Muita das vezes, a vida nos proporciona surpresas, coisas que sequer pensávamos que poderia acontecer. Eu nunca imaginei que minha vida viraria assim de cabeça para baixo, Ravi, o nome que me trouxe os problemas dos últimos meses. Honestamente, sempre achei que era uma mulher focada o suficiente para não me afastar dos meus objetivos, mas ao que parece, estava errada.
— Deu treze e cinquenta. — Disse a moça do caixa enquanto minha atenção estava longe.
— Senhora? Treze e cinquenta. — Ela disse novamente e logo percebi, peguei o dinheiro do meu bolso e paguei enquanto pegava minha sacola.
Sai da loja após o troco, meus pensamentos me assolavam de uma hora para outra.
Ergui minha cabeça para atravessar a rua, e quando botei o pé na faixa, um carro passou acelerando e buzinando enquanto me xingava.
— Vadia maluca! A porra do sinal tá fechado! — Esbravejei de raiva enquanto sentia meu coração pulsar forte e doer, voltei para trás e aguardei o sinal ser liberado.
Tantas coisa e agora esses inconvenientes mal educados?
Toquei meus lábios sentindo eles secos, o tempo estava frio, era inverno, e meu corpo tremia enquanto as olheiras, o cabelo preto cacheado, e a falta de apetite tomavam conta de mim.
Quando o sinal finalmente foi liberado, eu atravessei e andei algumas ruas até minha casa, ao entrar no meu apartamento, fechei a janela olhando para o céu que vinha chuva.
Coloquei a sacola no balcão e peguei meu celular, lá estava no meu celular.
Eu novamente mexendo nas memórias relacionadas a Ravi, meus dedos se movimentavam sem parar por nossas fotos e vídeos juntos.
Nas fotos, eu não tinha olheiras, nem frizz, muito menos a boca ressecada, a cor pálida e as malditas unhas quebradiças.
Uma lagrima escorreu de meus olhos enquanto o trovão anunciava o som da chuva.
Mesmo me segurando muito, não resisti e fui até minha conta olhar sua rede social, lá estava ele, com ela.
A mulher na qual ele havia me trocada, os dois pareciam tão felizes, que isso fazia minha alma doer.
— Ahhh! — Esbravejei com um berro, e com todas minhas forças meu celular foi parar na parede, quando percebi, corri até ele.
— Droga, não, as fotos, os vídeos! — peguei meu celular vendo que havia alguns trincados na tela, mas ainda servia de algo. Segurei as lágrimas e deixei ele de lado enquanto fui até a janela.
Ravi não é o motivo de eu me sentir assim, ele é o estopim, pois já estava na amargura muito antes, mas, ele tinha a arma, e apontou para mim e atirou.
Sempre fui boa, apesar de que no passado era ruim, mas paguei por todo meu mal, então isso era terrivelmente injusto para mim. Eu sentia saudades dele, queria ele por perto, mas, o que fazer?
Meu celular tocou, quando peguei, atendi.
— Ayla, por um acaso você morreu? Cancelou todo nossos roles agora, e também some do celular?! Ai miga, assim não da. — Disse Julia enquanto bufava do outro lado da linha. Apesar de sermos amigas, nem por um caralho que vou dizer para ela minha atual situação, ela se preocuparia comigo, e ela sabe do Ravi.
— Julia, relaxa, eu estava fora, sabe como meu trabalho me ocupa. — Disse com a voz firme. Trabalho, ora essa, o único trabalho que eu tenho é de marketing, por mais que seja pouco, é o suficiente para sobreviver.
— Esse trabalho tá tirando minha amiga de mim, vou virar sua chefe e te tirar dai. Te liguei porque tenho um babado! Eu estava voltando da rua e vi o Ravi e a namorada dele! — Quando ela acabou de falar, meu estomago embrulhou, houve um silêncio por um tempo.
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As flores não florescerão
General FictionAngustiada e desanimada, Ayla Daylus vive reclusa em seu apartamento junto a sua gata Mari. Após seu término, sua vida se tornou sem sentido e mórbida, até que seu destino é tragicamente traçado através de um acidente.