Maria Alice precisa se mudar para Guarulhos, São Paulo, para viver perto de seu primo, Jotapê MC, um conhecido MC das batalhas de rima da região. No meio do cenário urbano, Jotapê a introduz em seu círculo de amigos, e o que começa como uma adaptaçã...
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- Ih, essa cabeçuda tá de volta? - Dopre perguntou.
- Não, é holograma - respondi ironicamente guardando o celular.
Vim hoje pra Batalha Da Aldeia, confesso que eu estava morrendo de saudades de vir pra São Paulo.
Fazia um tempo que eu não aparecia aqui, e não só o cenário, mas as pessoas também mudaram. O clima era de sempre, aquele mix de adrenalina, vozes animadas e o som das caixas de som ajustadas para explodir com cada rima. Por mais que a Batalha da Aldeia fosse um mundo à parte, sempre foi como casa pra mim. Talvez porque aqui tudo se conecta - o improviso, a energia, as histórias.
Quando o Jota chegou com aquele jeitão dele, sorriso largo e cheio de presença, não deu pra não rir. Ele se aproximou me abraçando com força.
- Até que enfim, hein, prima?
- Calma, Jota. Nem demorei tanto pra chegar
De canto de olho, percebi Apollo se aproximando. Ele era impossível de ignorar, e o sorriso dele quando me viu me deixou um pouco desconcertada.
- Mali, né? Já ouvi falar de você - ele disse, me olhando de um jeito que parecia querer decifrar minha alma.
- Espero que só coisa boa - retruquei, firme, mas sentindo as bochechas queimarem.
Jota me olhou com aquele olhar de "fica de olho", mas preferiu não falar nada. O clima tava ficando interessante.,
- Faz o que da vida, Mali?! Rima? - Apollo perguntou.
- Rimar? Eu? - ri enquanto ajeitava minha mochila. - Nem se quisessem me pagar. Minha praia é outra.
- O quê, então? Dentista? - Dopre debochou, como se tivesse tirado a ideia do ar.
- Exatamente. Faculdade de Odontologia, terceiro período, e nada de me meter no palco - respondi, olhando firme. - Eu cuido de sorrisos, não de batalhas.
- Tá explicado porque o Apollo já tá sorrindo mais do que devia - ele provocou, rindo alto.
Olhei para Apollo, que apenas deu de ombros, com aquele sorriso despreocupado, mas carregado de algo a mais.
- Não se mete, Dopre. Vai treinar umas rimas pra não passar vergonha mais tarde - falei, cortando o assunto e me afastando.
O barulho ao meu redor crescia. A galera começava a se juntar, ansiosa pelo início da batalha. Apesar de não estar aqui pra competir, eu amava assistir. E, sinceramente, era bom ver meu primo Jota no comando de tudo. Ele tinha o dom, algo que sempre admirei.
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