se espalhasse além do controle. E você, Elara, agora faz parte disso. Tudo o que Lucian tocou, agora é seu também. A conexão está completa."

"Não..." Elara disse, seus olhos se enchendo de lágrimas. "Eu não sabia o que estava fazendo. Não queria ser parte disso."

Lucian olhou para ela com um olhar dolorido. "Elara, não há escolha mais. Agora, a única coisa que podemos fazer é tentar controlar a maldição. Juntos."

A figura se aproximou ainda mais, e com um gesto simples, as sombras ao seu redor começaram a se mover, como se tivessem vida própria. "Juntos?" a figura zombou. "Isso não vai ser o suficiente. Nada que vocês façam agora vai mudar o que já foi selado. Eu só estou aqui para observar a queda de vocês."

Lucian deu um passo à frente, agora com os punhos cerrados, seus olhos queimando com uma determinação renovada. "Não vamos deixar que você controle nosso destino. Elara e eu... vamos lutar. Seja o que for, eu não vou deixar ela cair na escuridão."

A figura sorriu, um sorriso cruel e vazio. "Veremos até onde essa luta os levará."

E então, as sombras ao redor da figura começaram a se condensar, formando uma barreira que os separava de Lucian e Elara. A sala agora parecia um campo de batalha, com a tensão entre luz e escuridão se intensificando a cada segundo.

Elara sentiu uma onda de poder a invadir, como se ela fosse parte da escuridão agora. O poder da maldição, misturado com sua própria força de vontade, começava a se manifestar de uma maneira estranha e perigosa. Seus dedos ardiam, e uma energia pulsante se espalhou por seu corpo.

"Lucian..." ela sussurrou, olhando para ele com um medo profundo. "O que está acontecendo comigo?"

"Você está começando a entender a extensão do que compartilhamos agora," ele respondeu, os olhos fixos nela, mas com uma expressão de preocupação. "Mas cuidado, Elara. A maldição não vai ser controlada assim tão facilmente."

Antes que ela pudesse responder, a figura se moveu mais rápido do que os dois conseguiram reagir. Um golpe de energia escura foi lançado em direção a Lucian, mas, com um grito de força, Elara estendeu a mão, sentindo o poder da maldição se manifestar em seu corpo. A onda de energia que ela liberou foi tão intensa que a figura foi forçada a recuar.

"Impossível!" a figura gritou, sua voz cheia de fúria. "Você não pode ter esse poder!"

Mas Elara sabia que, com esse poder, ela tinha não só a capacidade de salvar Lucian, mas também o risco de sucumbir à escuridão.

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⏰ Last updated: 3 days ago ⏰

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