Capítulo 2 - Perguntas

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Neste momento, mais de trinta passageiros se seguravam nas bordas do barco, tentando manter os corpos fora da água. Alguns usavam coletes salva-vidas, enquanto as crianças e os idosos haviam sido colocados no teto do barco, que agora estava quase no mesmo nível da água. Havia realmente um recife traiçoeiro, como o tio havia mencionado, mas ninguém parecia reconhecer seu alerta como um mérito. Em vez disso, todos estavam ocupados reverenciando as entidades sagradas, como a Deusa Guanyin, que estava de frente para eles, com uma das mãos em um gesto de bênção e a outra segurando um jarro de água sagrada em uma ilha próxima.

"Deve ter sido o poder da Deusa que nos salvou e nos protegeu!"

Uma senhora falou com lágrimas escorrendo pelo rosto. Sobreviver a um naufrágio no mar não era algo fácil, podia até ser chamado de milagre. Ao ouvir isso, não consegui evitar murmurar baixinho:

"Então por que ela não consertou o barco furado desde o começo?"

"Shhh!"

Kewalin, que estava agarrada ao barco ao meu lado, fez um som de reprovação ao me ouvir claramente.

"Não critique a crença dos outros."

"Você acredita mesmo que sobrevivemos por causa da Deusa?"

"Acho que pode ter ajudado."

Disse a garota perfumada, cujo cheiro suave de flor de cerejeira ainda pairava no ar.

"Mas, na verdade, eu sobrevivi por causa de você."

Quando ouvi isso, não consegui evitar sorrir. Esqueci minha irritação com a senhora que chorava agradecendo à Deusa Guanyin. Para não demonstrar tanto o que estava sentindo, peguei uma laranja que flutuava na água e a entreguei para Kewalin.

"Tome, coma isso para ter forças para nadar."

"Por que você me chama de Kew?"

Eu me surpreendi por um momento e depois ri, como se estivesse me justificando.

"Gosto do nome Kew, parece mais estrangeiro. Já tem muita gente chamada Lin. Além disso... Eu quero te chamar assim. Assim, você vai lembrar que só existe uma pessoa no mundo que te chama desse jeito."

A garota perfumada desviou o olhar, como se estivesse envergonhada. Eu, que já tinha o hábito de flertar, pigarreei um pouco e fiz uma voz animada ao avistar um barco de pesca se aproximando.

"Olha, um barco está vindo nos ajudar!"

Kewalin virou-se novamente, exibindo um sorriso radiante de alegria que eu nunca tinha visto antes. Isso fez meu coração disparar em um misto de surpresa e encantamento.

"É verdade, estamos salvos! ... O que foi, An?"

"Hã... quê?"

"Por que está com essa cara estranha?"

"Ah... nada, só estou feliz!"

A garota perfumada estreitou os olhos, inclinando a cabeça como se desconfiasse de mim. O jeito como seu rosto começava a demonstrar uma familiaridade tão acolhedora me fez sentir bem, como se já fôssemos amigas.

"Está feliz, mas faz essa cara de espanto? Mas, sabe... pessoas bonitas fazem qualquer coisa parecer boa, até mesmo fazendo essa cara."

"Está dizendo que eu sou bonita?"

"Sorria."

"Você também é linda, Kew."

"O quê é isso?"

4P (Amor... o mundo é pequeno.)Onde histórias criam vida. Descubra agora