𝐇𝐀𝐔𝐍𝐓𝐄𝐃 ✟ Prestes a confessar seus votos, Adeline está a um passo de se tornar uma freira. O que parecia ser a promessa de uma nova vida, se torna um pesadelo quando ela se vê atormentada por visões e sonhos sombrios de seu novo padre.
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A luz do fim de tarde atravessava as janelas amplas da lanchonete, tingindo de dourado as mesas de madeira polida. O aroma familiar de café fresco e frituras pairava no ar, enquanto o murmúrio suave de conversas criava uma atmosfera acolhedora. Adeline sentia-se um pouco fora do lugar, mas tentava não demonstrar.
Sentada ao lado de Megan, observava o movimento ao seu redor. As batatas fritas e o hambúrguer à sua frente permaneciam intocados. A viagem até ali foi silenciosa para ela, mas cheia de trocas animadas entre Megan e o padre Charlie.
Megan, como sempre, parecia confortável ao lado dele, discutindo planos e ideias para o jornal católico do convento, enquanto Adeline ainda estava processando o convite repentino de Megan para acompanhá-los.
── Está tudo bem, Adeline? ── Megan perguntou, lançando-lhe um olhar gentil.
Adeline se acomodou melhor no assento, intercalando seu olhar entre Charlie e Megan.
── Sim, irmã. Só estou tentando entender melhor como funciona esse jornal. ── Respondeu, oferecendo um sorriso.
Megan sorriu gentilmente.
── É simples! Reunimos artigos sobre a vida no convento, eventos da comunidade, reflexões espirituais... E, ultimamente, algumas investigações sobre o que está acontecendo na cidade. ── Megan lançou um olhar significativo a Charlie, que acenou com a cabeça.
Investigações? Adeline franziu a testa, confusa.
── Fascinante, como sempre, irmã Megan. ── Charlie pegou o bloco de folhas que Megan colocou sobre a mesa, os dedos deslizando pela borda com uma calma quase calculada. Ele estudava os textos como se analisasse cada palavra.
Adeline sentiu-se pequena, como uma criança em uma conversa entre adultos. Era a primeira vez que ouvia falar desse jornal, e ela observava a interação em silêncio, as mãos cruzadas sobre o colo. Charlie parecia completamente alheio à sua presença, absorto nas folhas dos artigos.
── Que tipo de investigações? ── Adeline questionou, curiosa, a sobrancelha levemente arqueada.
Megan franziu o cenho por um instante, mas logo adotou um tom paciente.
── Me desculpe, Adeline. Eu me esqueci por um instante que você estava por fora. ── Megan pigarreou, se ajeitando no lugar. ── São investigações de assassinatos que andam acontecendo pela cidade. Algo terrível.
O ar ao redor da mesa pareceu mudar. Adeline franziu a testa, sentindo o coração acelerar.
── Assassinatos? ── A palavra escapou antes que pudesse se conter.
Os olhos de Megan e Charlie voltaram-se para ela, mas foi Charlie quem quebrou o silêncio, um pequeno sorriso surgindo no canto de seus lábios.
