Crush (Que tipo de pessoa é tão fofa quanto o mundo?)

Capítulo 29 - Água para lavar cabeças carecas

Então, acontece que o plano de nadar teve que ser adiado por enquanto, porque minhas pernas estão fracas. Depois de criticar honestamente a comida, me encontro sentada como um cachorrinho triste na frente dos pais da Yu, que acabaram de me convidar para o jantar. É uma situação indescritível—sentada à mesa de roupão de banho com um biquíni por baixo, sendo encarada de forma amarga pelo pai da Yu.

Ninguém sabe o que a Yu e eu somos uma para a outra ainda. Não consigo nem imaginar o que aconteceria se descobrissem.

Ser eu mesma não é fácil.

O tic-tac do relógio de parede na sala de jantar é irritantemente alto. Ninguém se mexe, porque a atmosfera está tão tensa. O pai da Yu, sentado na cabeceira da mesa, mexe o dedo indicador e limpa a garganta, acenando para a comida.

"Por que todo mundo está tão quieto? Vamos comer."

Ninguém responde, mas todos começam a se mover como se tivessem permissão para agir normalmente. Tentando agradar o pai da Yu, pego a concha para servir um pouco da sopa que eu havia criticado mais cedo, mas sou interrompida por uma tosse.

"Isso é uma boa ideia?"

"Hã?"

Todos olham para mim com simpatia, especialmente a Yu, que estende a mão para tocar minha coxa, sem saber como ajudar.

"Não está gostoso."

O comentário sarcástico me faz querer chorar, mas o que posso fazer? Se eu largar a colher abruptamente, seria como admitir que é verdade.

"Naquela hora, minhas papilas gustativas estavam um pouco alteradas. Agora voltaram ao normal, então pensei em tentar de novo para ter certeza."

"Não vai ser muito diferente."

O pai da Yu diz, inspecionando suas unhas e fazendo um biquinho como uma criança.

"Vai ter gosto de ter sido usado para lavar a cabeça careca de alguém."

Gulp...

"Mas você já bebeu isso? Como é o gosto? Me conta."

"Pai..."

A Yu rapidamente intervém para salvar a situação, mas seu pai a encara com desaprovação.

"Calada."

Certo, fui encurralada até aqui, então é melhor ir até o fim. O que ele perguntar, eu vou responder, porque parece que o pai da Yu não vai desistir tão fácil. Se eu desistir, vai ser humilhante demais para mim. Já fui ousada desde o começo, então devo levar até o final.

"É uma água imaginária. Descrever assim dá uma imagem mais clara... Imagine que o couro cabeludo está cheio de poros, e sem o cabelo cobrindo, o suor faz ele cheirar. Depois de um dia no sol, fica oleoso e moderadamente salgado."

"..."

"Quando a água respinga na cabeça, a gordura do couro cabeludo misturada com um pouco de suor dá um gosto salgado. A sua sopa tem essa sensação. É insossa e oleosa, com um gosto salgado de suor, como molho de peixe sem tempero. E sim..."

"..."

"Não está gostoso"

A Yu aperta minha coxa com força e respira fundo. Essa mulher nunca tem medo de nada e sempre enfrenta as coisas com um sorriso. Mas hoje, ela parece ter visto um fantasma, cheia de desespero e desesperança. É como se seu espírito estivesse saindo do corpo dela, e eu não sei se ela vai para o céu ou para o inferno.