Capítulo 11

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Sophia correu sem hesitar em direção a Beelzebub, sentindo o coração afundar ao ver o estado dele. Seu corpo estava marcado com hematomas profundos, cortes ainda sangrando, o suor misturado com sangue cobrindo sua pele pálida. Ela o envolveu em um abraço apertado, ignorando qualquer resquício de medo ou repulsa.

— Pelos deuses... — ela murmurou, atônita. Suas mãos tremiam ao tocar os ferimentos dele.

Beelzebub a segurou pela cintura, seus dedos firmes, porém gentis. Ele inclinou a cabeça e depositou um beijo delicado na testa dela, como se esse simples gesto pudesse acalmar toda a preocupação evidente nos olhos de Sophia.

— Não se preocupe, estou bem — ele sussurrou.

Adamas surgiu logo atrás, aplaudindo lentamente com um sorriso orgulhoso nos lábios.

— Impressionante como sempre, meu senhor. Eu não esperaria menos de você. — Ele se curvou levemente, o respeito transbordando de sua postura. Para Adamas, Beelzebub era a personificação do poder absoluto.

Beelzebub o fitou com um olhar impassível, mas havia algo diferente em seus olhos quando ele apertou a mão de Sophia.

— Obrigado por cuidar dela.

Adamas riu, sua expressão se tornando mais irônica.

— Um doce de garota, sem dúvida. Me surpreende que você ainda não a tenha destruído. — O sussurro foi feito apenas para que Beelzebub ouvisse.

Um sorriso sádico apareceu nos lábios de Beelzebub, e sua voz baixou a um tom perigoso.

— Talvez você queira ser partido ao meio como Hajun? — As palavras foram como um golpe afiado.

— Estou apenas brincando. — Adamas levantou ambas as mãos em sinal de rendição, o sorriso desajeitado nos lábios traindo um vislumbre de medo genuíno.

Ele se afastou, deixando o casal para trás. Sophia ainda estava preocupada, os olhos verdes analisando os ferimentos de Beelzebub com cuidado.

— Está muito ferido? — ela perguntou, sua voz baixa, quase um sussurro, como se temesse ouvir a resposta.

O peito de Beelzebub estava rasgado por um corte profundo, e várias escoriações cobriam sua pele. O sangue, ainda úmido, manchava seu corpo em tons de carmesim. Ele suspirou, um sorriso de lado aparecendo em seus lábios finos. Com um gesto suave, ele levou a mão aos cabelos de Sophia, acariciando-a com um toque que ele jamais ousaria usar em outro ser.

— Eu realmente não mereço alguém como você. — A voz dele saiu baixa, quase um murmúrio, como se estivesse admitindo uma verdade que o atormentava.

Sophia franziu o cenho, um pouco confusa. Ela inclinou a cabeça, estudando o rosto dele.

— Ainda bem que não é você quem decide isso. — Ela sorriu, colocando uma mão na cintura, tentando mostrar uma confiança que ela sabia que ele precisava ver.

Beelzebub desviou o olhar por um momento, como se tentasse entender como uma mortal poderia ser tão intrigante. Sophia, que uma vez o desprezara, agora se mantinha ao lado dele, desafiando todas as expectativas.

— Vamos voltar para casa. — Ele murmurou, a exaustão finalmente transparecendo em sua voz. Ele se apoiou levemente em seu cajado, um gesto raro de vulnerabilidade.

Sophia assentiu, entrelaçando seus dedos aos dele. Ela sabia o que aquele simples gesto significava. Um deus e uma humana... uma união que desafiava a ordem natural. Os deuses observavam, alguns com desdém, outros com inveja ou curiosidade. Hades, Adamas... eles aceitavam pela lealdade que tinham a Beelzebub, mas e os outros? Ela sabia que muitos só aceitariam por medo.

Enquanto caminhavam, o sol já se punha, o horizonte tingido com tons de púrpura e laranja. Estavam tão altos que a vista parecia quase irreal, o sol gigantesco brilhando como uma joia divina. Sophia sentiu os olhos lacrimejarem, emocionada pela beleza da cena. Beelzebub acariciou sua mão, e um sorriso triste apareceu em seus lábios.

— Sua existência é tão grandiosa que seria um pecado mantê-la escondida no submundo. — Ele suspirou, os ombros caindo sob o peso das palavras.

Sophia parou, ainda segurando a mão dele. A pele quente dela contrastava com a dele, fria e pálida.

— Não diga uma coisa dessas. — A ansiedade tomou conta dela, o coração martelando no peito. Seus dedos apertaram a mão dele.

Os olhos escuros de Beelzebub a fitavam, como se ele estivesse tentando gravar cada detalhe do rosto dela. Os cabelos bagunçados dela, os olhos verdes brilhantes, tudo parecia uma visão impossível para ele.

— Sinto muito. — Ele murmurou, levando a mão à cabeça, apertando-a levemente.

A voz de Satanás sussurrou em sua mente, repleta de escárnio e desprezo.

"Perdeu o juízo, garotinho de merda?" O demônio interior zombava, enfurecido pelas palavras de Beelzebub.

— Cale a boca. — Beelzebub sussurrou, apertando os olhos como se isso pudesse afastar a voz.

Sophia acariciou o rosto dele, sujo de fuligem e poeira.

— Está tudo bem. — Ela disse, sua voz baixa e reconfortante. — Vamos para casa... nossa casa.

Ela entrelaçou seus dedos aos dele novamente e o puxou para o fim da ponte. Beelzebub sorriu, um sorriso genuíno, sentindo seu corpo se aquecer com o toque dela. Pela primeira vez em eons, ele sentia como se o vazio dentro dele estivesse sendo preenchido. Talvez Hades estivesse certo, afinal. Lilith não o amaldiçoara; ela o havia abençoado, para que ele pudesse se sentir completo naquele momento, com Sophia ao seu lado.

E ele finalmente estava.

Eco dos Pecados - Beelzebub +18Onde histórias criam vida. Descubra agora