Capítulo 2: Asas Para a Liberdade

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Algumas semanas se passaram desde que Misty, agora determinada e mais confiante do que nunca, convenceu seus editores a embarcar na jornada ousada rumo a Seul. O plano estava em pleno andamento. Entre o trabalho frenético para organizar as entrevistas e o cronograma da viagem, Misty mal conseguia conter a excitação. Cada noite era uma mistura de ansiedade e expectativa, enquanto ela imaginava as luzes brilhantes de Seul, os sons vibrantes dos shows e as histórias que estavam prestes a se desenrolar.

Ela tinha mergulhado de cabeça no planejamento da viagem. A apresentação para os editores não só a trouxe à tona como jornalista, mas também reacendeu a paixão que ela sempre teve pela música coreana. Desde jovem, ela era fascinada pela cultura vibrante da Coreia do Sul e, nos últimos anos, o K-pop havia se tornado uma verdadeira trilha sonora para seus dias. Agora, ela teria a chance de vivenciar tudo de perto, como nunca antes.

Seul era o destino, e Misty se preparava meticulosamente para a viagem. A revista finalmente havia aprovado o orçamento, e ela já havia agendado entrevistas com produtores, dançarinos e até fãs internacionais que estariam na cidade para o tão aguardado show do BTS. Era a chance perfeita de unir sua paixão pela música com seu talento jornalístico.

— "Você tá mesmo indo pra Coreia?!" Natália exclamou, enquanto tomavam um café em um bistrô no bairro Funcionários. "Não acredito que você conseguiu! Eu disse que isso ia mudar sua vida, não disse?"

Misty sorriu, mexendo no café.

— "Você disse. E, pra ser sincera, ainda estou tentando processar tudo. Sabe, é meio surreal. Um mês atrás, eu estava lidando com as mesmas frustrações, tentando ignorar o Leonardo, e agora... agora estou prestes a ir para a outra ponta do mundo."

Natália riu.

— "É isso aí! A vida vira do avesso quando menos esperamos. Mas me diz uma coisa, você tá pronta pra isso? Tipo... emocionalmente?"

Essa pergunta pegou Misty de surpresa. Natália conhecia cada detalhe da sua vida, e, por mais que ela estivesse entusiasmada com a viagem, havia uma parte de si que ainda estava pesando — sua vida em Belo Horizonte, sua família, e o que deixaria para trás.

— "Eu não sei, Nati," ela admitiu, olhando para o horizonte através da janela. "Acho que nunca estamos realmente prontos. Mas sinto que preciso disso. Preciso me afastar de tudo... de BH, do Leonardo, dessa rotina que tem me sufocado."

— "Talvez seja a chance de deixar isso tudo pra trás de vez," Natália comentou, colocando a mão no ombro da amiga. "Você sempre foi forte, Misty. Vai tirar isso de letra."

Com isso, Misty começou a se sentir mais leve. Natália estava certa. Ela havia superado coisas piores. E, apesar dos fantasmas do passado ainda rondarem de vez em quando, a viagem para Seul era mais que uma oportunidade profissional; era uma chance de recomeço.

O Dia da Partida

O dia da viagem chegou mais rápido do que Misty imaginava. O apartamento, que antes parecia uma zona de conforto, agora estava cheio de malas e documentos espalhados por todo lado. Ela havia se despedido dos pais e irmãos no dia anterior, durante um almoço cheio de carinho e promessas de enviar fotos e notícias assim que chegasse. Pedro, seu irmão mais novo, estava ansioso por ela, enquanto Maria Clara, como sempre, tentava dar conselhos práticos, preocupada com os detalhes da longa viagem.

Sua mãe, com os olhos marejados, deu o último abraço apertado na filha.

— "Cuida de você, viu? E aproveita essa experiência ao máximo. Estou orgulhosa de você," disse ela, segurando as mãos de Misty por um momento mais longo.

A despedida deixou o coração de Misty apertado, mas, ao mesmo tempo, sentiu uma liberdade que há tempos não experimentava. Naquele dia, ela se sentia pronta para algo novo, algo grandioso.

Ao chegar ao aeroporto de Confins, Misty foi dominada por um misto de ansiedade e entusiasmo. A fila do check-in, as vozes ao redor, os anúncios dos voos — tudo parecia se misturar em uma sinfonia caótica. Ela observava os outros passageiros e se perguntava se alguém ali sentia o mesmo frio na barriga que ela.

Enquanto esperava para embarcar, seu celular vibrou. Era Leonardo.

— "Eu só queria desejar boa viagem... Sei que a gente não tem se falado, mas... queria que soubesse que ainda penso em você."

Misty franziu o cenho. A mensagem a fez lembrar da dor que ela vinha tentando apagar. Mas agora, algo dentro dela parecia mais forte, mais decidido. Sem hesitar, ela apagou a mensagem e bloqueou o número.

— "É hora de seguir em frente de verdade," murmurou para si mesma.

Pouco depois, seu voo foi chamado. Misty se levantou, pegou sua bagagem de mão e caminhou em direção ao portão de embarque. O coração acelerado, o sorriso no rosto e a sensação de que sua vida estava prestes a mudar para sempre.

Enquanto o avião decolava e Belo Horizonte se tornava apenas um amontoado de luzes distantes abaixo dela, Misty fechou os olhos e se permitiu sonhar. Seul era o futuro — e o futuro parecia promissor.

Chegada a Seul

Após longas horas de voo e escalas intermináveis, Misty finalmente pisou em solo coreano. O Aeroporto Internacional de Incheon era impressionante, cheio de tecnologia, luzes e uma organização quase impecável. Tudo ali parecia funcionar perfeitamente, e Misty sentiu um arrepio de antecipação ao sair do portão de desembarque.

Ela puxou sua mala com firmeza, respirando fundo o ar fresco e diferente daquela nova terra. Tudo era desconhecido, novo, e ela mal podia esperar para explorar cada canto.

Um motorista, contratado pela revista, já a esperava com um cartaz onde lia-se seu nome. Ele a cumprimentou com uma educação formal, ajudando-a com as malas. No caminho para o hotel, as ruas de Seul passavam pela janela, iluminadas por letreiros de neon e pessoas apressadas nas calçadas. Era uma cidade vibrante, viva, com uma energia que a contagiava.

Quando finalmente chegou ao hotel, no coração de Gangnam, Misty desabou na cama, exausta, mas eufórica. O primeiro dia em Seul seria dedicado a ajustar-se ao fuso horário e explorar os arredores antes de mergulhar de cabeça no trabalho. Mas, naquele momento, tudo o que ela queria era fechar os olhos e dormir.

Antes de apagar as luzes, no entanto, ela recebeu uma mensagem de Natália:

— "Chegou bem? Já senti sua falta aqui! Aproveita aí e me conta tudo depois! ❤️"

Misty sorriu e respondeu:

— "Cheguei! E aqui é incrível. A aventura está só começando!"

Fechou os olhos, e pela primeira vez em muito tempo, sentiu-se em paz.

ENTRE DOIS AMORESOnde histórias criam vida. Descubra agora