48 horas antes
-Aí!
Vejo o sangue escorrer pelo meu dedo, e coloco-o na água corrente da pia, me cortei fatiando frutas de novo, e ainda deixei a faca cair no chão, quem se importa?
Pego um pano e corto um pedaço dele com os dentes, e enrolo-o no dedo ferido. Depois coloco as frutas fatiadas em um pote.
Olho meu rosto sem vida no espelho, há tempos não consigo sentir nenhum sentimento.
A não ser raiva
Daquele
Homem
Sujo.Não tinha reparado que eu estava mais pálida e havia emagrecido, passo as mãos pelo meu cabelo ruivo vinho ralo e seco, meus olhos já não tem mais o brilho de antes, estão profundo e com olheiras escuras.
Por
Culpa
Daquele
Homem.Passo um pouco de água no rosto e me estico para ir colher os frutos no quintal.
Pego as maçãs do alto da árvore, e colho as cenouras da terra, nessa época do ano o solo está mais fértil, então tenho mais legumes e frutas do que no inverno, obrigado pelo alimento primavera.
Pego o último tomate e coloco na cesta.
—Evye, querida! Tem alguma maçã para me dar? Estou fazendo uma torta mas faltou apenas uma.
Ouço minha vizinha da casa ao lado gritar, chamando minha atenção.
Pego uma maçã da cesta e abro a pequena grade do quintal, entregando-a na mão de Alane.
—Obrigado querida!
Aceno com a cabeça, enquanto ela se vira e bate a porta, maldita mulher, vive me pedindo as coisas mas nunca está quando eu preciso.
Bufo e volto para o quintal, fechando a grade e pegando a cesta deixando-a no balcão da cozinha.
Subo as escadas, vou para o quarto e jogo minhas roupas na cama, abro a porta do banheiro e entro na banheira de água fria, sem ao menos me dar o trabalho de fechar a porta.
Relaxo na banheira, meu Deus como isso é bom, o único momento do dia em que eu consigo ter paz de verdade, a água consegue realmente me acalmar.
Sinto um toque no meu ombro.
Aquele.
Homem.Abro os olhos e vejo aquela criatura repugnante a minha frente, olhando meu corpo com um sorriso nojento.
Sinto vontade de vomitar.
Não, não, não por favor.
Empurro ele com todas as minhas forças, tentando tirar as mãos dele de mim, a água esguicha por todo o lado.
—Sentiu minha falta, Bonequinha?
Chuto ele com meu pé, mas ele o segura, puxando meu corpo para ele.
Mordo seu ombro, cravando meus dentes firmemente na sua pele, oque faz com que o homem cambaleie para trás.
Um brecha,é só isso que eu preciso para escapar. Quando ele deu um espaço entre meu corpo e o dele, dou um pulo da banheira e saio correndo, não quero olhar para trás.
—Vagabunda!
Ouço ele gritar raivoso atrás de mim, lágrimas salgadas escorrem nas minhas bochechas
-Me deixa em paz Callen!
Grito e desço as escadas cambaleando, corro para a cozinha.
—Te peguei!
Dou um grito do fundo da minha garganta, enquanto as lágrimas escorrem e caem na madeira frágil. Ele agarra minha cintura com força, e joga meu corpo nu no chão brutalmente.
Eu quero morrer, eu quero morrer. Sinto ele ficar em cima de mim.
—Socorro!!
Suja, usada, é oque eu sou, não aguento mais, não suporto, meu estômago embrulha e sinto minha visão turva.
Viro a cabeça e vejo a faca, a faca que eu usei para cortar as frutas. Estico minha mão.
A única chance, única.
Acabe com isso
Acabe com isso
Acabe com isso
Acabe com isso
Acabe com isso
Acabe com isso
Acabe com isso
Acabe com isso
Acabe.Com.EleSeguro a faca, e corto seu pomo de Adão ao meio, o sangue escorre, muito sangue.O cheiro me deixa angustiada.
O corpo de Callen caí ao meu lado, que imundo, horrível, maravilhoso. Vejo seu rosto ensanguentado, e seu olhar sem vida,
Igual ao meu, incrívelMinha visão turva, e eu desmaio.