Capítulo 39 - Deixarei você interessado

16 3 0
                                    


Sinto que minha mãe amoleceu um pouco, mas ainda assim não desistiria tão facilmente. Pedir que a outra parte se desculpe comigo parece mais uma desculpa para encontrar uma saída. Mal sabe ela, essa é uma tarefa complicada. O pai da Yu nem quis falar comigo quando liguei. Ele desligou, como se dissesse: "Não perca seu tempo." Como a ligação não funcionou, a única saída é um encontro cara a cara.

O grande portão se ergue à minha frente, parecendo testar minha coragem. Da última vez que estive aqui, fui a criança querida da casa. Mas, depois que a verdade veio à tona, me tornei a inimiga que roubou a princesa da família. Se eu entrar e acabar levando um tiro, não vou me surpreender.

"Não entre. Se meu pai jogar água em você, eu não vou aguentar. E, se eu queimar a casa para me vingar, vão me ver como uma filha terrível."

A garota, que parou de se agarrar à minha mãe, me seguiu por preocupação após saber do acordo que fiz. Mesmo sem contar, ela provavelmente adivinhou e acabou ficando grudada em mim em vez de em minha mãe.

"Pixie, você não deveria ter vindo."

"Eu precisava. Eu sei como meu pai é. Além disso... não aguentaria ver você se agarrando às pernas do meu pai como fiz com sua mãe. Só comigo você pode fazer isso."

"Você é doida."

Embora a situação seja tensa, a pequena pessoa ao meu lado não consegue evitar uma piada, tentando aliviar o clima. Admito que isso me fez trocar minha preocupação por uma mistura de riso e irritação.

"Vamos voltar para casa."

"Não, desde ontem, quando falei com minha mãe, decidi vir falar com seu pai. Mesmo que eu tenha que me agarrar às pernas dele, vou fazer isso."

"Mas eu não aguento!"

"E quando você se agarrou às pernas da minha mãe, você achou que eu aguentei?"

"Você aguentou porque foi fofo quando eu fiz. Mas, se for você, vai parecer patético, como uma mendiga. Não dá, eu não vou aguentar."

"Por que eu pareceria uma mendiga?"

"Bem, você é alta, como uma Preta[1] (espírito fantasmagórico e gigante da mitologia tailandesa)."

"Ei..."

Fico boquiaberta com a resposta de Yu, mas ela não se importa, puxando meu braço para me fazer recuar. Eu me apresso em tocar a campainha para que possam ver quem está no portão pela câmera, o que significa que agora não há como escapar.

"Por que você procura encrenca?"

Diz Yu.

Parece que alguém lá dentro viu pelo monitor quem estava tocando a campainha. O portão elétrico se abre, sinalizando que podemos entrar, o que considero uma recepção melhor do que esperava.

"Seu pai quem abriu o portão."

"Foi a empregada. Meu pai não perderia tempo olhando para a câmera. Eles abriram porque eu sou a filha do dono da casa."

"Bom, de qualquer forma, está aberto."

Dou um passo para dentro da casa, onde não estive há algum tempo. Tudo está igual, exceto pelo frio gelado que me aperta o coração. Estar do lado de fora já era tenso, mas estar dentro quase faz meu coração parar.

"Ainda podemos voltar atrás."

"Pare de me desencorajar. Se está com medo, volte primeiro."

Crush (Que tipo de pessoa é tão fofa quanto o mundo?)Onde histórias criam vida. Descubra agora