026. The mix between past and present

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Haruki apertava a alça de sua zampakuto enquanto caminhava em direção ao portão principal da Soul Society. Seu coração batia firme, uma mistura de determinação e apreensão percorrendo cada fibra de seu ser. A missão era perigosa, ele sabia, mas recuar não era uma opção.

Ao se aproximar do portão, no entanto, uma figura familiar surgiu em seu caminho. A luz do sol incidia suavemente sobre os cabelos negros de Tine Kaori, que permanecia imóvel, de braços cruzados, com uma expressão séria que não combinava com sua habitual energia.

— Haruki, espere. — A voz dela carregava uma urgência incomum.

Ele parou, suspirando levemente antes de se virar para encará-la.
— Capitã Kaori... eu já disse que não há motivo para preocupação. Está tudo sob controle.

— Não está sob controle! — Tine deu um passo à frente, com os olhos fixos nos dele. Sua voz tremeu, mas não era de medo, e sim de algo mais profundo que ela mesma parecia não compreender. — Você não precisa ir. Não agora. Eu... Eu posso trocar você por outra pessoa. Rukia entenderia!

Haruki franziu o cenho. Ele não sabia se estava mais surpreso pela sugestão ou pela hesitação que raramente via em sua capitã com aquela personalidade.
— Isso não é possível. A ordem foi direta, e, além disso, não seria justo. Eu sou o tenente da 7ª Divisão. É meu dever.

— Não me venha com dever! — ela retrucou, com o tom subindo levemente. — Não é justo comigo...!

O que quer que ela estivesse prestes a dizer morreu em sua garganta. Tine respirou fundo, desviando o olhar por um breve momento antes de voltar a encará-lo. Seus punhos estavam cerrados, tremendo levemente.

— Haruki... eu não quero que você vá.

Ele ficou em silêncio por um momento, absorvendo as palavras. Apesar de sua atitude impulsiva e animada, ele nunca havia visto Tine tão vulnerável.
— Capitã... Tine. Eu entendo que está preocupada, mas é meu trabalho. Eu não posso simplesmente fugir disso.

— É mais do que trabalho! — Ela deu mais um passo em sua direção, e agora a distância entre os dois era quase inexistente. — Você não entende. Não é só uma missão. Não... não para mim.

Haruki ficou confuso, mas manteve o tom firme.
— Eu vou voltar, Capitã. Não importa o que aconteça.

Ela hesitou. Por um momento, pareceu que iria insistir mais, mas então seus ombros caíram levemente, como se estivesse desistindo. Quando ele começou a se afastar, ela sussurrou, quase inaudível:
— Volte vivo... Gutori.

Haruki parou. O nome ecoou em sua mente como uma batida que não pertencia à melodia. Ele se virou levemente, encarando-a com o canto dos olhos.
— O que você disse?

— Eu... — Tine piscou, como se ela mesma não soubesse o que tinha acabado de dizer. — Eu quis dizer Haruki. Volte vivo, Haruki.

O olhar dele permaneceu fixo nela por mais alguns segundos, tentando decifrar aquela estranha troca, mas optou por não prolongar a situação. Apenas assentiu e continuou seu caminho, deixando Tine para trás, sozinha.

De volta à sede da 7ª Divisão, Tine caminhava pelos corredores quase em transe. Suas botas ecoavam no piso de madeira, mas sua mente estava distante, perdida em um redemoinho de pensamentos que ela não conseguia organizar.

Por que eu o deixei ir?

Ela apertou as mãos contra as têmporas, como se quisesse expulsar a dúvida que a corroía. Sentou-se em sua cadeira no escritório, mas o conforto habitual parecia inexistente. A cada segundo, a imagem de Haruki se afastando preenchia sua mente.

Bleach: Veil On The Poison Onde histórias criam vida. Descubra agora