Três anos se passaram desde que Sophia entrou na vida de Beelzebub, e embora o tempo tenha sido apenas um piscar de olhos para um ser que já viveu milênios, ele sabia que aqueles anos deixaram uma marca profunda em sua existência. O relacionamento deles cresceu de uma curiosidade mórbida para algo que ele não ousava chamar de amor, mas que era inegavelmente diferente de qualquer outro sentimento que já tivera.
Antes de Sophia, sua vida era um eterno ciclo de experimentos e destruição. Ele buscava um propósito, mas seu único alívio vinha do caos que criava — não por prazer, mas por falta de algo maior para sentir. E então, surgiu aquela mortal que ele inicialmente perseguiu por capricho. Uma humana intrigante, que não temia seus olhares frios, nem seus sussurros cheios de malícia. Talvez, ele pensava, aquilo fosse apenas uma obsessão passageira, uma distração para sua mente atormentada. Mas a obsessão cresceu, tomou formas diferentes, e ele percebeu, lentamente, que não era algo que poderia destruir para aplacar sua inquietação.
Sophia o confrontava de maneiras que ninguém mais ousava. Desafiava suas ideias, questionava seus métodos. Ela era a primeira a não cair de joelhos diante de sua presença divina, a primeira a não recuar mesmo quando ele expunha seu lado mais sombrio. No início, Beelzebub acreditava que era apenas uma questão de tempo até que ela sucumbisse ao medo. Mas, à medida que os anos passaram, ele viu algo que nunca imaginou: não apenas ele, mas também Satanás, começava a se afeiçoar a ela.
Satanás, que costumava atiçar o caos em seus pensamentos, agora hesitava. Havia momentos em que a presença de Sophia o silenciava, e o desejo destrutivo que costumava emergir dava lugar a uma curiosidade quase perturbadora. Beelzebub sentia que, de alguma forma, ela havia conquistado um pequeno espaço na escuridão que habitava dentro dele. E, mesmo quando Satanás sussurrava palavras de desprezo, a vontade de cuidar de Sophia prevalecia. Talvez porque, no fundo, ele também a quisesse por perto, embora jamais admitisse.
Sophia não apenas desafiava Beelzebub, mas também havia domado a besta que residia dentro dele.
Beelzebub sempre soube que havia algo diferente na garota. Havia uma energia nela que não era puramente mortal, algo que o atraía de forma inexplicável. Era como um imã, uma força que ele não conseguia ignorar, e com o tempo, ele finalmente descobriu a razão: Sophia não era inteiramente humana. Ela era meio sangue, filha de um deus menor que vagara pelo mundo mortal e de uma humana. Isso explicava por que, mesmo sendo frágil em comparação aos deuses, havia uma luz, uma essência dentro dela que era quase divina.
E foi essa revelação que o deixou mais perturbado. Ele percebia agora que seu fascínio por ela não era uma simples curiosidade. Sophia era a ponte entre dois mundos — o humano e o divino — e talvez fosse por isso que ele se sentia tão compelido a tê-la por perto. Não apenas pela sua natureza única, mas pelo que ela representava: uma chance de conexão que ele nunca tivera. Ela era o paradoxo que ele nunca conseguiu resolver, e ao mesmo tempo, a resposta para seu desejo mais profundo de se sentir completo.
Satanás não odiava Sophia; ele a rejeitava. Desde o início, via nela uma ameaça, algo que enfraquecia o controle que tinha sobre Beelzebub. A presença dela trazia à tona sentimentos que o deus havia enterrado há eons — a sensação de pertença, de amor, de querer proteger. Para Satanás, esses eram sinais de fraqueza. Ele tentava incitar o caos, sussurrava pensamentos de destruição e desdém, mas o lado humano de Beelzebub, aquele que sempre lutara para emergir, estava mais forte a cada dia.
Beelzebub se pegava conversando sozinho, perdido em discussões internas com Satanás, tentando afastar a voz demoníaca que se insurgia contra a escolha de amar alguém tão vulnerável. Era um combate constante, e Sophia, sem saber, era o centro dessa disputa silenciosa. Havia momentos em que ele a olhava e questionava se seria capaz de resistir para sempre. Se o amor que sentia por ela seria suficiente para manter Satanás à margem, ou se essa batalha interna acabaria consumindo ambos.
Três anos se passaram, mas para Beelzebub, era como se ele estivesse vivendo pela primeira vez. Ele ainda era o soberano do submundo, ainda era o Senhor das Moscas. No entanto, algo dentro dele havia mudado. Ele não era mais apenas um deus impassível, distante de tudo o que fosse humano. Agora, ele também era algo mais — ele era o homem que amava uma mortal, ou quase mortal.
Ele ainda lutava para compreender os sentimentos que a presença de Sophia despertava nele, algo que estava além de sua natureza, algo que ele nunca poderia aprender nas intermináveis eras que vivera. O amor humano, com suas contradições e fragilidades, era um conceito que Beelzebub nunca poderia entender completamente. Mas havia uma certeza em seu coração — ele sabia que a amava. E isso, por mais confuso que fosse, era o suficiente.
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Eco dos Pecados - Beelzebub +18
Fanfiction- Pensando em mim, talvez? - Ele a provocou, com um tom de brincadeira que fez seu coração disparar ainda mais. Ela hesitou, não queria dar o braço a torcer. - Você realmente tem uma alta opinião sobre si mesmo, não é? - Só o suficiente para saber...