como o destino planejou

Capítulo 12

(N/T): capítulo não revisado

Harry se sentiu abalado por meses, seus movimentos levemente doloridos e sua postura rígida. Ele sentiu como se estivesse sendo esticado, alongado de uma forma que ele não conseguia conceituar completamente; era como se ele tivesse um osso extra em cada dedo, ou algumas fileiras extras de costelas. Suas gengivas estavam doendo por semanas, como se ele estivesse crescendo outro conjunto de dentes para substituir os atuais. A pior coisa, porém, era uma mudança que o fazia acordar cedo na maioria das manhãs para observar seu reflexo. Ele frequentemente se pegava acordando ao amanhecer ou mais cedo com a sensação de fogo atrás de seus olhos. Ele então ia ao banheiro e olhava, sem piscar, para os espelhos ali, como se fossem portais para o Nirvana. Ele fazia tudo isso inconscientemente, e às vezes nem percebia que tinha se levantado até horas depois, quando sua mente finalmente acordava com seu corpo.

No escuro de um banheiro mal iluminado, Harry observava seus olhos, hipnotizado, enquanto algo bem no fundo de seu crânio brilhava com calor. Isso nem sempre acontecia, e às vezes ele acordava normalmente, mas quando via, era sempre forçado a lembrar da sensação de sangue fervendo atrás de seus olhos. Ele não conseguia desviar o olhar, fascinado demais — ou horrorizado — pelo brilho sobrenatural e o que ele significava. Ele havia mudado irrevogavelmente de alguma forma, e não havia como ele culpar ninguém além de si mesmo.

Harry foi para suas aulas.

Seus professores distribuíam trabalhos com tamanha ferocidade que ele pensou que eles deviam acreditar que os alunos morreriam se não tivessem pelo menos três redações para entregar todas as noites. Pela primeira vez, Harry ficou grato pela distração. Ele mergulhou de cabeça em seu trabalho, tomando cuidado extra para aprender tudo o que gostava sobre os tópicos atribuídos a ele antes de escolher os principais detalhes e, geralmente, o que um calouro pode decidir que é mais importante e escrever sobre isso. Era uma espécie de jogo para ele — descobrir o que seria muito complexo e o que pareceria muito infantil. No mínimo, isso o distraía das vezes em que ele acordava já no banheiro, seus olhos brilhando intensamente e os dedos cerrados com tanta força na borda da pia que suas unhas doíam com o atrito. Isso o distraía da sensação de seus olhos e cabeça queimando com calor que parecia aquecer seu crânio e nada mais.

Ele tentou não notar que suas mãos estavam particularmente frias ultimamente, tentando ignorar isso como um efeito colateral da mudança no clima conforme as estações se transformavam rapidamente em outono.

Tom estava mais ausente do que o normal. Um fato que só aumentou os nervos cada vez maiores de Harry. A única coisa que parecia aliviar um pouco sua mente das preocupações constantes era, estranhamente, Draco. O herdeiro Malfoy pareceu notar seu comportamento nervoso quase imediatamente e assumiu a responsabilidade de tagarelar no ouvido de Harry quase constantemente. Isso ajudou, de alguma forma, e Harry se viu silenciosamente grato pelas ações do garoto. Devido à conversa constante, porém, ele também se tornou muito mais a par dos tiques e hábitos pessoais de Draco. Com isso, ele finalmente conseguiu perceber o que Thasin quis dizer ao chamá-lo de "menino-pássaro". Draco se movia em movimentos rápidos e agitados, com sua cabeça girando de uma forma que lembrava muito um pássaro. Seu pescoço parecia estar constantemente girando, movendo-se como se tentasse ver cada pequena coisa ao seu redor ao mesmo tempo. Sua risada também estava oscilando na borda de gorjeios, e ele frequentemente soltava gritos como guinchos quando surpreendido ou pego de surpresa. Não ajudava que seu rosto pontudo o fizesse parecer ainda mais com um pássaro, embora sua gordura de bebê suavizasse um pouco suas bochechas.

Era sutil. Quase imperceptível de uma forma que só alguém que estivesse encarando o loiro por horas a fio seria capaz de perceber. Harry se perguntou distantemente se Draco também tinha algum sangue de criatura nele; se tivesse, então o outro garoto certamente estava se divertindo muito mais com isso do que ele.