ENTRE DOIS AMORES

Capítulo 7: Tensão no Ar

Misty ainda sentia os lábios formigando enquanto se afastava de Jimin naquela noite. O beijo tinha sido breve, mas intenso o suficiente para deixar seus pensamentos em turbilhão. Com o coração disparado e uma mistura de emoções tomando conta, ela respirou fundo e disse, tentando soar calma:

— Acho que é melhor você me levar de volta ao hotel... já está tarde.

Jimin a olhou por alguns segundos, os olhos escuros brilhando sob a luz suave da rua. Ele parecia hesitar, como se também não quisesse que a noite acabasse ali. No entanto, ele sorriu, cúmplice, e assentiu.

— Claro, vou te levar. — Sua voz era baixa, quase um sussurro, mas cheia de um carinho que fez o estômago de Misty revirar.

Eles caminharam lado a lado até o carro de Jimin, uma máquina elegante e discreta, que combinava com a personalidade dele. Ele abriu a porta para ela, e, por um breve momento, seus olhos se encontraram de novo, fazendo com que o ar parecesse mais denso ao redor deles. Misty entrou no carro, e logo estavam na estrada, o silêncio preenchido pelo som suave do motor.

No início, ambos permaneceram em silêncio, como se processassem o que havia acontecido. O som da respiração de Jimin, suave e constante, misturava-se ao leve zumbido da cidade noturna. As luzes passavam rápido pelas janelas, mas nada parecia realmente tirar a tensão do ar.

Finalmente, foi Jimin quem quebrou o silêncio.

— Você está bem? — ele perguntou, a voz gentil. Ele desviou o olhar da estrada por um segundo, lançando a ela um olhar cuidadoso.

Misty sorriu, embora estivesse um pouco nervosa.

— Sim, estou. Só... pensando, eu acho. — Ela riu baixinho, mais para si mesma do que para ele. — Foi um longo dia.

Jimin riu junto, um som suave, quase como uma melodia.

— Isso eu posso imaginar. Mas, se eu puder ser honesto... — Ele hesitou um segundo antes de continuar. — Eu não consegui parar de pensar no que aconteceu.

Misty o encarou por um momento, as palavras dele ecoando em sua mente. Havia algo na sinceridade dele que fazia tudo parecer mais real, mais tangível. Ela mordeu o lábio, tentando organizar os próprios pensamentos.

— Eu também não... — admitiu, um pouco mais baixo do que pretendia. — Foi inesperado.

Jimin virou ligeiramente a cabeça na direção dela, um sorriso genuíno brincando em seus lábios.

— Às vezes, as melhores coisas são as inesperadas.

Ela o olhou com o canto dos olhos, sentindo o calor subir em suas bochechas, sem saber exatamente como responder a isso. Por mais que quisesse disfarçar, havia algo no jeito como ele a olhava que a fazia sentir-se vulnerável e ao mesmo tempo confortável.

Quando chegaram ao hotel, ele estacionou o carro e, antes de ela sair, Jimin inclinou-se um pouco, apoiando o braço no volante, e a olhou diretamente nos olhos, com uma suavidade que fez o coração de Misty disparar de novo.

— Espero que essa não seja a última vez que te vejo antes de você ir embora — disse ele, com uma calma aparente, embora houvesse um certo receio em seu tom.

Misty sorriu, sentindo-se dividida entre a lógica de manter as coisas profissionais e a emoção pulsante que Jimin despertava nela.

— Acho que podemos fazer algo para evitar isso, não é?

Ele riu, abaixando levemente a cabeça.

— Sim, acho que sim.

Com isso, ela saiu do carro, a noite fresca de Seul a abraçando, mas o calor do olhar de Jimin ainda parecia envolvê-la. Enquanto caminhava para o hotel, ela sentiu a tensão no ar, como se houvesse algo inacabado entre eles. Ao entrar no saguão, olhou para trás apenas para vê-lo ainda ali, no carro, olhando-a ir embora. Ela acenou de leve, e ele retribuiu com um sorriso que carregava promessas silenciosas de mais momentos como aquele.